Com custos mais altos, produtores reduzem área destinada ao trigo em Tupanciretã (RS)
Publicado em 05/06/2015 09:00
Com custos mais altos, produtores reduzem área destinada ao trigo em Tupanciretã (RS). No total, cerca de 20 mil a 30 mil hectares serão cultivados com o cereal. Configuração de El Niño também preocupa os produtores, já que o fenômeno climático pode ocasionar mais chuvas e geadas, no período de maturação e colheita do grão.
Com a elevação nos custos de produção para a cultura do trigo, os produtores da região de Tupanciretã no Rio Grande do Sul reduziram a área cultivada com o grão.
A média de área cultivada no município varia de 20 a 30 mil hectares, mas neste ano os impactos da recessão econômica elevaram significativamente os insumos e os produtores estão sem incentivo para realizar o cultivo do trigo.
"Até o final do mês de junho teremos uma ideia da redução, mas certamente será bastante expressiva porque os produtores não têm mais de onde tirar recursos para bancar a cultura do trigo", declara o presidente do Clube Amigos da Terra do Rio Grande do Sul, Almir Rebelo.
Segundo ele, o Brasil precisa produzir 11 milhões de toneladas de trigo para o consumo interno, no entanto, a produção nacional é de 6 milhões t. Essa baixa produtividade é reflexo da "política de abandono do trigo no Brasil", afirma com indignação.
Recentemente o governo federal anunciou um reajuste no preço mínimo do trigo tipo pão, passando de R$ 33,45 para R$ 34,98 a saca de 60 kg. Porém, diversos representantes do setor, a época, declararam que o reajuste não seria suficiente para cobrir os custos e estimular a produção, impedindo a redução de área em todo o Brasil.
Para Rebelo, mesmo com o ajuste de 4,6% no preço mínimo, esses valores muitas vezes não são praticados no momento da comercialização, "os moinhos pagam R$ 25,00/sc" e não há fiscalização do Ministério Público, afirma o presidente.
Além dos problemas de custo de produção e preços que não remuneram, os produtores estão preocupados também com as previsões de El Niño nesta safra. A presença deste fenômeno climático pode trazer geada e chuvas excessivas no período da maturação e colheita do grão, o que resultaria em quebra de safra e perda de qualidade.
"Para fazer venda de trigo no mercado futuro, os produtores tem dificuldade porque precisa ter Ph78, um índice de tolerância, que conforme o comportamento do clima e do tempo não se atinge esses números, então o produtor fica com medo de vender um produto e depois não ter aquela qualidade para entregar", explica Rebelo.
Plano Safra
De acordo com Rebelo, a maior preocupação dos produtores de Tupanciretã (RS) com o Plano Safra 2015/16 é o aumento de recursos a juros livre, que aliado as vendas casadas devem elevar significativamente - cerca de 40 sacas por hectare - os custos de produção, principalmente para os produtores arrendatários.
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Por:
Fernanda Custódio e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas
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