Faltam medidas consistentes que possam garantir, a longo prazo, a renda dos produtores; risco de inadimplência é grande
Com o anúncio do Plano Safra 2015/16, apresentado nesta terça-feira (02), pela Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a Presidente Dilma Rousseff, muitos produtores estão preocupados com a elevação da taxa de juros e a falta de medidas que garantam renda ao produtor.
Mesmo com a elevação de 20% nos recursos agrícolas, parte desses investimentos são privados e serão financiados a juros livres, por isso o risco de elevação nos custos e consequentemente inadimplência do setor é grande. Para o produtor Valdir Edemar Fries, de Itambé (PR), é preciso implantar uma política agrícola de longo prazo, que garanta estabilidade e renda aos produtores.
"Nós devemos nos organizar e cobrar do governo a implantação de uma política agrícola de longo prazo para que não haja ilusão com crédito imediato, e depois fica nos nossos ombros toda uma inadimplência gerada por fatores que não estão ao nosso alcance", declara Fries.
Segundo ele, os anúncios do plano safra são "politicagem" e, neste ano fez parte de uma agenda positiva que será divulgada pelo governo no decorrer do mês de junho, mas efetivamente não são benéficos para a agricultura. "O produtor rural brasileiro, na condução da operacionalização das atividades, ao contrário de qualquer outro setor da economia, não pode ficar a mercê da politicagem do governo entre um plano e outro, pois sabemos que na grande parte do País, são duas safras ano, quando não três", ressalta o produtor.
Com o atual cenário de recessão da economia, aumento de juros, inflação, elevação dos custos de produção, e queda nos preços das principais commodities, soja o milho, Fries alerta que poderemos ver "muitos produtos que fizeram investimento e comprometeram sua capacidade de endividamento, correndo o risco - muito alto - de no próximo ano ficar inadimplente, como já ficou no final dos anos 90 inicio dos anos 2000".
O grande risco neste ano é que a maior parte do investimento virá de recursos dos agentes financeiros, que irão financiar a juros livres. Com isso, poderemos ver juros entre 17% a 23% o que comprometeria significativamente a renda dos produtores.
"Nenhum agente financeiro vai colocar um recurso próprio com risco de uma inflação, então certamente deverá haver um indexador econômico. Por isso, talvez seja melhor os produtores fazerem base de troca na cooperativa travando preços, do que pegar esses recursos", afirma Fries.
Para ele, esse será um ano de muito planejamento, haja vista aumentos significativos nos custos de produção, inclusive no crédito.
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