Grupo de pais busca revisão em materiais didáticos para mudar a forma de como o agro é representado nas escolas

A percepção de Letícia e Helen Jacintho de que a representação do agronegócio em livros didáticos era feita com uma conotação pejorativa, na maioria das vezes, começou ainda dentro de casa, acompanhando o estudo dos filhos. Em 2018, elas e outros pais de alunos de uma escola particular de Barretos (SP) questionaram a instituição a respeito da abordagem no material didático, e hoje levam a pauta da revisão de livros e apostilas para autoridades, políticos e associações da área do agronegócio. 

O grupo de pais de alunos criou o perfil na rede social Instagram (@deolhonomaterialescolar) para poder compartilhar exemplos que precisam ser revistos, e após uma live com participação do professor Xico Graziano em que imagens de livros didáticos foram mostradas como exemplo, a causa cresceu.

"Depois disso, começamos a receber relatos e exemplos de representações negativas do agro brasileiro enviados por mães e pais de várias regiões do Brasil, mas também de ações positivas que são realizadas", conta Letícia. 

A pauta ganhou apoio de outras autoridades, como o ex-ministro da Agrivultura, Roberto Rodrigues, além de entidades do setor, como a Sociedade Rural Brasileira, e chegou até a Frente Parlamentar da Agropecuária.

"Nossa questão foi muito bem recebida pelos parlamentares, que já estão se articulando para promover uma reunião incluindo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Ministério da Educação (MEC) e debater a revisão de livros didáticos e apostilas por todo o país", explicou Helen. 

Além de levar a pauta da contextualização da realidade do agronegócio no Brasil para o material didático, segundo Helen, "sem apagar os erros cometidos no passado, mas trazendo um contraponto e mostrando a atual realidade", o grupo em Barretos leva alunos e professores para terem contato com a produção rural no campo e na agroindústria. 

"A iniciativa faz com que as crianças vejam como o produtor rural de hoje precisa saber lidar com as tecnologias, como cuida do meio ambiente e dos funcionários", disse Helen, e Letícia complementa: "além de brilhar os olhos das crianças, é muito interessante ver a reação dos professores ao perceber que a realidade é diferente do que é retratado nos livros". 

Abaixo, confira na íntegra a carta enviada pelo grupo de pais à escola em Barretos, incluindo imagens de exemplos de como os livros didáticos representam o agronegócio brasileiro: