Votação da MP do Código Florestal na Câmara é adiada para 18 de setembro

Publicado em 05/09/2012 18:39 e atualizado em 06/09/2012 04:45
Em razão da falta de quórum, o presidente da Câmara, Marco Maia, encerrou a votação da Medida Provisória 571/12, que faz mudanças no Código Florestal (diminuindo, por exemplo, as APPs das margens de cursos dágua de 30 para 15 metros). A Câmara tentará votará a MP no próximo esforço concentrado, em 18 de setembro.

A falta de quórum na sessão ordinária se deveu à obstrução de partidos da oposição e da base governista. Depois da aprovação de um texto na comissão mista da MP que não contou com o aval do governo, criou-se um impasse em torno da matéria.

Vários partidos (inclusive da base do Governo) permaneceram em obstrução durante a sessão desta quarta-feira, exigindo do Palácio do Planalto uma posição da Presidente Dilma de que aceitaria o que fosse votado no Congresso, e não houvesse veto. Isso foi causado depois da divulgação de um bilhete da presidente reclamando de que o acordo na comissão conjunta do Congresso não teria o seu aval, "pois não havia sido consultada". A conclusão do episódio é de que a Presidente vetaria o que viesse do Congresso.

A MP precisa ser votada pela Câmara e pelo Senado até o dia 8 de outubro, dia em que ela perde a validade. Se isso ocorrer, como o código anterior foi revogado, entrarão novamente em vigência as medidas disciplinadas na legislação de 2008. Com isso, por exemplo, todos os cursos d"água do País serão obrigados a ter recuo de 30 a 200 metros de áreas de proteção das margens dos rios, independente do tamanho da propriedade rural-- inviabilizando muitas áreas de agricultura, principalmente para os pequenos proprietários rurais. 

Para o setor rural, voltaria a aplicação de novas multas sobre praticamente 95% dos produtores rurais, pois estes não possuem áreas de proteção permanente nas margens de cursos d'água como exige a Lei de 2008 (formulada pelo ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc e sancionada pelo Presidente Lula). 

A  recomposição menor (de 30 para 15 metros para médios proprietários, por exemplo, e de 5 a 8 metros para os pequenos agricultores), é o que está sendo apreciado pelo Congresso. Mas o bilhete de Dilma inviabilizou o que estava acertado no Congresso. Como consequencia, há quem tema, a partir de agora, riscos institucionais entre os dois Poderes (Legislativo e Executivo), devido a quebra de acordo entre os parlamentares e o Governo.

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), usou a disputa do Campeonato Brasileiro para ilustrar a dificuldade para construção de um acordo. "É mais fácil o Grêmio se tornar líder do Brasileirão hoje do que sair esse acordo", disse Maia. Para assumir a liderança da competição, o Grêmio precisa vencer o Atlético-GO nesta quarta e torcer para que Atlético-MG e Fluminense percam seus jogos nesta rodada.

O líder da bancada do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), deixou o plenário da Câmara, antes da sessão ser encerrada por falta de quórum, dizendo que não havia possibilidade de fechar acordo sem negociar com a presidente. Como Dilma não estava em Brasília não seria possível integrá-la nas negociações, segundo o deputado.

O governo tentou até o início da sessão deliberativa desta tarde colocar o texto da medida provisória em votação, mas vários partidos, inclusive da base aliada, obstruíram o processo de votação por falta de um acordo entre ruralistas e governo.

"A MP está para ser votada, e nós temos a posição do governo dada pela presidente Dilma. Ela declarou publicamente que o governo sempre estará aberto às negociações, mas não tem compromisso com resoluções que o governo não tenha sido consultado", disse o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Nós vamos a plenário para defendermos a medida provisória 571 (do código) naquilo que ela tem no seu original", acrescentou, pouco antes da sessão do plenário ser encerrada.

A votação na comissão mista, que analisou preliminarmente a MP, só foi possível porque houve um acordo unânime entre os parlamentares que se sobrepôs ao regimento e permitiu a aprovação de uma emenda que alterou um ponto sensível e caro ao governo, a chamada "escadinha". Esse dispositivo, na redação original da MP definia regras de reflorestamento nas margens de rios de maneira proporcional ao tamanho da propriedade. A comissão mista responsável pela análise prévia da MP aprovou uma modificação que amplia o rol de médias propriedades com direito a recompor uma faixa menor, além de diminuir a metragem mínima exigida para essas propriedades. Essa mudança irritou a presidente Dilma Rousseff, que questionou publicamente o acordo, dizendo que o governo "não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele".

Chinaglia questionou a atitude de ruralistas e oposição, afirmando que a proposta de acordo oferecida por eles "cassa" o direito da presidente de eventualmente vetar uma matéria. "Nós temos que separar os Poderes", disse. "Cada um tem o seu papel", acrescentou.

A medida tem de ser votada na Câmara e no Senado até 8 de outubro para não perder a validade. Mas, por conta das eleições municipais, o Congresso não tem funcionado durante todas as semanas do mês. Em setembro, em princípio, o Senado só funcionará na próxima semana, daí a necessidade de a MP ser votada ainda nesta semana na Câmara.

Contudo, Maia e Alves consideraram precoce afirmar que a MP perderá sua validade por não ter sido votada nesta semana. "Temos quase um mês ainda", disse Maia. O senador Henrique Eduardo Alves afirmou que ainda é possível construir um acordo nas próximas semanas que leve a Câmara a aprovar a MP. Os senadores seriam convocados extraordinariamente antes do dia 8 de outubro para aprovar a matéria a tempo.


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Fonte:
Ag Câmara/redacao NA/Terra

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1 comentário

  • Celso de Almeida Gaudencio Londrina - PR

    No acordo feito com a base do governo na comissão, esqueceu-se de consultar a Marina, que cobra condição do apoio dado para eleição da Presidente. Assim nada adianta discutir o que a Marina radicalmente não aceita. Os aumentos desmesurados havidos no Estatuto da Terra nos governos Sarney e FHC e a lei das punições ambientais encaminhada pelo ultimo e assinado, sem ler pelo Lula, deverão prevalecer. Quanto mais se exigir de APP mais a chamada RL avançara em áreas de alta aptidão para agropecuária. Ainda mais, um congresso que não sabe diferenciar cursos de água de até três metros de largura dos com mais de três metros até 10 metros de largura, fica patente que não tem condição de apreciar coisa alguma. Mais ainda que considere o Parque do Iguaçu como situado na costeira Mata Atlântica é uma lastima, mata que nunca foi pela dimensão considerada uma Floresta.

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