Recuperação da vida do solo faz produtividade saltar para 90 sacas em Mato Grosso
O produtor matogrossense José Eduardo Macedo foi recordista de produtividade em um concurso promovido pelo CESB na safra 2015/16. Foram 96 sacas por hectare na sua propriedade, resultado de um trabalho realizado desde o final da década de 90, com o plantio direto sendo implementado com força.
Este período vinha sendo marcado por sérios problemas com nematoides no Brasil central, decorrentes da monocultura. Com isso, o produtor procurou introduzir um planejamento a longo prazo de rotação e aporte de matéria orgânica entre as janelas dos plantios comerciais.
Com isso, ele teve uma surpresa: o solo começou a ser construído. Atualmente, 1/4 dos seus 1200 hectares são utilizados para rotação de cultura na safra de verão. Existem várias opções, mas na propriedade foi introduzido o arroz, que é uma gramínea. Assim, o talhão de soja que foi gramínea no ano anterior sempre alcança a melhor produtividade.
Ele destaca que as culturas precisam de sistemas radiculares bem construídos, explorando várias áreas do solo. Para isso, além das gramíneas, ele também trabalha com leguminosas. O solo aumenta cada vez mais sua fertilidade e diminui sua necessidade de adubação mineral, por meio da agricultura de precisão.
Macedo constata que não é possível saber quando o solo estará ótimo - ele está sempre em construção. Com isso, produz-se água, aumentando a capacidade de retenção e o solo aumenta sua atividade biológica. Para ele, os produtores devem começar a pensar nisso como um investimento - o resultado virá lá na frente.
Problemas no plantio direto e como solucioná-los
Gilberto Sander, engenheiro agrônomo do grupo GGF, destaca que houve uma preocupação de como foi a transição do preparo convencional para o plantio direto no estado do Mato Grosso. Afinal: a transição imediata ocasionava alguns problemas para o solo, como as raízes com pouca extensão.
Em função do clima, a transição do plantio direto era feita, muitas vezes, com equipamentos. O desafio do dia-a-dia, no entanto, é trabalhar a palhada e encontrar o perfil do solo. O preparo convencional era ruim - logo, o solo não está preparado para se recuperar imediatamente. Pode ocorrer, portanto, problemas com a correção profunda do solo e, também, problemas de compactação.
Ele destaca como forma ideal a sucessão de culturas. Uma área que planta 100% de soja, depois entra na cultura do milho, que não contempla na íntegra as lavouras. Nesses espaços, entram plantas como as gramíneas, gerando um sistema radicular distinto, cada um auxiliando em alguma parte do solo.
Uma atenção especial também deve ser dada para a calagem, da qual 1/3 da área retorna com corretivo e o enxofre, que é importante para a nutrição da planta e para aprofundar o sistema radicular.
Novos produtores interessados
O produtor Ângelo Brizoti, de Nova Mutum (MT) está em sua quinta safra. Sempre buscando novidades, ele se interessou por revitalização de solos. O interesse ficou ainda mais acentuado quando acompanhou o debate da Fertiláqua em Não-Me-Toque (RS), na Expodireto Cotrijal.
Em sua área, Brizoti trabalha com cobertura e pretende trazer novas experiências para a região. Em sua última safra, ele utilizou braquiária em uma área após o término do plantio do milho. Essa palhada evita evaporação e é uma técnica que ele deve continuar trabalhando.
A área que não possuía braquiária teve uma produtividade de 50 sacas por hectare. Já na área com braquiária, a produtividade foi de 66 sacas por hectare.
Na propriedade de Brizoti, já é possível encontrar plantas jovens formando seu sistema radicular e encontrando um bom ambiente para seu desenvolvimento.
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