Campo Futuro analisa custos de produção de grãos, carne, cana e hortaliças em quatro estados
O projeto Campo Futuro promoveu nesta semana quatro painéis virtuais para analisar os custos de produção da pecuária de corte (MG), grãos (PA), cana-de-açúcar (GO) e hortaliças (RJ). Os encontros online foram adotados pela CNA como medida de segurança contra o coronavírus para evitar o contágio da doença.
Grãos - Em Paragominas (PA), o painel foi promovido com apoio da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e do Sindicato Rural do município. De acordo com o assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Fábio Carneiro, a média de produtividade na região ficou em 50 sacas por hectare de soja, abaixo do esperado pelos produtores.
“O painel apontou que a soja pagou o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT), mas não cobriu o custo total da lavoura, que teve um aumento de 15% em comparação ao painel realizado na região na safra 2017/2018.”
Carneiro ressaltou que o atraso da chuva limitou a janela de segunda safra, que geralmente é semeada com sorgo. Segundo o levantamento, a lavoura de sorgo paga apenas o COE do produtor. “Já os produtores afirmaram que alguns campos de testes na produção de gergelim têm ido muito bem e podem ser uma alternativa de segunda safra nos próximos anos”.
Em relação ao milho, a maior parte é direcionada à alimentação animal na produção de carnes no mercado doméstico no próprio estado do Pará. “Com o aumento dos preços do milho e a comercialização após a colheita, os produtores tiveram boas margens e conseguiram pagar todos os custos da lavoura”, afirmou Carneiro.
Cana - No painel em Rio Verde (GO), o levantamento mostrou que os produtores de cana-de-açúcar investem fortemente em tecnologias de insumos que impactam no custo de produção, porém contribuem para aumentar a produtividade e a rentabilidade.
“O custo da formação do canavial nessa safra foi de R$ 9.533 por hectare. Para esse ano houve um aumento de 5,7% na produtividade, que foi de 93 toneladas de cana por hectare, e de 2,7% na quantidade de ATR (Açúcar Total Recuperável) por tonelada de cana,” explicou Rogério Avellar, assessor técnico da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA.
Em relação às operações, Avellar afirmou que os produtores aumentaram em 11,7% o plantio manual, proporcionando melhores resultados para o canavial. “Hoje eles têm 95% do plantio manual e ao mesmo tempo em que reduziram a quantidade de mudas em 16,6%, totalizando 10 toneladas por hectare.”
O custo operacional total foi de R$ 80,37 por tonelada de cana e a receita bruta de R$ 100,83, chegando a uma margem líquida de R$ 20,46/t. Quando se inclui o custo total, de R$ 102,58/t, a rentabilidade fica negativa em R$ 1,75/ton.
O encontro teve a participação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Sindicato Rural de Rio Verde e da Associação de Produtores de Matéria-Prima para as Indústrias de Bioenergia de Goiás (APMP)
Alface - Em Sumidouro (RJ), o projeto Campo Futuro analisou uma propriedade modal de cinco hectares de alface irrigados, onde são produzidas 17.777 caixas ha/ano, em cinco ciclos produtivos. Segundo o levantamento, os produtores não fazem uso de financiamentos para cobrir as despesas de custeio. O recurso vem do próprio produtor.
“O Custo Operacional Efetivo da produção de alface na região é de R$ 5,20 por caixa e o Operacional Total é de R$ 5,25. O Custo Total é de R$ 5,81. Considerando que o produtor tem recebido um preço médio de R$ 7,32, a margem bruta e a líquida foram positivas, assim como no exercício de lucro/prejuízo que apontou um lucro de R$ 1,51 por caixa”, destacou Erivelton Cunha, da Comissão de Hortaliças e Flores.
Segundo ele, os custos do produtor com insumos são diluídos, pois esse modal é conduzido por parcerias que arcam com 50% desse custo. “No entanto, a mão de obra do parceiro tem representado elevada participação no custo, sendo responsável por 70% do COE.”
O painel teve o apoio da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio de Janeiro (Faerj) e do sindicato dos produtores rurais do município.
Pecuária de corte - Em Minas Gerais, o levantamento mostrou que os produtores de Nova Ponte produzem bezerros como alternativas a outras culturas como soja e milho. Na propriedade analisada, de 300 hectares, apenas 80 são cobertos com pastagens e conseguem suportar bem os animais durante o verão.
“Verificamos que a maior fonte de renda dessa propriedade ainda é a agricultura, respondendo por mais ou menos 82% da receita anual desse sistema de produção e os outros 18% provem da venda dos animais com genética superior”, afirmou Giovanni Penazzi, analista do Cepea.
De acordo com ele, a produção media da área agrícola consegue pagar os custos de produção efetivo e também a depreciação de bens na pecuária, além de conseguir manter a atividade rentável no longo prazo.
“Porém, quando analisamos a remuneração de capital, devido ao alto valor de investimento, notamos que, com a produtividade média, esse sistema de produção não é rentável no longo prazo, ficando com a taxa de remuneração abaixo dos 3,5% previstos para este ano como custos de oportunidade”.
Para Ricardo Nissen, assessor técnico de Bovinocultura de Corte da CNA, o sistema se destaca pela grande produtividade em áreas de pastagem, modelo que associa a reforma das pastagens com a agricultura, potencializando o uso do solo.
“Ainda na região, os produtores costumam fazer uma boa suplementação mineral aos animais, fornecendo sal mineral nas águas e proteinado nas secas, o custo com a suplementação animal representa 5,7% do custo operacional efetivo.”
Estiveram presentes no levantamento representantes do Sistema Faemg e do sindicato rural de Nova Ponte.
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