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Crise na cafeicultura: Quebra de safra no Brasil deve tirar até 12 milhões de sacas de café do mercado neste ano

Publicado em 27/05/2021 11:46 e atualizado em 27/05/2021 14:02
Nathan Herszkowicz - Vice-Presidente da Sindicafé-SP
Sem estoque remanescente e com preços altos, torrefadores começam a ter dificuldades em adquirir matéria-prima; Sindicafé-SP comenta urgência em achar alternativas para não faltar café no mercado interno

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Entrevista com Nathan Herszkowicz - Vice-Presidente da Sindicafé-SP sobre o mercado de café

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A crise para o setor cafeeiro, observada pelos produtores desde o ano passado, começa a chegar em outros elos da cadeia cafeeira. Com uma oferta restrita, sem estoque de passagem, torrefadores já encontram dificuldades para comprar café e o preço do produto no varejo também já começa a ser impactado. 

"De fato o setor industrial de café passa por uma crise que eu nos 30 anos de café que eu tenho, poucas vezes eu vi igual. Os preços do café sobem sem aviso, de forma explosiva. Houve um aumento entre 80% e 100% na média e esses novos custos não conseguem ser repassados com facilidade pela indústria pelo varejo, então a indústria fica consumindo seu estoque sem poder comprar porque o preço de compra é maior do que o preço de venda do produto final", afirma Nathan Herszkowicz - Vice-Presidente da Sindicafé-SP.

Herszkowicz afirma ainda que com custos elevados, a grande maioria das indústrias - micro e pequenas empresas, não têm condição de pagar pelos preços e muitas estão com as atividades paralisadas ou fechando as portas. "Por isso a gente teme que falte café esse ano aqui no Brasil, o que é extremamente esquisito depois de um ano em que nós tivemos recordes na produção, recordes na venda de café externo e mercado interno, mas nesse ano tudo indica que nós vamos chegar pelo mês de agosto/setembro com grande possibilidade de faltar café na mesa", comenta. 

Há pelo menos cinco anos o Brasil não conta mais com estoques governamentais e a preocupação do setor não é apenas com o abastecimento interno, mas também com a exportação do produtor que vinha com um bom ritmo e principalmente mostrando que o Brasil conquista cada vez mais espaço, como o aumento de cafés certificados na ICE. 

"Na verdade a preocupação é com o consumo interno e com a exportação também. O que ocorre é que nós tivemos ano passado, um ano expecional, ao contrário do que está sendo 2021. Nós tivemos uma produção recorde, nós tivemos uma exportação muito grande que se baseou inclusive nos estoques remanescentes de algumas indústrias exportadoras, mas que hoje não existe mais e nós tivemos um consumo interno elevado", acresceta. Afirma ainda que os estoques privados em 2021 também já estão mais baixos quando comparado com os anos anteriores. 

"Nós torrefadores temos um problema, o custo da saca de café é hoje maior que o custo do pacote de café industrializado, o que é um absurdo. Hoje um saca de café que custa R$ 800,00 é mais cara que essa mesma saca de café industrializada e vendida. É uma situação inimaginável, por isso que as empresas não estão aguentando. Nós temos que achar alguma solução se não vai faltar o café na mesa do brasileiro", afirma o vice-presidente. 

Apesar do consumidor brasileiro começar a perceber o aumento de preços há pouco tempo, Nathan afirma que a "luz vermelha" começou a alertar o setor já no ano passado, na época de florada, justamente quando a falta de chuva e as temperaturas começaram dar indícios de uma quebra de safra expressiva. Com a chegada da colheita, os problemas no parque cafeeiro mostram ainda mais problemas, com grãos chochos ou pequenos demais para garantir uma produção em grande escala e também de qualidade satisfatória. 

Nesta semana o 2º Levantamento da Conab divulgou que a safra 21 do Brasil não deve ultrapassar as 49 milhões de sacas, um número que segundo Nathan já traduz a falta de café. Os dados do vice-presidente, a soma dos valores entre consumo interno e exportação é muito maior do que se prevê na produção.

"Ou seja, vai faltar no mercado brasileiro, entre exportação e consumo, mais do que 10-12 milhões de sacas. Essa é a quebra que vai acabar restrigindo a oferta de café no mercado, bem como aumentar o preço da matéria-prima, que já é o que está acontecendo e ainda não aconteceu de forma intensa no preço do pacote de café no varejo para o consumidor", acrescenta. 

Em comparação com outros produtos, que subiram entre 20% e 30%, de acordo com Nathan, o preço do café no varejo subiu cerca de 1,3%. "No ano passado isso foi possível porque as safras grandes que nós tivemos permitiram manter preços, seja na cooperativa, produtor ou indústria. Não é a situação que acontece esse ano. Parece que esse ano o mundo virou ao contrário para a indústria do café, nós não temos estoques e o café não tem a qualidade que se esperaria", afirma. 

Alerta também que além desta safra, a safra 22 já está prejudicada, refletindo os impactos do clima irregular. "A ciência explica que no ano que vem nós vamos ter problemas, mas há problemas também, segundo os técnicos agrônomos, que vamos ter um problema também em 23", afirma. 

Confira a entrevista completa no vídeo acima

 

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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