Como a pandemia fez soluções colaborativas se tornarem regra, não exceção, por Dirceu Ferreira Júnior

Publicado em 11/11/2020 11:07
Dirceu Ferreira Júnior, líder de Inovação Aberta da divisão agrícola da Bayer para a América Latina

Desenvolver uma solução, por definição, é criar respostas para uma questão. Quando pensamos em soluções inovadoras, olhamos para formas inéditas ou pouco exploradas para resolver problemas.

Nenhum evento recente levou a uma proliferação tão grande de problemas como a crise do novo coronavírus, que no Brasil explodiu em meados de março e se agravou nos meses seguintes. Atores de todas as esferas e setores sofreram traumas violentos e foram obrigados a rapidamente encarar uma nova realidade enquanto ainda tentavam entender como seria o novo cenário, qual o tamanho dos estragos causados e qual a melhor forma de se proteger.

Nesse processo, mais ou menos doloroso de acordo com o setor observado, surgiram as soluções e, forçosamente, os aprendizados.

Responsável por garantir a produção e o abastecimento de alimentos, o agronegócio foi considerado essencial desde o princípio da pandemia. No Brasil, excetuando episódios de falta de itens em supermercados no começo da crise, causados não por uma ruptura na cadeia e sim por uma demanda irracional momentânea, não houve desabastecimento. Organizações internacionais como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) têm alertado frequentemente sobre a necessidade de o planeta desenvolver sistemas mais resilientes para abastecer a população.

Buscar formas de garantir esse abastecimento foi uma das prioridades do agronegócio brasileiro como um todo desde o início da crise. Não só era preciso garantir que a produção do campo continuasse chegando à cidade, mas logo notou-se que os principais obstáculos ao trabalho dos agricultores - dificuldades com logística, comercialização, fluxo de caixa, questões trabalhistas e regulatórias, busca por insumos, assistência - não poderiam se agravar de tal maneira que inviabilizassem sua forma de sustento.

Diante do problema, uma das soluções possíveis era contar com a ajuda de quem já entendia e trabalhava para resolver essas dores. Em conjunto com a aceleradora AgTech Garage, a Bayer desenhou uma iniciativa para convidar startups a ajudar os produtores durante o período mais crítico da pandemia. Em menos de uma semana foi projetado o "Desafio Covid-19: Soluções Digitais para o Agronegócio". Na sequência, a iniciativa ganhou força, agilidade e visibilidade com a colaboração essencial de outros parceiros, o marketplace Orbia e a instituição financeira cooperativa Sicredi.

Foi esse trabalho conjunto que permitiu que cerca de cem startups atendessem a chamadas por interessadas e que 20 delas, cujas soluções estavam maduras e prontas para serem disponibilizadas aos agricultores, fossem selecionadas. O mais importante: todos os envolvidos se dispuseram a trabalhar gratuitamente, para que produtores pudessem acessar as soluções sem custo. Dessa forma, o projeto ganhou escala e se tornou realmente efetivo para quem mais necessitava.

A iniciativa duraria dois meses, mas foi estendida devido ao interesse crescente e aos feedbacks enviados por quem utilizava o serviço das startups. Resultado: além dos mais de 9.000 acessos ao Desafio Covid-19 na plataforma Orbia, mais de 300 resgates efetuados e mais de mais de 1,3 milhão de visualizações dos vídeos sobre o projeto no canal FieldView TV ™, ficou evidente o interesse do produtor rural por soluções digitais que resolvam seus problemas, sejam eles causados por um vírus desconhecido ou não.

Momentos extremos como o atual exercitam também o senso de responsabilidade. Cabe àqueles mais bem-estruturados, com capilaridade e respaldo da sociedade, guiar o diálogo entre diversos atores em busca das novas soluções. É papel de empresas líderes como a Bayer tirar projetos do papel que possam alcançar de forma relevante quem mais precisa, seja de maneira mais pontual como no Desafio Covid-19, seja em caráter perene como no ConectarAGRO, associação civil sem fins lucrativos que busca ampliar a cobertura de rede no campo brasileiro.

Se tantas mudanças positivas são possíveis empurradas pela chegada de um fator extremamente negativo como uma pandemia, quanto podemos avançar em condições favoráveis? Quantos fazendeiros mais estariam dispostos a digitalizar sua lavoura se não carecessem de infraestrutura de rede no campo?

Ainda há muito a se solucionar e, principalmente, muito a se aprender. Processos amplos e colaborativos não podem se tornar exceções reservadas a períodos difíceis como uma pandemia. Quando vierem os dias mais calmos - e eles virão -, será preciso relembrar toda a força e potencial transformador de soluções desenvolvidas a partir da inovação aberta e lembrar de seu papel absolutamente fundamental para a produtividade do agronegócio em nosso país.
 

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Dirceu Ferreira Júnior

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