Soja fecha em campo misto na CBOT nesta 4ª feira e falta de direção chega ao Brasil

Publicado em 29/07/2015 17:42

Nesta quarta-feira (29), depois de uma sessão de volatilidade, as cotações da soja fecharam o dia em campo misto na Bolsa de Chicago. Enquanto os primeiros vencimentos terminaram os negócios com altas de 8,25 e 3 pontos - para o agosto e setembro/15, respectivamente - os demais encerraram próximos da estabilidade, com baixas de pouco mais de 1 ponto. Ao longo do dia, porém, as posições mais negociadas chegaram a registrar altas significativas. 

O mercado internacional vem registrando ainda uma significativa influência do mercado financeiro e atua também diantes das incertezas sobre a safra dos Estados Unidos - que já sofreu com severas adversidades climáticas -, além das constantemente atualizadas previsões climáticas para o Meio-Oeste americano. 

Para Ênio Fernandes, consultor em agronegócios, esse é um movimento "extremamente normal" do mercado nesse momento, que caminha para o final do mercado climático. "E vai aumentar muito essa volatilidade até o dia 12 de agosto, que é quando o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo boletim mensal de oferta e demanda. Esse deverá ser um dos dias mais nervosos do mercado e, em minha opinião, será o mais importante do ano", diz. 

As expectativas dos traders são sobre se o departamento agrícola norte-americano trará, nesse próximo relatório, os impactos dos problemas causados pelo excesso de chuvas que a produção dos EUA passou no início do ciclo 2015/16, durante quase todo o plantio. Em seus boletins semanais de acompanhamento de safras, o USDA vem mantendo em 62% o índice das plantações da oleaginosa em boas ou excelentes condições, mesmo diante das recentes melhoras climáticas observadas no Corn Belt. 

"Será muito difícil os produtores dos EUA conseguirem os 46 bushels por acre (52,17 sacas/hectare), acredita o consultor. 

Mercado Financeiro

Nesta quarta-feira, como explicou o analista de mercado Mário Mariano, da Novo Rumo Corretora, o mercado financeiro apresentou um dia menos turbulento, parecendo absorver os últimos acontecimentos e trabalhando bem com as expectativas de decisões que vem pela frente. Assim, a aversão ao risco foi reduzida e os fundos de investimentos - que seguem ajustando suas posições - e voltaram a comprar commodities agrícolas. 

"Ao contrário do que foi observado nos últimos dias, os fundos voltaram a fazer compras de commodities agrícolas e vendas de alguns produtos como o dólar, por exemplo, que fora o porto seguro dessas arbitragens", disse Mariano. "O pânico verificado dos últimos três ou quatro pregões de ações na Bolsa de Xangai mostrou que os fundos começaram a comprar dólares e vender commodities agrícolas na percepção de que o grau de entendimento do que seria a ação do governo chinês para recuperar, parcialmente, a economia, traria uma desconfiança de que a demanda por grãos poderia ser reduzida. Mais recentemente, vimos um movimento contrário", completou. 

Mercado Interno

Na formação dos preços da soja nos portos, os negócios não apresentaram uma direção comum por conta da volatilidade dos preços em Chicago e do recuo do dólar após sessões consecutivas de ganho, com uma alta acumulada de mais de 6%. A divisa perdeu 1,18% frente ao real nesta quarta-feira e fechou o dia valendo R$ 3,3293. No pregão anterior, a máxima foi de R$ 3,4353, a máxima em 12 anos. 

"O movimento hoje foi de correção. O mercado viu que talvez tenha subido muito deste a mudança das metas (fiscais) e, por isso, corrigiu hoje, com a ajuda do cenário externo mais tranquilo também", resumiu o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto à Reuters sobre o andamento da taxa cambial.

Assim, a soja disponível, no porto de Paranaguá, caiu 1,05% para R$ 75,20 por saca, enquanto a futura subiu 1,21% para terminar cotada no mesmo valor. No terminal de Rio Grande, queda de 0,78% para a soja disponível para R$ 76,10 e de 1,43% para a futura, que encerrou os negócios em R$ 76,00/saca. 

Ainda de acordo com Ênio Fernandes, o momento é de cautela e espera para o produtor brasileiro na hora da comercialização da nova safra, afinal, as vendas das últimas semanas foram fortes e as boas oportunidades, aproveitadas. "Ele já se protegeu de alguma surpresa e pode esperar melhores momentos", disse. 

Outro diferencial que poderá beneficiar a formação dos preços no Brasil é a melhora dos prêmios de exportação nos portos do país. 

"Houve uma melhora no porto de Paranaguá para embarques nos meses de março, abril e maio e já deu um pulo para 22/23 centavos (de dólar sobre os preços praticados em Chicago). O que eu quero dizer é que, com isso, é possível que se reestabeleça uma melhora para os preços depois dessas baixas em Chicago por conta das melhoras nos prêmios para exportação, o que pode trazer um benefício ao produtor mais no médio prazo, durante o mês de agosto", explica Mário Mariano.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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