Dólar sobe ante real mesmo após leilão do BC; inflação e política monetária concentram atenções
![]()
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançou acentuadamente nesta sexta-feira, depois que um leilão de moeda à vista anunciado pelo Banco Central não conseguiu frear a pressão compradora, enquanto investidores debatiam o que uma leitura mais fraca do que o esperado do IPCA significará para a política monetária brasileira.
A moeda norte-americana à vista subiu 0,69%, a 5,6136 reais na venda. Na B3, às 17:41 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,66%, a 5,6350 reais.
No acumulado da semana o dólar spot caiu 1,14%, depois de fechar a última sexta-feira em 5,6785 reais.
Durante a sessão --num momento em que o dólar rondava máximas na casa de 5,63 reais-- o Banco Central anunciou leilão de moeda à vista no mercado interbancário de câmbio, primeira intervenção do tipo desde 19 de outubro deste ano. Na operação, foram vendidos 687 milhões de dólares.
Participantes do mercado disseram que o leilão respondeu a um forte fluxo de remessas sazonais de recursos ao exterior, e que o BC não levou em consideração o preço da moeda ao anunciar a intervenção.
ALÍVIO NA INFLAÇÃO
Nesta sexta-feira dados mostraram que a inflação ao consumidor no Brasil deu sinais de descompressão em novembro, com o IPCA subindo 0,95%, leitura abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 1,08%.
Alguns especialistas avaliaram que o resultado não será suficiente para afetar o posicionamento mais agressivo do Banco Central em relação à inflação. Em nota, a Rio Bravo Investimentos afirmou que "ainda é cedo (...) para afirmar que estamos em um ponto de inflexão da tendência de alta (dos preços) dos últimos meses", enquanto Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, disse acreditar na manutenção do ritmo de aperto monetário da autarquia.
Mas outros analistas de mercado afirmaram que a surpresa para baixo no IPCA pode levar o BC a diminuir a dose da alta de juros já na reunião de fevereiro do Copom. David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America para Brasil, disse em relatório que espera agora alta de apenas 1 ponto percentual na taxa Selic para o encontro.
Os juros básicos estão atualmente em 9,25% ao ano, após o Copom elevá-la em 1,5 ponto na última quarta-feira e sinalizar aumento da mesma magnitude no início do ano que vem em meio a preocupações com a desancoragem das expectativas para as altas dos preços.
No geral, custos de empréstimos mais altos são vistos como benéficos para o real, já que significam retornos mais altos para investimentos no mercado de renda fixa local, e uma taxa Selic mais baixa do que o esperado anteriormente ao final do ciclo de aperto monetário poderia afetar o apelo da divisa brasileira.
A mais recente pesquisa semanal Focus, do Banco Central, aponta taxa Selic de 11,25% ao ano no final de 2022, mas algumas instituições financeiras projetam os juros em patamares mais elevados.
Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, disse à Reuters nesta sexta-feira que, para além da política monetária doméstica, investidores devem ficar atentos aos próximos passos do banco central norte-americano, o Federal Reserve, em meio a apostas crescentes de altas antecipadas de juros nos Estados Unidos devido a sinais de aceleração da inflação e aperto no mercado de trabalho.
Dados divulgados mais cedo mostraram que o índice de preços ao consumidor dos EUA avançou 0,8% em novembro em relação ao mês anterior, ganhando 6,8% em 12 meses, alta mais expressiva desde 1982. Na véspera, uma leitura mostrou o número de pedidos semanais de auxílio-desemprego do país caindo a uma mínima em mais de 50 anos.
Eventual aceleração no ritmo de redução de estímulos do Fed e subsequentes aumentos de juros representam riscos ao desempenho do real, disse Steiman, chamando a atenção ainda para incertezas sobre o crescimento econômico e a saúde fiscal do Brasil.
0 comentário
Dólar se firma em baixa ante o real após Bolsonaro cancelar entrevista
Indonésia prevê a assinatura de um acordo tarifário com os EUA em janeiro e afirma que todas as questões foram resolvidas
Confiança do consumidor dos EUA se deteriora em dezembro
Wall St tem pouca movimentação com alta de rendimentos de títulos após dados do PIB
Produção manufatureira dos EUA fica inalterada em novembro
Ibovespa tem alta firme após IPCA-15 abaixo do esperado