Navio da Marinha chega a São Sebastião enquanto se prevê mais chuvas após 49 mortes no litoral norte de SP

Publicado em 23/02/2023 15:53 e atualizado em 23/02/2023 17:17

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Por Eduardo Simões

 

 

SÃO PAULO (Reuters) -Um navio da Marinha equipado com leitos hospitalares, helicópteros e veículos de desembarque chegou nesta quinta-feira a São Sebastião para ajudar nos trabalhos de resgate das vítimas das fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo, matando ao menos 49 pessoas, deixando pelo menos 38 desaparecidos e mais de 3 mil fora de suas casas.

O temporal, o mais volumoso já registrado no Brasil em 24 horas desde o início deste o início deste tipo de medição, com mais de 630 milímetros de chuva, deixou um rastro de destruição e bloqueios de rodovias. Mas em um alento para os trabalhos de resgate e ajuda humanitária, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou a liberação da rodovia Rio-Santos, após temores de que a via tivesse sido arrastada pelo temporal.

No final desta manhã chegou a São Sebastião, cidade mais duramente atingida pelo desastre onde 48 pessoas morreram -- a outra morte aconteceu em Ubatuba --, o navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico, maior embarcação da Marinha, que servirá de hospital de campanha na região, que também será atendida por helicópteros e embarcações menores para resgates, e transporte de cargas.

Os ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e dos Portos e Aeroportos, Márcio França, acompanharam a chegada do navio e visitaram a embarcação.

Góes afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a retomada do PAC (Progarama de Aceleração do Crescimento) Encostas e autorizou a construção de casas para os desabrigados, desde que sejam encontrados terrenos seguros para isso.

"Estamos defendendo duas frentes: uma que a gente possa junto com a prefeitura e a Defesa Civil construir logo as casas daqueles que perderam 100 por cento. Nós podemos fazer isso. Um dos planos da prefeitura de São Sebastião, no meu entendimento tem que ser esse, com recurso federal, com recursos do Ministério da Integração Nacional, da Defesa Civil", disse Góes.

"A gente aproveita a situação de calamidade pública decretada... repassamos o mais rapidamente os recursos e rapidamente pode entrar no processo de construção", defendeu o ministro da Integração.

O ministro disse ainda que o governo federal, que na véspera anunciou a liberação de 7 milhões de reais para São Sebastião, pode elevar os desembolsos para as cidades atingidas pelas chuvas na região para a casa dos 60 milhões de reais.

Após as quedas de barreira e deslizamentos de terra provocados pelas chuvas, Tarcísio disse que uma força-tarefa que contou com maquinário de várias concessionárias de serviços públicos conseguiu liberar a Rio-Santos, que ficou completamente interditada após a chuva. Nos últimos dias, o governador disse haver a possibilidade de a rodovia não existir mais.

"Você fazia um sobrevoo, era tanto material que tinha descido que a dúvida que a gente às vezes tinha é se a rodovia não tinha escorregado junto, se aquele volume de material que desceu não levou também a estrada, e não levou. A estrada está lá, está íntegra, o pavimento está em boas condições, abrimos a estrada toda ontem", disse ele a jornalistas.

SIRENES

Tarcísio também anunciou que os radares meteorológicos de todo o Estado, alguns datando da década de 1970, serão trocados por equipamentos mais modernos e disse que será instalado um sistema de sirenes no litoral norte para alertar a população sobre as chuvas.

"Vamos instalar um sistema de sirene, como já existe em outros Estados. Não adianta instalar um sistema de sirenes se não tiver capacitação, se não tiver treinamento. A gente vai ter que treinar as pessoas", disse.

"Um veículo para a gente treinar, para a gente mudar o comportamento da sociedade é a criança. A criança aprende muito mais rápido e consegue levar isso para dentro de casa. Então vamos incluir nas escolas aqui de São Paulo uma disciplina relacionada à defesa civil e primeiros socorros."

O governador disse que a Polícia Civil do Estado e o Procon estão atuando na região para coibir a prática de preços abusivos e afirmou que a polícia também está reprimindo a criação de sites falsos na internet para a arrecadação de doações para as vítimas da tragédia.

Tarcísio afirmou também que o governo buscará parceria com as operadoras de telefonia móvel por entender que os alertas sobre as chuvas enviados via mensagem de texto não foram efetivos.

A previsão do tempo para a região nos próximos dias é de chuva moderada e forte depois de cidades do litoral norte paulista registrarem no fim de semana as maiores chuvas já vistas no Brasil em 24 horas -- mais de 630 milímetros -- desde o início deste tipo de medição, o que deixou mais de 3 mil pessoas sem casa e um rastro de destruição e morte.

"De acordo com os meteorologistas, no período entre quinta-feira e sábado, os dias serão marcados pela presença de sol entre algumas nuvens, o que contribuirá para garantir a sensação de calor e abafado sobre a região do litoral norte", disse o governo paulista em nota.

"Essa condição, aliada a umidade proveniente do oceano e da Amazônia, criará condições meteorológicas para chuvas de intensidade moderada à forte, acompanhadas por raios, ventos e pontual queda de granizo."

Equipes da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar de São Paulo, além de contingente das Forças Armadas, atuavam na busca por vítimas e no resgate a sobreviventes.

Mais cedo nesta quinta, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu em entrevista à CNN Brasil que seja decretada emergência permanente em 1.038 municípios onde os desastres naturais causados por eventos climáticos extremos são frequentes.

Tragédias como a do litoral norte paulista são comuns em cidades brasileiras na época das chuvas devido a construções precárias e em áreas de risco.

Em fevereiro do ano passado, mais de 200 pessoas morreram após enchentes e deslizamentos de terra atingirem Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Bahia e Santa Catarina também sofreram recentemente com desastres naturais.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em BrasíliaEdição de Pedro Fonseca, Alexandre Caverni e Flávia Marreiro)

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Fonte:
Reuters

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