Fala Produtor - Mensagem

  • Angelo Miquelão Filho Apucarana - PR 21/06/2019 13:09

    Seguro agrícola ou seguro de produção? ... Ainda há pouco recebi aqui em minha propriedade um funcionário de uma determinada cooperativa, me trazendo novidades..., novidades as quais de imediato repudiei e, deixei bem claro o porquê do repudio... Fala-se muito em seguro agrícola, seguro este que favorece a tão somente os cedentes de crédito, sejam bancos, cooperativas ou lojas de insumos, onde e, por não terem acesso ao crédito bancário, estes se sujeitam as normas e juros por eles estabelecidos etc. Mas voltemos ao seguro, bem, cabe aqui uma ressalva, afinal o agricultor é quem paga o seguro para os cedentes do crédito, seja o crédito em dinheiro ou mercadorias, insumos agrícolas. Pois bem, acontece que eu vejo uma injustiça neste "seguro", penso que as cooperativas, bancos e afins, deveriam ter uma participação nos custos destes seguros e não tão somente empurrar para cima dos tomadores de crédito, afinal eles também querem vender, seja o dinheiro, seja os insumos e, portanto nada mais justo que arcarem com 50% dos custos do seguro agrícola. Ou então que estabeleça um seguro de produção, este tomaria como base os últimos cinco anos de produção do assegurado, se nestes cinco anos a média fosse de 130 sacas de soja, o seguro contemplaria esta produção em caso de sinistro, garantindo assim a renda do agricultor e não somente a das cooperativas e afins. Hoje está na moda as cooperativas, lojas de insumos e até mesmo os bancos, obrigarem os tomadores de crédito a pagarem por um seguro que eles mesmos vendem, o que vai contra as leis do CDC e claramente caracteriza a venda casada, que é quando um consumidor quer adquirir um produto ou serviço específico mas o estabelecimento o induz ou condiciona a venda dele à contratação de outro produto ou serviço não desejado inicialmente, de uma forma forçada. É uma prática indutiva, abusiva e lesiva a todos nós agricultores e consumidores de modo geral.

    Eu contratei um seguro de milho safrinha, foram mais de nove mil e seiscentos reais, ou seja, mais de trezentas sacas de milho de custo para mim, eu consideraria justo que a empresa cedente pagasse no mínimo a metade, não vejo justiça em fazer ou arcar com um seguro que garanta somente os interesses de outros.

    Não sei se consigo me fazer entender, mas sei o quanto me custa ser agricultor no Brasil, onde e, além das muitas pragas e instabilidades climáticas, ainda somos obrigados a pagar por coisas que não nos conferem nenhuma vantagem, sem contar o ônus ambiental que recai sobre nossas costas, que ao meu ver é também injusto. As empresas e bancos querem toda as garantias, mas não dão se quer uma pá de terra em garantia das nossas produções ou do dinheiro resultante destas quando lá depositados. A faca é de um lado só, corta apenas a nossa carne, quando deveria cortar a de todos os envolvidos no processo. Estamos sofrendo exigências a todo momento, mas não há sinais de uma contrapartida por parte dos envolvidos que ficam do outro lado da mesa e, assim não dá mais, daqui a pouco poucos resistirão e muitos desistirão desta profissão que gera divisas e protege a vida de cada ser humano no Brasil e no mundo.

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    • Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR

      Alguém uma vez me disse: "quando a agricultura vai bem, todos vão bem; quando a agricultura vai mal, só o agricultor vai mal"... Infelizmente é assim, os ônus e riscos da atividade somente são assumidos por nós, enquanto o restante da cadeia continua a manter sua margem de lucro. E dá-lhe cooperativas e empresas agrícolas a estimular safrinha, troca de máquinas, adubos milagrosos (e caríssimos) , sem falar nos tais "foliares", que aumentam em 10% a produção (mas sempre na lavoura do vizinho)... A meu ver a solução é plantar olhando sempre o custo-benefício, sem mágicas e perfumarias..., ou como disse um outro cara, "as vezes, menos é mais"...

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