Defasagem do indicador CEPEA-ESALQ em relação à exportação de açúcar atinge recorde

Publicado em 05/10/2015 15:04
Segundo análise da INTL FCStone, mercado não teve tempo de se ajustar à rápida valorização do dólar e das cotações internacionais

Após semanas de alta intensa no dólar e no preço do açúcar na bolsa de Nova Iorque, o desconto do indicador CEPEA-ESALQ para o mercado interno no estado de São Paulo em relação ao preço FOB Santos atingiu sua máxima histórica, em R$ 13,4/sc na média da semana (ou 19,6% do preço do produto), sendo mais de quinze vezes o diferencial médio dos últimos cinco anos.

De acordo com o analista da INTL FCStone, João Paulo Botelho, o principal motivo desta diferença é que o mercado não teve tempo de se ajustar à rápida valorização do dólar e do Demerara, que ocorreram de forma praticamente simultânea. “Esta foi a primeira vez que ocorreu alta tão intensa destas duas variáveis ao mesmo tempo”, lembra.

Nas últimas seis semanas, o preço do açúcar Cristal 150 no porto de Santos subiu de forma contínua, com aumento acumulado de 33%. O responsável por esta variação foi a alta de 10,7% no dólar neste período, enquanto a tela de março/16 do Demerara na ICE/NY se valorizou em 11,7%. Além disso, o prêmio spot praticado no porto para o Cristal aumentou em 24,2% em relação a este contrato na bolsa.

Com isso, apesar de na última semana, o indicador CEPEA-ESALQ para o açúcar cristal vendido pelas usinas no mercado doméstico ter subido 5,5% e atingir R$ 56,21/sc (com a alta de 2,6% na quinta-feira sendo a maior variação diária desde 2011), este continua significativamente abaixo do preço do açúcar exportado, que alcançou o maior patamar desde as máximas históricas de 2010.

Para o produtor de açúcar, o lado ruim da situação atual é que o baixo número de negócios no mercado doméstico pode complicar o fluxo de caixa de algumas empresas, uma vez que este oferece pagamento mais rápido em relação à exportação do produto. Essa situação é especialmente relevante no momento atual de contenção de crédito por parte dos bancos e de elevado endividamento dos principais grupos sucroenergéticos.

Botelho aponta, ainda, que a baixa oferta de açúcar pode criar dificuldades para as empresas que precisem de produto no curto prazo. “Para as próximas semanas, as empresas que não haviam contratado as compras da safra podem acabar tendo que pagar bem mais do que esperavam por este ingrediente”, ressalta. Cabe destacar também que o movimento esperado de correção nos preços internos nas próximas semanas pode causar impacto inflacionário que ainda não foi precificado pela maioria dos agentes. Isso pode ocorrer tanto através do efeito indireto sobre os preços de produtos industrializados, como pelo impacto direto deste item, que faz parte da cesta básica, sobre o consumo das famílias.

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Fonte:
INTL FCStone

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