Soja: Imea classifica 43% das lavouras de Mato Grosso como ruins ou muito ruins
Nesta quarta-feira, o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agvropecuária) classificou 43% das lavouras de soja do estado em condições ruins ou muito ruins. São ainda 25% das lavouras em condições regulares, 20% em bom estado e 12% em condições excelentes.
As áreas onde os problemas são mais graves são o Nordeste do estado, com 70% da soja em condições ruins a muito ruins, e o Médio-Norte, com esse índice em 53%, e essas regiões respondem por mais da metade da produção mato-grossense se soja.
Assim, uma das principais conclusões da pesquisa feita pelo Imea é de que os rendimentos serão bastante variados nesta temporada e a média do estado deverá ficar abaixo do registrado na safra anterior.
Produtores de MT buscam nova prorrogação do plantio para 31 de janeiro
Lavouras de soja em Canarana/MT - Foto de Marcos da Rosa
Voltou a chover em algumas áreas de Mato Grosso na madrugada desta quarta-feira (30), regiões que vêm sendo castigadas pelo tempo extremamente seco. Os volumes, no entanto, variam de 2 a 8 mm em municípios como Sorriso, Vera, Canarana e Ipiranga do Norte, de forma muito localizadas e, portanto, insuficientes para amenizar a situação local ou trazer algum alívio.
As informações partem de produtores mato-grossenses que têm dificuldade, nesse momento, até mesmo para decidir suas próximas ações. Em alguns casos, muitos irão fazer o replantio de suas lavouras de soja pela terceira vez; em outros, a opção está sendo o plantio de milho. A única certeza que eles têm agora são das inúmeras áreas onde as perdas já são irreversíveis.
"Voltou a chover por aqui, mas onde já se perdeu, perdeu. Não tem mais jeito. Em algumas áreas, dá pra colher de 3 a 5 sacas por hectare, o que também não compensa, pois esse é o custo de uma colheita. E ainda há áreas que não receberam nem mesmo o primeiro plantio, esse é o meu caso", lamenta o produtor rural Gilberto Peruzi, de Sorriso, com áreas em Ipiranga do Norte e Vera.

Lavouras de soja sofrem com a seca em Sorriso/MT - Fotos enviadas por produtores locais
Lavouras de soja em Canarana/MT - Foto de Marcos da Rosa
Para Peruzi, a prorrogação emergencial do plantio no estado para 15 de janeiro é insuficiente e é necessário que o período permitido se estenda até o próximo dia 31. Afinal, as últimas previsões climáticas ainda mostram chuvas irregulares e, por isso, não é possível concluir a semeadura em um tempo tão ajustado.
"Em uma das minhas áreas tenho ainda dois mil hectares para serem plantados e, com essas condições de chuvas, não consigo plantar tudo até o dia 15. Vai ser preciso escalonar esse plantio e não dá tempo", explica o produtor. "Estamos com previsões de chuvas ainda irregulares e com a possibilidade de elas se normalizarem só da segunda semana de janeiro para frente", completa.
Assim, os técnicos agrícolas e especialistas continuam nos campos, levantando os prejuízos e contabilizando as perdas causadas pela seca para que sejam gerados laudos e material suficiente para, entre outros objetivos, justificar a necessidade de um período maior desse período de semeadura.
Na próxima segunda-feira, 4 de janeiro, um novo pedido de nova prorrogação para o plantio da soja deverá ser protocolado em Cuiabá, Mato Grosso, pelos sindicatos e entidades de classe. A expectativa é grande, uma vez que não só essa nova safra de soja é prejudicada pelas atuais condições de clima, como a nova safrinha de milho também já exige atenção.
"Por conta desse atraso no plantio da soja, minha área de milho safrinha será reduzida em 30%", afirma Peruzi.
Represas estão secando em Canarana/MT - Foto de Marcos da Rosa

Lavouras de soja sofrem com a seca em Sorriso/MT - Fotos enviadas por produtores locais
Paralelamente, um outro assunto veio às discussões nesse período em que se observa a conturbada evolução da nova safra brasileira de soja: o vazio sanitário. O vazio, que em Mato Grosso está estipulado para valer de 5 de maio a 15 de setembro, tem como principal objetivo combater a ferrugem asiática. No entanto, o clima excessivamente quente no estado vem inibindo o aparecimento da doença e gerando questionamentos sobre se seria mesmo necessário nesse ano.
"Esperamos mudanças também no vazio sanitário aqui de Mato Grosso. Com esse clima quente, não tem ferrugem. Então, para que o vazio?", questiona o produtor Gilberto Peruzi, que relata que sobre isso entidades, especialistas e produtores também estão em discussão para definir se as mudanças virão e quais serão.
Em sua coluna na Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (30), o jornalista Mauro Zafalon destacou, entre outros pontos, as incertezas que rondam os dias dos produtores de soja de Mato Grosso. "O produtor Elso Vicente Pozzobon, vice-presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), diz que 'tudo está atrapalhado. Com tanta incerteza sobre o clima, não há como nem pensar em um planejamento'".
Sobre Sorriso, que é a cidade que mais produz soja no mundo, Zafalon descreveu o momento como a "tempestade perfeita, uma tempestade sem chuva".
Leia mais:
>> Na Folha: Capital da soja sofre 'tempestade perfeita'

Lavouras de soja sofrem com a seca em Sorriso/MT - Fotos enviadas por produtores locais

Lavouras de soja sofrem com a seca em Sorriso/MT - Fotos enviadas por produtores locais
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