Soja fecha a semana com baixas na CBOT e nos portos; mas preços sobem no interior do Brasil

Publicado em 02/10/2015 17:26

Em uma semana marcada pela boa evolução da colheita nos Estados Unidos, por boas notícias da demanda e pela intensa volatilidade e instabilidade do dólar, os dias terminaram com baixas de mais de 1% entre os principais vencimentos da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago, preços em alta ou estáveis no interior do país e recuando nos portos do Brasil em quase todas as posições. 

Ainda assim, os negócios no mercado interno registraram alguns dias de boa comercialização, com o sojicultor atento às oportunidades de venda que foram trazidas por picos de ganhos do dólar e de alguns rápidos rallies observados na CBOT. Setembro terminou, portanto, com um saldo bastante significativo nas vendas com o que ainda resta da safra velha e com as negociações da safra 2015/16. 

Ainda assim, as operações eram pontuais e variaram de acordo com as condições - principalmente dos custos de produção - dos produtores de cada um dos principais estados. Em alguns deles, os preços no mercado interno eram ainda melhores do que os resultados de exportações. 

"Para o produtor de Mato Grosso, que vai vender sua soja em dólares (já que a maior parte dos custos está fechada nessa moeda), o preço ainda vai ter que subir mais. No entanto, não vejo grande oscilações em Chicago, assim, vamos ter que ver o prêmio subindo (para atrair o vendedor)", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest. 

Nas principais praças do interior, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas juntos aos sindicatos rurais e cooperativas, as altas variaram entre 0,62% e 2,50% e apenas Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em MT, fecharm abaixo dos R$ 70,00 por saca. Em alguns locais como em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, e em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, o preço subiu para R$ 82,00.  

Nos portos, baixas de 0,36% a 2,26% na semana. Em Rio Grande, o valor da soja disponível caiu de R$ 84,30 para R$ 84,00, enquanto em Paranaguá foi a R$ 83,00 por saca. Já o produto da safra nova subiu 1,22% no terminal paranaense para também fechar com R$ 83,00, enquanto caiu para R$ 82,10 no terminal gaúcho. 

Entre janeiro e setembro, o Brasil exportou 49,5 milhões de toneladas, de acordo com os números trazidos pela Secretaria do Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O volume já supera as 45,66 milhões de toneladas embarcas para o exterior em todo o período de janeiro a dezembro de 2014. 

Ainda nesta semana, o dólar em queda. A moeda norte-americana acumulou uma baixa de 0,75%, depois de subir 14,14% nas seis semanas anteriores, como mostrou a agência de notícias Reuters. Nesta sexta-feira (2), a divisa fechou recuano 1,42% a R$ 3,9457. 

Mercado Internacional

No mercado internacional, o balanço para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago foi de baixas entre 1,47% e 1,73% nos principais vencimentos. O contrato novembro/15, referência para a safra americana, encerrou com US$ 8,74 por bushel, e o maio/16, indicativo para a produção do Brasil, ficou em US$ 8,86, após bater em US$ 8,99 na última sexta-feira (25). 

"A semana foi de pressão bastante marcada pela boa evolução da colheita nos Estados Unidos", afirmou Eduardo Vanin. Além disso, ainda explicou o analista da Agrinvest, houve uma pressão também sobre o mercado interno norte-americano - com um maior movimento de vendas por parte dos produtores locais diante de alguns rallies, a qual deve continuar permeando os negócios nas próximas semanas. 

Por hora, apesar das boas notícias que chegaram da demanda, principalmente com anúncios de boas compras por parte da China - maior consumidora mundial da oleaginosa -, o foco dos traders é mantido sobre a conclusão da safra 2015/16 dos EUA. 

As condições de clima são bastante favoráveis para a conclusão dos trabalhos de colheita e para a maturação das plantas no Meio-Oeste americano. E até que haja cerca de 60 a 70% da área colhida no país, ainda de acordo com o analista da Agrinvest, a pressão continua. 

Na sequência, a tendência é de que o mercado internacional dê peso também à demanda interna norte-americana. Segundo explicou Vanin, entre novembro e janeiro há o pico das atividades de esmagamento da oleaginosa do país, a demanda é forte e as margens, positivas. O quadro, portanto, poderia dar um suporte importante par as cotações, no entanto, ainda seria insuficiente para promover uma reviravolta entre as cotações.

A nova safra sulamericana vem ganhando peso também entre os fundamentos, principalmente aquelas informações referentes ao clima no Brasil, onde a semeadura já foi iniciada nos dois maiores produtores da oleaginosa, Mato Grosso e Paraná.

Em MT, as chuvas ainda chegam em forma de pancadas, sem regularidade e não são adequadas para o início efetivo do plantio, como relatam produtores locais. No MS, por outro lado, onde os trabalhos também já começaram, o plantio teve de ser paralisado pelo excesso de precipitações. No PR, as condições já são mais favoráveis, com chuvas um pouco mais regulares. 

"Os olhos neste momento estão voltados para o andamento da colheita nos EUA, e o início dos trabalhos de plantio na América do Sul", disse o consultor de mercado Mársio Ribeiro, da TRINI Consultoria. 

Com esse quadro, os analistas seguem acreditando em um mercado operando entre os patamares de US$ 8,60 / US$ 8,70 a US$ 8,90 / US$ 9,00 por bushel, sem espaço para ir muito além desse níveis. "Devido aos fundamentos favoráveis no médio prazo, não acreditamos que os preços possam ultrapassar este canal verificado no gráfico", explicou o consultor. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário