Datafolha: Marina tem 21% – e venceria Dilma no 2º turno por 47 a 43%

Publicado em 18/08/2014 04:29
Primeira pesquisa realizada após a morte de Campos mostra ex-senadora em 2º lugar, atrás de Dilma, que tem 36%, e um ponto à frente de Aécio, que tem 20%

A primeira pesquisa Datafolha realizada após a trágica morte de Eduardo Campos mostra Marina Silva, provável substituta do ex-governador de Pernambuco, em segundo lugar na disputa presidencial. A ex-senadora, que deve ter sua candidatura oficializada pelo PSB na próxima quarta-feira, aparece com 21% das intenções de voto no levantamento divulgado nesta segunda pelo jornal Folha de S. Paulo. Marina tem um ponto a mais do que o tucano Aécio Neves, que aparece com 20% – os dois estão em empate técnico. A presidente Dilma Rousseff (PT) segue na frente, com 36% da preferência do eleitorado. Pastor Everaldo, do PSC, tem 3%.

Em relação à última pesquisa do instituto, divulgada em 17 de julho, Dilma e Aécio não oscilaram. Campos aparecia com 8% no levantamento. Marina, portanto, ganhou seus pontos em cima da redução do número de eleitores sem candidato. A taxa dos que votariam em branco ou em nulo caiu de 13% para 8%. Os eleitores indecisos passaram de 14% para 9%. Com a entrada de Marina na corrida, o segundo turno fica praticamente garantido. Agora, os rivais de Dilma somados possuem dez pontos percentuais a mais do que a presidente: 46% a 36%.

Segundo turno – Marina Silva também apresenta bons resultados na projeção de segundo turno. De acordo com o Datafolha, em uma eventual disputa contra Dilma, a ex-senadora venceria a presidente por 47% a 43%, resultado que está no limite de um empate técnico, considerando a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos da pesquisa. No cenário entre Dilma e Aécio, a petista abriu vantagem sobre o candidato do PSDB. Em 17 de julho, o placar marcava 44% contra 40% a favor da presidente. Agora, Dilma derrotaria Aécio por 47% a 39%. O Datafolha ouviu 2.843 pessoas em 176 municípios, entre os dias 14 e 15 de agosto.

Enterro de Campos foi também início da campanha de Marina

Depois do sepultamento, a imagem da ex-senadora como a herdeira de Campos se consolidou – sob benção da família do ex-governador e da multidão nas ruas

O enterro de Eduardo Campos no começo da noite deste domingo, em Recife, ganhou coloração político-partidária e tornou-se também o começo da nova candidatura do PSB à Presidência da República — com Marina Silva.

Depois da jornada que se encerrou com o sepultamento do político pernambucano no jazigo de seu avô Miguel Arraes, a imagem de Marina como herdeira de Campos na disputa de 2014 se consolidou, sob a bênção da família do ex-governador e da multidão que tomou as ruas da capital pernambucana e o Cemitério de Santo Amaro, gritando frases como "Dilma, agora é Marina!" e "Marina e Renata!" (sugestão de uma chapa em que a ex-senadora e a viúva do político socialista concorreriam juntas ao Planalto). 

A homenagem final ao político começou a ganhar características de comício no momento em que o cortejo fúnebre deixou o Palácio do Campo das Princesas, onde ele foi velado, em direção ao Cemitério de Santo Amaro. No trajeto, carros de som tocavam jingles do que deveria ter sido a campanha de Campos, além de músicas de disputas eleitorais passadas.

Embora ainda mostrasse os mesmos sinais de dor dos últimos dias, a mãe do político, Ana Arraes, respondeu à multidão fazendo com as mãos o número do PSB, como se pedisse votos. O filho mais velho de Campos, João, de 20 anos, já há tempos enfronhado na política, também reagiu de punho em riste — assim como depois, no enterro, puxaria um côro exaltando a memória do pai e de Miguel Arraes, e o futuro do PSB. 

Negociando a passagem entre uma multidão estimada em 150 000 pessoas, o carro de bombeiros que levava o caixão demorou muito mais tempo que os 20 minutos inicialmente planejados para cumprir seu roteiro. Marina Silva foi uma das primeiras a chegar ao espaço isolado por grades onde a família e os amigos mais próximos assistiriam ao enterro. Ela foi ovacionada, e aguardou ao lado de Ana Arraes e do senador Beto Albuquerque (PSB-RS) — o nome mais cotado para ocupar ser seu vice — a chegada de Renata Campos e seus filhos.  

O enterro foi marcado por uma queima de fogos de 18 minutos. Depois do fim da cerimônia, a segurança tentou fechar as portas do cemitério e houve um início de tumulto. Algumas pessoas passaram mal e outras sofreram escoriações leves.

Na próxima quarta-feira, às 15h, a Executiva Nacional do PSB realiza em Brasília a reunião que indicará oficialmente o destino do partido nas eleições de 2014. Enquanto o cortejo de Eduardo Campos percorria Recife, o partido emitiu nota dizendo que iniciava um "processo de consulta visando a construção de uma alternativa política consensual". Se Marina Silva já era a "escolha natural", o enterro de Eduardo Campos tornou impossível qualquer outra alternativa.

Campanha de Aécio faz estratégia para duelar com Marina por segundo turno

na coluna PAINEL da folha de s. paulo:
18/08/14  02:00

Correndo atrás A campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência já traça estratégia para duelar com Marina Silva (PSB) por uma vaga no segundo turno. Em reunião na base aérea do Recife, após a missa de Eduardo Campos, os tucanos davam como certo que ela largaria na frente na disputa. A ordem é focar o debate na experiência administrativa, considerada o ponto fraco de Marina, e apresentar Aécio como o mais preparado para fazer um governo de “mudança com segurança”.

Na conta Os tucanos tentam tratar a vantagem numérica de Marina com naturalidade. “O clima é de comoção e ela é conhecida por 100% dos brasileiros”, justifica um dirigente da campanha.

Na torcida Aliados do tucano dizem que ex-senadora terá dificuldades, no médio prazo, para manter o patamar inicial de intenção de votos.

Cuidado Aécio foi aconselhado a ser “muito respeitoso” em qualquer crítica a Marina nos debates de TV. Há temor de que os eleitores tomem as dores da candidata de luto e reajam mal a ataques.

ANÁLISE do datafolha:

Marina concretiza potencial eleitoral de Campos

Entrada da ex-senadora na disputa evidencia o espaço da terceira via, especialmente entre jovens e mais escolarizados

MAURO PAULINODIRETOR-GERAL DO DATAFOLHAALESSANDRO JANONIDIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Marina Silva (PSB) ressurge como nome forte na corrida pelo Palácio do Planalto. Não só eleva de maneira expressiva a probabilidade de segundo turno, como ameaça a reeleição de Dilma Rousseff e impõe-se como alternativa da oposição.

Com a entrada da ambientalista na disputa, fica mais claro o espaço da chamada "terceira via" junto aos brasileiros na eleição presidencial. Especialmente entre os mais jovens e escolarizados, perfil predominante nas manifestações de rua em 2013.

A entrada de Marina não provoca uma diminuição nos apoios obtidos por Dilma e Aécio na pesquisa realizada em julho, ainda com Eduardo Campos, mas nota-se uma queda importante na taxa dos que não tinham candidato definido. Entre os que têm de 16 a 24 anos e os que possuem nível superior, por exemplo, os votos brancos ou nulos caem pela metade.

O potencial de crescimento que se verificava em relação a Campos vê-se parcialmente concretizado na figura de Marina, embalada principalmente pela imagem consolidada na eleição anterior e menos pela comoção causada pela tragédia.

E, pelos resultados, a ambientalista ainda não alcançou o teto de sua candidatura no primeiro turno. Em abril último, após exposição na mídia, ela chegou a 27% das intenções de voto. Hoje, no cálculo de seu potencial, há 8% de brasileiros que ainda não a escolhem, mas demonstram alta simpatia por seu nome. Em relação a Aécio, essa taxa é de 6%.

Caso Marina seja de fato candidata, o sucesso na comunicação com esses subconjuntos será determinante para definir a possível vaga no segundo turno.

Mas o tão citado discurso da mudança --que, a partir de amanhã, será onipresente no horário eleitoral-- não deve se limitar à eleição presidencial. Pelos dados, o sentimento não é exclusivamente direcionado ao governo federal. Ele se espraia por outras esferas e instituições. Tem a mesma intensidade em relação aos governos estaduais e é ainda mais contundente quanto ao Congresso Nacional: nada menos do que 82% dos brasileiros querem mudanças em suas práticas.

O exemplo de Minas Gerais ilustra bem esse diagnóstico, onde, mesmo estimulados com os nomes dos candidatos ao governo, quase metade dos eleitores do Estado não escolhe nenhum deles.

Quando apresentados ao possível cenário de segundo turno entre Dilma e Marina, os moradores das capitais e regiões metropolitanas dão uma vantagem de 13 pontos à ambientalista. Separando-se apenas as cidades com mais de 500 mil habitantes, sua dianteira chega a 20 pontos. São os locais onde se concentram em maior proporção a insegurança, o pessimismo e o desencanto.

A repercussão da morte de Eduardo Campos parece lançar nova luz sobre essa decepção da opinião pública com as práticas de seus representantes. O representado quer ser ouvido e Marina é, neste reinício de campanha, a maior beneficiária desse sentimento.

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Fonte:
veja.com + Folha de S. Paulo

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