Soja: Pressionado pelos números dos EUA, mercado fecha em queda
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a recuar na sessão regular e fecharam o dia em queda. O mercado recuou pelo terceiro dia consecutivo e as posições mais negociadas perderam mais de 12 pontos. Já o contrato agosto/14, que vence já no próximo dia 15, teve um recuo mais acentuado - de 25,50 pontos - com os traders deixando parte de suas posições nesse vencimento.
A pressão sobre os preços vêm das expectativas ainda bastante fortes para a nova safra dos EUA, além das previsões de clima ainda bastante favoráveis para as principais regiões produtoras norte-americanas.
Ontem, em seu relatório mensal de oferta e demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aumentou sua estimativa para a colheita do país de 103,42 milhões para 103,85 milhões de toneladas. A produtividade também foi revisada para cima e passou a 51,47 sacas por hectare, contra 51,25 estimadas no boletim anterior.
Reforçando esse quadro, segundo informações da consultoria internacional à agência de notícias Bloomberg, "as previsões se mostram muito propícias ao desenvolvimento e à produtividade tanto da soja quanto do milho. Não vemos um grande interesse de compras (principalmente por parte dos fundos especulativos) nesse momento porque as expectativas para o rendimento dos campos americanos aumentaram depois dos números de ontem".
Além das previsões favoráveis para o clima no Corn Belt e da boa classificação das lavouras - com 70% dos campos de soja em boas ou excelentes condições - o USDA informou ainda que o índice de umidade adequada aumentou na maior parte dos principais estados produtores norte-americanos. Em Illinois, por exemplo, o número é de 76 pontos contra 70 da semana anterior; em Iowa subiu de 70 para 71; e no Missouri foi registrado um expressivo crescimento de 47 para 65 pontos.
Ainda sobre os números do USDA, a pouca ou quase nenhuma alteração nos números da demanda - tanto da safra nova quanto da safra velha - acabou surpreendendo o mercado, que aguardava, ao menos, uma revisão das exportações da soja em grão da temporada 2013/14. As vendas passaram de 44,09 milhões para 44,67 milhões de toneladas, enquanto os embarques norte-americanos já se aproximam desse número e o ano comercial só se encerra em 31 de agosto.
"É bem previsível que o mercado entenda o momento com um oferta bem recomposta, não só nos Estados Unidos, como no âmbito global também. Os estoques mundiais da safra atual com a safra futura registram a ordem de 20% de crescimento, e o mercado já havia entendido que essa oferta global seria 29% maior. Como isso não aconteceu, é possível que essa demanda esteja não nos Estados Unidos, mas em outros locais", acredita o analista de mercado da Novo Rumo Corretora, Mário Mariano.
Preços recuam no mercado interno
No Brasil, os preços seguiram o recuo na Bolsa de Chicago e também recuaram nas principais praças de comercialização, bem como nos portos brasileiros. Dessa forma, o ritmo da comercialização, principalmente do produto disponível, continua lento e com poucos negócios sendo efetivados.
Em Tangará da Serra, em Mato Grosso, a saca de soja caiu 1,77% e fechou o dia a R$ 55,50; em Jataí, Goiás, a baixa foi de 0,71%, com a saca valendo R$ 53,37. No Porto de Paranaguá, o valor da soja disponível ficou estável em R$ 66,50, enquanto o produto da safra nova caiu 0,83% e terminou o dia valendo R$ 60,00. Em Rio Grande, a queda da soja 13/14 foi de 1,04% e a cotação fechou a quarta-feira com R$ 66,30/saca, enquanto o mercado da soja da safra nova ficou em R$ 60,30, com queda de 0,99%.
O que limita o potencial de queda nos preços da soja no mercado brasileiro, no entanto, é a recente valorização do dólar, que fechou com alta de 0,18% a R$ 2,28, e os bons prêmios pagos nos portos brasileiros. Em Paranaguá, a soja com entrega em setembro conta com um prêmio de US$ 2,60 sobre o valor praticado em Chicago e, para os vencimentos mais distantes, esse valor é de R$ 0,50 acima da CBOT, quando, em anos anteriores, para esse mesmo período, os prêmios eram negativos.
Outro fator que exige a atenção dos produtores brasileiros é a demanda por parte da indústria, que segue aquecida e deve travar uma disputa com as exportações de forma mais acentuada daqui em diante.