Cana-de-açúcar: Mercado de nematicidas para a cultura cresce quase 50% em cinco safras e passa a ser liderado por produtos biológicos
Terceira cultura em importância do setor de agroquímicos, com movimentação de R$ 9,2 bilhões em 2023 e alta de 7% ante 2022 (R$ 8,6 bilhões), a cana-de-açúcar passou a ser altamente estratégica para fabricantes de nematicidas, produtos essenciais ao manejo eficaz de nematoides. Segundo o levantamento FarmTrak, da Kynetec Brasil, no ano passado estes insumos giraram R$ 403 milhões no país, cifra 47% acima de 2019 (R$ 273 milhões).
Conforme a pesquisa, o estado de São Paulo concentrou 59% das vendas de nematicidas para cana-de-açúcar (R$ 235,8 milhões), seguido pela somatória de regiões de cultivo do Centro-Oeste: 29% ou R$ 118,4 milhões.
De acordo com a Kynetec, das vendas totais de nematicidas em 2023, 64%, ou R$ 257 milhões, correspondem a nematicidas biológicos ou bionematicidas. Conforme o especialista da consultoria, Lucas Naves Montrasio, cinco anos atrás as transações envolvendo produtos do gênero representavam somente 21% da categoria (R$ 58 milhões).
“A pesquisa detecta, ano após ano, uma migração progressiva de produtores aos nematicidas biológicos”, ressalta Montrasio. “Bionematicidas foram alvo de inovações e são eficazes para conter à praga”, diz. Nematoides, ele explica, comprometem o desenvolvimento radicular e reduzem a produtividade da cana.
Segundo o estudo, a área plantada com cana-de-açúcar no Brasil se mantém estável, na faixa de 9 milhões de hectares-ano. O estado de SP detém mais de 50% dos cultivos (4,926 mi/ha), seguido pelo polo Centro-Oeste, 23% (2,037 mi/ha). Para a consultoria, 76% dos canaviais são de usinas e 24% de fornecedores. Da área total da cultura, diz a Kynetec, 15% (1,264 milhão/ha) hoje constituem cana-planta (primeiro corte) e 85%, 7,441 milhões/ha, cana-soca (rebrota).
Taxas de adoção
Lucas Montrasio, especialista da Kynetec, frisa que 15% ou 1,329 milhão de hectares cultivados com cana-de-açúcar no Brasil, em 2023, receberam aplicações de nematicidas. O Centro-Oeste e o estado de São Paulo, diz o executivo, detêm as maiores taxas de adoção: 21% e 16% das áreas plantadas, respectivamente.
Nas áreas do país cultivadas com cana-planta, prossegue o executivo, nematicidas cobriram 863 mil hectares em 2023, 68% do total, contra 42% de 2019 (638 mil hectares). Na média de cinco anos, acrescenta Montrasio, a adoção de nematicidas biológicos ou bionematicidas em cana-planta saltou 38 pontos, para 54%. Já na cana-soca os mesmos produtos alcançaram 5% da área no ano passado (348 mil hectares), diante de apenas 1% registrado cinco safras antes.
Ainda em cana-planta, na análise da Kynetec por região, complementa Montrasio, o Centro-Oeste lidera a adoção de nematicidas em geral, com aplicações em 81% dos cultivos no ano passado, indicador 48 pontos superior ao de 2019. Já na fronteira paulista, a taxa subiu 18 pontos, para 68%.
Essa diferença no tocante ao nível de adoção entre um e outro tipo de cana, explica Montrasio, se explica pelo fato de a cana-planta exigir mais atenção e investimentos em tratamentos de contenção de nematoides. “Trata-se do início do ciclo de um canavial. Nematoides atacam severamente às raízes das plantas. Toda a produção futura dependerá, portanto, de uma boa implantação da cultura”, ele resume.
“A adoção dos nematicidas no Centro-Oeste é mais representativa em virtude das características de solo, que potencializam maior presença da praga naquela região”, finaliza Lucas Montrasio.
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