Carne bovina, suína e soja são destaque na demanda por produtos agrícolas da China no Brasil, que pode dobrar até 2050

Publicado em 04/08/2020 12:12 e atualizado em 04/08/2020 22:00
Qu Yuhui - Ministro-Conselheiro da Embaixada da China
Ministro Conselheiro da Embaixada da China, Qu Yuhui, fala com exclusividade ao Notícias Agrícolas e detalha o crescimento e a diversificação da pauta comercial que pode incluir laticínios, frutas, café e milho.

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Entrevista com Qu Yuhui - Ministro-Conselheiro da Embaixada da China sobre a Demanda da china por produtos Brasileiros

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O Ministro-Conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, falou com exclusividade ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (4) detalhando as projeções de aumento de consumo por produtos agropecuários pela China, o qual deverá dobrar ate 2050, com o Brasil tendo papel determinante como fornecedor da nação asiática. Entre os destaques estão ainda a soja, a carne suína e, principalmente, a carne bovina. 

O aumento e a sofisticação da demanda chinesa por alimentos pode ser atribuído, essencialmente, a um aumento do processo de urbanização da população e uma classe média de 400 milhões de pessoas, que é a maior do mundo. "Isso representa um potencial de consumo muito forte e uma demanda por produtos cada vez mais diversificados. E o papel do Brasil é muito importante neste crescimento", diz o ministro. 

Yuhui cita ainda um estudo da FAO - o braço da ONU para agricultura e alimentação - que mostra que este aumento da demanda global por produtos agrícolas deve ser atendido essencialmente pela produção brasileira. "E o Brasil pode fazer isso de maneira sustentável, ou seja, não precisa expandir muito a a área, mas apenas com a introdução de novas tecnologias. E isso para a China é uma grande notícia", afirma. "Nós encorajamos as empresas chinesas a trabalharem com o lado brasileiro na inovação e em uma maior ênfase no uso de novas tecnologias, dando mais atenção à questão de economia verde e meio ambiente", completa. 

O comércio bilateral entre Brasil e China vam se intesificando e as relações comerciais, se intensificando, e a visão deste cenário "para este ano e para o ano que vem é cautelosamente otimista", afirma o representante da nação asiática. No primeiro semestre, o saldo do comércio bilateral entre as duas nações foi positivo em 6,5%. "Isso foi feito apesar de todos os impactos da pandemia, o que mostra a resiliência do nosso comércio", completa. 

CARNES 

Embora a carne suína seja a mais consumida na China, aos poucos o comportamento chinês venha mudando e o consumo da carne bovina vem crescendo consideravelmente e ultrapassar os atuais 4 kg pe capita/ano. Assim, as importações deverão dobrar por parte dos chineses até 2027. 

"Nos últimos quatro anos, tivemos um aumento de seis vezes de carne bovina brasileira importada pela China e a carne bovina importada pela China já responde por 30% da exportação brasileira. Isso mostra o potencial do consumo de carne bovina", detalha o ministro. "E vamos depender cada vez mais de importação de carne suína, por outro lado. Até 2010, a China era autosuficiente e a produção da China respondia por 60% da produção mundial. Hoje em dia, essa participação já caiu para 45%, ou seja, estamos cada vez mais dependendo da importância de carne suína", completa. 

Hoje, o Brasil é o terceiro maior exportador desta proteína para a China, ficando atrás apenas dos EUA e da União Europeia, mas com espaço para ampliar ainda mais sua participação. 

DIVERSIFICAÇÃO DA PAUTA IMPORTADORA

Além das proteínas e da soja, Qu Yuhui afirma que os governos chinês e brasileiro estão atuando para ampliar os itens do comércio agropecuário incluindo frutas, cereais, laticínios e café, entre outros. 

"Nestes primeiros cinco meses do ano, o grão de café exportado do Brasil para a China teve aumento de quase 20% e como a China já é um dos grandes clientes em termos de café, acho que o produto brasileiro terá um grande mercado na China, onde o consumo está crescendo quase 35% por ano", explica o ministro ao Notícias Agrícolas. 

MILHO

Uma das metas do Brasil é importar milho para a China e os dois governos - com o MAPA e a Secretaria de Alfândegas da China - agora discutem os termos concretos de um protocolo para a comercialização do cereal. Hoje, o milho importado no mercado chinês ocupa algo como 9% a 10%, mas esse percentual deverá crescer nos próximos anos. 

"No primeiro trimestre deste ano, a China teve um aumento de 27% na sua importação de milho. Todavia, a competição internacional é muito grande. Neste momento, a China importa, sobretudo, da Ucrânia e dos Estados Unidos e, portanto, se o milho brasileiro vai ocupar uma fatia do mercado chinês vai depender de muitos fatores. O consumo da China, o ritmo da expansão das importações, o ritmo das negociações entre autoridades governamentais sobre o protocolo de comercialização, etc. Mas como o Brasil é um país que vem aumentando sua produção, esse potencial existe, só precisamos entender como vamos viabilizar esse potencial", explica.

Trump volta a minimizar acordo com China e diz que não se sente 'da mesma forma'

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a minimizar a importância do acordo comercial com a China, assinado em janeiro deste ano. "O acordo com a China foi um grande acordo, mas não me sinto mais da mesma forma sobre isso", afirmou o republicano, em uma entrevista à Fox Business. O líder da Casa Branca também culpou Pequim pela pandemia de covid-19 e disse que o país asiático poderia ter parado a disseminação do coronavírus em Wuhan.

