Boletim Carvalhaes: Semana marcada por eventos climáticos na América Central

Publicado em 23/11/2020 09:53

Santos, sexta-feira, 20 de novembro de 2020

As chuvas sobre as regiões produtoras de café no Brasil continuaram se expandindo em bons volumes e acumulados. Foram registrados ventos fortes e granizo em algumas cidades. A partir de hoje, elas diminuem. Os próximos dias deverão ser secos e as temperaturas irão subir. Essas chuvas estancam as perdas, mas não recuperam o que foi perdido. Agora precisaremos acompanhar o regime de chuvas e as temperaturas dos próximos três meses, período em que os frutos sobreviventes irão crescer e se transformar na safra brasileira de café 2021/2022.

Esta semana, os operadores estiveram com as atenções voltadas para as informações das agências internacionais sobre o furacão Iota – categoria 5, que chegou à América Central, atingindo cafezais em Honduras e na Guatemala. Há relatos de ventos e chuvas fortes nas regiões cafeeiras, alagamentos, deslizamentos e danos nas estradas. Essa tempestade, chega aos principais países produtores de café da região, logo após a passagem, duas semanas atrás, do furacão Eta que trouxe inundações, deslizamentos e matou muitas pessoas em uma grande faixa que se estendeu do Panamá ao sul do México (fonte: agência Reuters/Notícias Agrícolas).

Não temos informações sobre a extensão dos danos impostos aos cafezais da América Central com a passagem pela região de dois furacões em um curto período de duas semanas. Esses cafezais estão em plena época de colheita, manual e seletiva nesses países, que já vinha sendo feita com mais lentidão que a usual devido às restrições e cuidados impostos pela covid-19.

Depois de dois desastres meteorológicos seguidos a primeira preocupação da população local é procurar abrigo e meios de sobrevivência. A retomada dos trabalhos de colheita manual não será imediata.

Frutos maduros caem com facilidade quando atingidos por ventos e chuvas fortes. Certamente teremos perdas em volume e qualidade. Os cafés da região são usados para abastecer mais de 70% dos estoques certificados na ICE Futures US em Nova Iorque, e muito procurados pelos compradores de cafés especiais, diferenciados. Levará algum tempo para termos dados melhores sobre a extensão das perdas.

Com as atenções voltadas para as informações das agências internacionais sobre as perdas na produção de café da América Central, os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque subiram forte até ontem. Hoje, em um movimento de realização de lucros, tiveram queda acentuada e perderam parte da alta da semana. Os com vencimento em março de 2021 somaram até ontem 1100 pontos de alta. Recuaram hoje 515 pontos. No balanço da semana esses contratos subiram 585 pontos. A alta nesta sexta-feira de 1,34% do dólar frente ao real e o final da rolagem para março dos contratos de café com vencimento em dezembro próximo ajudaram a pressionar as cotações do café na ICE.

O mercado físico brasileiro de café apresentou-se firme e comprador até ontem. O valor das ofertas subiu, principalmente para os cafés arábicas de boa qualidade a finos e extrafinos. Saiu um volume maior de negócios, mas a maioria dos produtores continuou fora do mercado, preferindo aguardar uma melhor definição da produção brasileira no próximo ano e preços que reflitam a quebra da safra brasileira e as perdas na América Central e no Vietnã. Hoje, com o recuo acentuado das cotações em Nova Iorque e feriado municipal em Santos e em diversas regiões produtoras, o mercado físico trabalhou menos e encerrou a semana calmo.

A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.137.128 em 31 de outubro de 2020. Uma baixa de 264.937 sacas em relação às 6.402.065 sacas existentes em 30 de setembro de 2020.

Até dia 19, os embarques de novembro estavam em 1.296.139 sacas de café arábica, 166.487 sacas de café conillon, mais 46.091 sacas de café solúvel, totalizando 1.508.717 sacas embarcadas, contra 1.356.339 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 2.783.427 sacas, contra 2.776.143 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 19, subiu nos contratos para entrega em março próximo 585 pontos ou US$ 7,74 (R$ 41,68) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 812,59 por saca, e hoje dia 20 a R$ 840,90. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 515 pontos.

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Fonte:
Escritório Carvalhaes

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