Brasil pode bloquear importações de maçãs da Argentina focando a segurança fitossanitária das frutas brasileiras
O Brasil suspendeu no início da semana a exportação de maçã Argentina porque foram encontradas 15 traças vivas da praga Cydia Pomonella em um carregamento da fruta que chegou ao país.
A praga foi erradicada dos pomares brasileiros em 2014, e a suspensão é uma medida de proteção à produção brasileira.
"Essa praga entrou no Brasil a mais de 20 anos, e levamos esse tempo para erradicar das cidades onde ela estava presente. Isso foi publicado em diversos órgãos internacionais para notificar todos os países que nós não tínhamos essa praga no Brasil", explica Pierre Nicolás Pérès, presidente da ABPM (Associação Brasileira de Produtores de Maçã).
Segundo ele, se o país voltar a registrar casos de Cydia Pomanella, os produtores terão custo adicional de US$ 400/ha com o tratamento. Além disso, as maças podem registrar perda de qualidade e produtividade.
Além disso, o governo argentino não permitiu que técnicos brasileiros inspecionassem áreas no país vizinho suspeitas de também ter a praga que ataca as macieras.
"O protocolo de exportação de frutas de lugares onde existem pragas exige uma investigação de risco, como o tratamento a frio. Mas isso tem que ser fiscalizado pelo ministério da agricultura argentina e feito um rastreamento e documentação sobre esse trabalho", explica Pérès.
Dessa forma, o presidente considera que a medida aplicada pelo Brasil é correta, uma vez que eles não permitiram a fiscalização, e essa determinação deve continuar até que o governo argentino apresente provas de que o tratamento para erradicação da praga está sendo realizado no país.
No ano passado, as importações de maçã argentina pelo Brasil somaram 46,1 mil toneladas, o equivalente a 48,8 milhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro.
Essa exportação representa aproximadamente 4% do consumo interno. Sendo que o Brasil exporta 50 mil toneladas, então "diminuindo o volume de exportação será preenchido a necessidade do mercado. Ou se importa um pouco mais do Chile, Portugal, França, etc.", ressalta Pérès.
Ainda assim, a variedade red delicious que é exportada da Argentina é 'um pouco seca' de polpa, então o produto é mais uma escolha dos consumidores do que propriamente uma fruta significativa no mercado.
No mercado interno, a proibição temporária da maçã argentina, não deve causar impacto na produção e nos preços. "Agora, o bom desse movimento é que mostra que o governo está protegendo os produtores brasileiros das ameaças de novas pragas", completa Pérès.
Além desse cenário, o mercado da maçã no Brasil teve bons momentos nos anos de 2012 e 2013, mas no primeiro semestre de 2014 a seca e altas temperaturas causaram quebras na produção, e "na hora de selecionar as frutas que saiam das câmeras frias a fruta tinha uma baixa resistência nas prateleiras, gerando diminuição nos preços no comércio", explica.
Em 2015 o setor enfrenta uma situação complicada, haja vista os prejuízos registrados no ano anterior.
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