Antes da próxima safra, produtor rural terá que parar, respirar e organizar sua gestão

O especialista em gestão empresarial Marcelo Prado e o economista Antônio da Luz foram consonantes sobre quais os próximos passos que o produtor rural terá que tomar neste momento. Para eles, como afirmaram na discussão do Conexão Campo Cidade desta semana, o cuidado com a gestão será decisivo para a rentabilidade da produção rural na safra 23/24.

Com a queda dos preços de soja e milho a valores que reduziram a quase zero – em alguns casos até mesmo números negativos – a margem de lucro do produtor, o produtor precisa analisar a situação financeira e pensar como vai gerenciar sua produção, antes de tomar qualquer decisão, como afirmaram Marcelo e Antônio.

Primeiro conselho: faça operações de Barter

Marcelo Prado colocou como primeiro conselho aos produtores para a próxima safra a realização de operações de Barter, ou seja, troca de insumos por uma parcela da produção. Assim, o agricultor consegue cobrir os custos com fertilizantes e defensivos usando uma parte do que irá plantar.

Com o restante, o produtor precisa ficar atento com as influências sobre o mercado, que dão volatilidade aos preços, como demanda internacional, clima nos Estados Unidos, guerra entre Rússia e Ucrânia e outros fatores, que podem abrir janelas de oportunidades com bons preços.

Principal queda de preços aconteceu no Brasil por problema de infraestruturas

Antônio da Luz, por sua vez, reforçou que a queda de preços da soja não foi um problema mundial, mas sim do Brasil, que viu os prêmios ficarem negativos por conta da falta de infraestrutura para escoar a safra.

Por esse motivo, ele ainda espera que entre os meses de julho e outubro, depois que os portos brasileiros estiverem mais vazios e antes que a safra americana seja colhida, os prêmios pagos no Brasil estarão mais altos e o produtor encontrará preços melhores.

Com os problemas de infraestrutura, com proceder para a safra 23/24?

Já está previsto um aumento de área para a safra 23/24 no Brasil, como destacou Antônio da Luz. Se a produção foi semelhantes a este ano, sem avanços na infraestrutura, o produtor terá os mesmos problemas. Por isso, o economista afirmou que o agricultor vai precisar parar para respirar, antes de começar a próxima safra e organizar seu fluxo de caixa.

Agora no Brasil existe um período de sazonalidade de queda de preços quando chega no pico da colheita. O problema é que esse momento coincide com o vencimento das dívidas do produtor. Dessa forma, será essencial reorganizar a gestão da atividade rural para manter a rentabilidade.