Soja: Com suporte do câmbio, preços sobem no Brasil e fecham com R$ 68 em Paranaguá nesta 4ª

Publicado em 27/05/2015 17:00

A quarta-feira (27) foi um dia de novas, mas ainda tímidas, altas para os preços da soja nos portos do Brasil. Com o dólar ainda forte frente ao real, o fechamento positivo na Bolsa de Chicago e os prêmios positivos, o valor em Paranaguá do produto disponível fechou o dia com R$ 68,00 por saca, registrando um ganho de 1,49%. Já em Rio Grande, a alta foi de 0,59% para R$ 67,90 - safra 2014/15, entrega julho/15 - e, em contrapartida, o preço para a safra nova caiu 0,68% para R$ 72,50, entrega maio/16. 

No interior do país as cotações também subiram e o destaque foam as pralas do Sul do Brasil. Em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, alta de 1,77% para R$ 57,50 por saca, em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, o preço avançou 0,89% para R$ 56,60; enquanto em Cascavel e alta foi de 1,8% também para R$ 56,60. Em Jataí, Goiás, o valor subiu 1,6% para fechar em R$ 55,58. 

Com esse cenário, e as cotações mais distantes perdendo força no mercado futuro norte-americano, o produtor brasileiro tem acompanhado todos os principais fatores de formação dos preços no Brasil e aproveitando os picos de cada um deles para participar de uma nova oportunidade de comercialização para o que ainda há da safra atual para ser vendido. 
Assim, ainda se observam no Brasil, segundo relatam analistas e consultores, negócios localizados e com volumes parcelados e vendas cadenciadas. 

"Essa instabilidade política e econômica no Brasil vai deixar o dólar nervoso ao longo do ano e isso pode ser um fator para deixar o nosso produto para o vendedor em níveis mais atraentes em determinados momentos. Temos que prestar bastante atenção na taxa de câmbio, porque pode dar uma ajuda na hora de fechar os valores em reais por saca", explica o consultor de mercado da Cerealpar, Steve Cachia. 

No atual momento, os sojicultores brasileiros têm mantido um certo ritmo de comercialização, aproveitando esses picos de preços que criam oportunidades de garantia de renda, completa o consultor. Além disso, Cachia afirma ainda que a demanda interna pela soja em grão e seus derivados também poderiam ser um fator de suporte para as cotações formadas no Brasil, bem como as exportações nacionais.

"Acredito que o mercado da soja vai continuar bastante aquecido para exportação, por mais que os Estados Unidos venham com uma grande safra. A demanda da China continua forte, há muita especulações de que o país estaria comprando em um ritmo menor, mas eu não acredito nisso. Acho que isso é temporário, os próximos meses devem mostrar que a China vai crescer ainda nas exportações e, com isso, acreditamos que a demanda para a soja brasileira continue firme, para a soja e para o complexo. E isso pode nos ajudar a não ficar com os estoques elevadíssimos no final do ano", diz Cachia. 

Paralelamente, nesta quarta-feira, o dólar registrou, ao longo de todo o dia, boas altas frente ao real, mantendo seu patamar de R$ 3,15 e o superando em alguns momentos ainda melhores dos negócios. E apesar de perder um pouco da força no final da sessão, ainda fechou acima dos R$ 3,10. Nas últimas quatro sessões, os ganhos acumulados já são de quase 5%, de acordo com informações levantadas pelo site G1. 

Bolsa de Chicago

Na sessão desta quarta-feira, as posições mais negociadas da soja na Bolsa de Chicago terminaram os negócios com pequenas altas de 1,75 e 4,50 pontos, e os ganhos mais expressivos foram registrados nas posições mais próximas. Assim, o julho/15 fechou valendo US$ 9,27 por bushel, enquanto o novembro/15 ficou em US$ 9,06. 

Poucas novidades movimentam o mercado de Chicago, uma vez que o foco se mantém no desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos, e como já é tradicional essa movimentação das cotações nesse período, como explicam analistas. E se de um lado o dólar mais alto frente ao real e outras moedas ajudou na formação dos preços da soja no Brasil, de outro, pesou no quadro externo e limitou as altas na CBOT. 

Ainda segundo Steve Cachia,o cenário técnico para os preços da soja na Bolsa de Chicago, porém, é baixista, bem como seus fundamentos.

Segundo o último reporte do departamento, a semeadura da soja dos Estados Unidos evoluiu, até o último domingo (24), para 61% da área, contra 45% da semana passada e 55% do registrado no mesmo período do ano anterior. A média dos últimos cinco anos para esse intervalo também é de 55% e as expectativas do mercado variavam entre 60 e 65%. 

"A expectativa era que talvez (o plantio) pudesse avançar um pouco mais no plantio, e essa especulação - mesmo que tenha havido algum tipo de problema climático no final de semana, deve ter sido em locais isolados - foi suficiente para deixar o mercado em alta, enquanto em um dia normal teria sido o mercado caindo ainda mais", explica o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar.

O USDA informou ainda que 32% das lavouras de soja já emergiram, contra o número de 13% da semana anterior, de 23% do ano passado e de 25% da média dos últimos cinco anos. 

No entanto, nas próximas semanas, até que seja definida a safra norte-americana, o mercado poderia ver uma reação pontual - embora sem consolidar uma tendência - possa impedir que o "mercado ainda mais tão cedo nessa temporada". 

De acordo com informações do site norte-americano Farm Futures, outro fator que contribuiu ligeiramente para esse fechamento positivo das cotações da soja em Chicago foi a atenção que o mercado teve à greve dos trabalhadores argentinos que entrou em seu sexto dia nesta quarta e que travaram os trabalhos no porto de Rosário. 

Veja como fecharam as cotações completas nesta quarta-feira:

>> MERCADO DA SOJA

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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