No dia 23 de julho, Trump já havia relativizado o pacto comercial sino-americano, em uma coletiva de imprensa sobre a pandemia. "O acordo comercial com a China significa muito menos para mim hoje do que quando o assinei", declarou o republicano na ocasião.

De acordo com fontes ouvidas pela Dow Jones Newswires, o representante comercial americano, Robert Lighthizer, e o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, principal representante do presidente Xi Jinping em assuntos econômicos, devem realizar uma videoconferência no dia 15 de agosto para avaliar o acordo comercial.

Na entrevista à Fox Business, Trump mostrou confiança na recuperação econômica dos EUA. "Com certeza teremos uma recuperação em V", disse o republicano, que também descartou novas quarentenas no país. "Abriremos as escolas e queremos que as pessoas voltem ao trabalho", acrescentou.

O líder da Casa Branca ressaltou que será divulgado, na sexta-feira, o relatório de empregos (payroll) de julho. Nos últimos dois meses, houve criação de vagas de trabalho, após o impacto da pandemia. "Estávamos indo muito bem, mas fomos atingidos pela praga chinesa", afirmou Trump. 

Embaixador da China nos EUA diz que Pequim não quer aumento adicional nas tensões

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WASHINGTON (Reuters) - A China não deseja que as tensões entre Pequim e Washington aumentem ainda mais após o fechamento de consulados dos dois países nas últimas semanas, disse nesta terça-feira o embaixador chinês nos Estados Unidos.

Com um tom conciliatório quando questionado sobre a deterioração dos laços bilaterais, o embaixador Cui Tiankai disse, em participação no Fórum de Segurança de Aspen virtualmente, que as duas principais economias do mundo deveriam trabalhar para a cooperação em vez de se confrontarem.

"Não acho que uma nova Guerra Fria sirva aos interesses de ninguém", disse Cui. "Por que devemos permitir que a história se repita... quando nos deparamos com tantos novos desafios?", disse, enquanto rejeitava as alegações norte-americanas de espionagem chinesa no consulado de Houston, fechado por Washington no mês passado.

Os laços entre EUA e China deterioraram-se acentuadamente neste ano em razão de questões que vão desde o coronavírus e a fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei até as reivindicações territoriais do país asiático no Mar do Sul da China e sua repressão em Hong Kong.

Os editoriais de mídia estatais chineses afirmaram que a decisão dos EUA contra o consulado de Houston foi uma tentativa de culpar Pequim por falhas nos EUA antes da candidatura de Donald Trump à reeleição em novembro.

Pesquisas de opinião mostram Trump atrás do seu rival democrata, Joe Biden. Os candidatos parecem competir para mostrar quem pode adotar o tom mais duro em relação a Pequim.

Stonex eleva projeções de exportação e importação de soja pelo Brasil; vê safra recorde

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil foi estimada em 81 milhões de toneladas em 2020, informou nesta terça-feira a consultoria Stonex, que elevou em 1 milhão de toneladas a projeção na comparação com avaliação divulgada em julho.

Com os embarques fortes do Brasil, a consultoria também aumentou em 500 mil toneladas a projeção de importação da oleaginosa pelo país neste ano, para 1 milhão de toneladas, volume este que deverá ajudar a indústria processadora a atender demandas por farelo e óleo de soja em meio a estoques apertados da matéria-prima nacional.

Já a safra de soja do Brasil 2020/21, que será semeada a partir de setembro, foi estimada em um recorde de 132,6 milhões de toneladas, afirmou a consultoria, em relatório divulgado à imprensa.

"Esse recorde é resultado de uma área plantada, em 38 milhões de hectares, e de uma recuperação da produtividade, após a forte quebra registrada pelo Rio Grande do Sul no ciclo 2019/20", disse a Stonex.

A consultoria estimou volumosas safras para os três maiores Estados produtores da oleaginosa: 35,6 milhões de toneladas (em Mato Grosso), 21,2 milhões de toneladas (Paraná) e 19,9 milhões de toneladas (Rio Grande do Sul).

Neste cenário, a expectativa é que o balanço de oferta e demanda da soja fique um pouco mais confortável em 2020/21.

"A demanda doméstica e as exportações foram estimadas em 49 e 82 milhões de toneladas, respectivamente", informou a StoneX, com os estoques finais projetados em 2,47 milhões de toneladas.

Para 2020, os estoques finais estão projetados em 0,65 milhão de toneladas.

MILHO

O plantio da primeira safra de milho 2020/21 no Brasil deve alcançar 4,16 milhões de hectares, queda em relação aos 4,21 milhões de hectares registrados na temporada anterior.

A produtividade estimada pela StoneX aponta aumento de 6,21 toneladas por hectare para 6,66 toneladas por hectare.

Desta forma, apesar do recuo na semeadura, a produção do cereal foi projetada em 27,7 milhões de toneladas, um avanço ante os 26,16 milhões colhidos em 2019/20.

A consultoria disse também que, apesar de a produção total de milho poder variar bastante, uma vez que ainda não há estimativas para a segunda safra 2020/21, o patamar de 100 milhões de toneladas tem grande potencial de continuar sendo superado.

"Esse aumento da produção foi condicionado pelo registro de rendimentos acima do esperado, à medida que a colheita da safrinha atual avança, levando a uma perspectiva de produção recorde no inverno, em 73,3 milhões de toneladas", afirmou.

Inicialmente, a produção total de milho 2020/21 está estimada em 102,44 milhões se toneladas, segundo a StoneX, ante 100,9 milhões registrados no ciclo anterior.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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