Grãos: Focado no clima e nova safra dos EUA, mercado está pressionado e muito especulado, momento é de volatilidade
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou nesta terça-feira (26) o boletim de acompanhamento da safra de soja e milho. Para soja, até o último domingo (24), 61% da área total foram cultivadas, no milho o avanço passou de 85% para 92%.
Segundo Steve Cachia, analista da Cerealpar, a expectativa do mercado era de um avanço mais significativo, já que nas últimas semanas o ritmo do plantio vinha acelerado. Na manhã desta quarta-feira (27) a Bolsa de Chicago abriu em campo positivo para a soja, operando por volta das 11h00 a US$ 9,29 por bushel no contrato julho/15.
"A expectativa era que talvez pudesse avançar um pouco mais no plantio, e em função dessa especulação - mesmo que houve algum tipo de problema climático no final de semana, devem ter sido em locais isolados - mas foi suficiente para deixar o mercado em alta, enquanto em um dia normal teria sido o mercado caindo ainda mais", afirma Cachia.
Segundo ele, o cenário técnico aponta um mercado baixista, com os Estados Unidos podendo alcançar uma safra recorde de soja e milho caso as previsões de clima regular e um El Niño moderado se confirme. "Os preços de soja no mês de novembro estão bem próximos da marca psicológica de US$ 9/bushel e o milho está bem próximo de US$ 3,50/bushel", ressalta o analista.
No entanto, nas próximas seis semanas o mercado pode registrar oscilações pontuais, até que os dados safra norte-americana se consolidem recorde, explica Cachia. Diante disso, os produtores brasileiros devem ficar atentos a esses picos de preço em Chicago e a variação cambial, para garantir maior rentabilidade.
Para o analista, o mercado irá testar os US$ 9 por bushel para contratos da safra nova, mas o mesmo não deve acontecer na comercialização da safra velha, haja vista que nesses níveis de preços os compradores estão demandados. No boletim divulgado na terça-feira (26), o USDA trouxe os dados sobre os embarques semanais de grãos, e os números para soja e milho ficaram acima do esperado.
Os embarques norte-americanos de soja somaram 291,192 mil toneladas, enquanto o mercado apostava em algo entorno de 240 mil toneladas. No milho os embarques semanais totalizaram 1.006,720 milhão de toneladas, superando as expectativas que variavam entre 790 mil e 990 mil toneladas.
"O mercado vai acompanhar também o fator demanda, porque isso pode influenciar o quadro de oferta e demanda norte-americano. Não é que os Estados Unidos de repente vai ficar com os estoques apertados, mas com exportação maior e esmagamento maior nas próximas semanas e meses isso pode levar um ajusto dos estoques final norte-americanos, e criar uma faixa de valor um pouco melhor para soja em relação a estimativas anteriores", considera Cachia.
Milho
Além da safra norte-americana que deve ser recorde e já pressiona os preços em Chicago, no Brasil a safrinha também se desenvolve bem e deve alcançar mais de 50 milhões de toneladas.
Segundo o analista, os produtores terão dificuldades para escoar a produção, mesmo com a demanda aquecida. "Nós dependemos dos meses de agosto, setembro e outubro para exportar, então isso acaba deixando o mercado interno muito ofertado", explica.
O dólar deve ser o fator positivo nas cotações. No segundo semestre os produtores devem ficar atentos a variação cambial para realizar comercializações em momentos de picos de preço.
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