Café: Na região de Guaranésia (MG), apesar do retorno das chuvas, chumbinhos estão caindo das plantas
Ao longo do mês de janeiro, as chuvas foram esparsas na região de Guaranésia (MG), cenário que agravou as condições dos cafezais. Desde o ano passado, as plantas são castigadas pelas altas temperaturas e as precipitações irregulares. E, apesar do retorno das chuvas, os chumbinhos estão caindo das plantas.
Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural da cidade, Christina Ribeiro do Valle, os grãos do café ficaram queimados. “Muitas lavouras que já tinham sido sofrido no ano passado não conseguiram se recuperar e não terão produção quase nenhuma. O cenário ficou pior, muitas pessoas que investiram em novas mudas, perderam quase todas as plantas devido ao clima irregular”, afirma.
Além disso, boa parte dos cafeicultores cortaram os pés de café para que a planta brotasse, porém, por conta do calor intenso, a brota não está ocorrendo da maneira como deveria, conforme sinaliza o vice-presidente. “Com certeza, as perdas nesta safra serão maiores do que o estimado desde o ano passado. Quando entramos nos campos e olhamos as lavouras, percebemos que irá demorar a voltar à normalidade e precisaremos de clima normal”, ressalta Christina.
Frente a esse quadro, muitos cafeicultores abandonaram os cafezais e deixaram o mato tomar conta das lavouras. “Os produtores estão descapitalizados e desanimados. E o problema é que as entidades responsáveis pelas pesquisas da safra, como a Conab e o IBGE, divulgam número que estão fora da realidade das regiões cafeeiras. Com isso, o preço do café está nesse patamar e vivemos um quadro de escassez”, diz a vice-presidente.
Atualmente a saca de café de qualidade é cotada ao redor de R$ 490,00 na localidade, porém, não cobre os altos custos de produção, especialmente nas regiões montanhosas. “Ainda temos o aumento no óleo diesel e dos salários, as coisas estão cada vez mais complicadas. E não temos mais café para negociar”, acredita Christina.
Diante dessa situação, a vice-presidente resulta que, os sindicatos estão mobilizados, mas que, por enquanto, a situação está parada, já que está no início do novo governo. “O produtor está amargando prejuízos e desamparado. A situação está muito difícil e se continuarmos com essa seca, o café produzido no Brasil não será suficiente nem para abastecer o mercado interno”, relata.
Safra de 2016
A próxima safra ainda é uma interrogação, pois não há uma certeza em relação à condição dos cafezais. “Só mesmo com uma bola de cristal para saber como será a próxima safra. Até lá, os produtores acumulam dívidas e chegará um momento em que terá que colocar as propriedades em venda para quitar as dívidas”, finaliza Christina.
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Bom dia Fernanda Custódio. Bom dia Dona Cristina. O que relatou nesta entrevista retrata a realidade de quase todo o parque cafeeiro do Brasil, salvo algumas poucas lavouras irrigadas. No entanto, esse fator também não é garantia de safra, uma vez que deve haver disponibilidade de água na propriedade, que, com esta seca e calor escaldante, houve muita evapotranspiração ocasionando esse déficit hídrico sem precedentes. E relação aos levantamentos de dados relativos a produção das lavouras realizados por técnicos dos órgão responsáveis, ontem recebi uma ligação da cooperativa a qual sou filiado, pesquisando a situação e o potencial das lavouras. No meu entendimento, e, por mais que sejam honestas as informações prestadas pelos produtores, essa pesquisa perde qualidade, pois como bem colocou, existem muitas outras ações realizadas pelo produtor, exemplo do esqueletamento e recepa drástica e até mesmo a diminuição promovida pela erradicação de áreas, diminuindo produção prejudicando a precisão do levantamento. Outro fator a ser considerado, é que com esse manejo de recuperação de lavouras, aliado aos fatores climáticos extremamente negativos pelo qual estamos atravessando, existe uma condição desfavorável ao crescimento vegetativo das plantas, prejudicando também a safra de 2016. Mas parabenizo a Senhora e a qualidade das perguntas formuladas pela Fernanda Custódio, por abordarem e relatar esses fatos, fatos estes que deveriam ser levados a público por todos os representantes de sindicatos e cooperativas ligadas ao setor. Da forma como estão fazendo a pesquisa, não poderá ser considerada de campo, “in loco”. Daqui a pouco, números com grandes possibilidades de erros ou fora da realidade que estamos vivenciando, poderão estar sendo divulgados pelos órgãos oficiais.
Um Grande Abraço