Fala Produtor - Mensagem
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J. Fernando Paiva Londrina - PR 19/02/2021 09:27
Comentário referente a notícia: Paulo Nicola volta ao NA para avisar: "agora não é hora de comprar o adubo, nem de fazer o barter"-
Nadir Sousa
Gameleira de Goiás - GO
Sempre faço barter de fertilizantes. Esse ano mais pontos de P e K por 2 sacas de soja a menos por ha
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Nadir Sousa
Gameleira de Goiás - GO
Sr. Paulo Nicola, primeiramente gostaria de afirmar minha admiração por sua pessoa. Li seu livro "Lucre sempre com a soja" onde encontrei diverso conteúdo extremamente útil e coerente.
O objetivo do meu comentário é debater sobre o tema... Me parece um tanto simplista e unilateral afirmar que as empresas de adubo estão "sojalizando" seus produtos, ao comparar preços praticados no mercado no ano passado com o dólar.
Antes de mais nada, quero afirmar que, assim como o sr., também sou administrador de propriedade rural, não em larga escala, mas sim pequena.
No meu ponto de vista, o mercado precifica a soja da mesma forma como precifica o insumo (adubo). Essa precificação se dá por diversos fatores, sendo para soja (que é o principal objeto da discussão), clima, estoque mundial, perspectiva de aumento (ou diminuição desse estoque), e também a demanda.
O ano passado talvez tenha convergido uma série de fatores os quais contribuíram para a variação do preço da soja no mercado internacional, que embora tenha sido "estrondosa" para nós brasileiros (em função do câmbio), ainda está longe da resistência histórica na CBOT.
Agora, afirmar que parte da alta no mercado internacional tenha também como causa a pandemia também acho ser precipitado.
Já com outras commodities, como é o caso dos fertilizantes, talvez seja diferente, e seu preço TAMBÉM tenha sido afetado no mercado internacional, mas por causa da pandemia.
Uma evidencia disso é analisar a variação de ações de empresas fabricantes de adubo no mercado internacional, na ausência do preço da commoditie propriamente dita.
Se analisarmos as ações da YARA (YARIY), percebemos que no período citado pelo Sr., ela valia cerca de US$ 15,42. Já em meados de fevereiro/21, a mesma ação foi negociada a US$ 24,47, uma valorização de mais de 58%!
A partir do ponto de vista apresentado pelo sr. poderíamos afirmar que o aço também foi "sojalizado", uma vez que implementos agrícolas e tratores, produtos cuja principal materia prima é o aço, também sofreram aumentos absurdos, mas sabidamente amparados na variação do preço do minério de ferro. Veja, por exemplo, a variação do preço da ação da Vale do Rio Doce, negociada na B3 (VALE3), que custava R$ 46,71 em 13/05/20 e custava R$ 93,89 em 12/02/21, uma variação de mais de 100%.
De qualquer forma acho extremamente válida sua colocação, pois é a partir do debate e da troca de ideias que conseguimos evoluir e refletir sobre alternativas que nos proporcionem enfrentar o dia-a-dia com maior facilidade.
Um abraço, J. Fernando Paiva