Nestlé tem vendas menores que o esperado em nove meses
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Por Richa Naidu
LONDRES (Reuters) - A Nestlé divulgou nesta quinta-feira crescimento de vendas em nove meses menor do que o esperado, depois que consumidores reduziram compras diante das altas de preços promovidas pela gigante global dos alimentos. A companhia, porém, afirmou que espera que os volumes de vendas voltem a ficar positivos até o final do ano.
Há mais de dois anos, o setor de bens de consumo vem cobrando dos consumidores preços cada vez mais altos, alegando custos mais elevados de insumos a partir da pandemia que foram exacerbados pela guerra na Ucrânia. Tudo, desde o óleo de girassol até o frete, dizem as empresas do setor, ficou mais caro, afetando as cadeias de suprimentos globais.
A Nestlé aumentou seus preços em 8,4%, percentual abaixo da estimativa média de 8,6% calculada por analistas. O crescimento interno real (RIG) - ou uma medida dos volumes de vendas - caiu 0,6%, ficando dentro do esperado. No terceiro trimestre, o RIG melhorou para um declínio de 0,3%, disse a Nestlé.
Mas na América Latina, a companhia conseguiu aumento de 10% nas vendas em nove meses sobre um ano antes, com os preços elevados em 10,5%, segundo o relatório publicado pela empresa. O indicador RIG ficou negativo em 0.6%, "ficando levemente positivo no terceiro trimestre".
"O Brasil teve forte crescimento de dois dígitos, com continuação de demanda por doces, nutrição infantil e bebidas, incluindo Nescafé e Nescau", afirmou a Nestlé no balanço de vendas.
O presidente-executivo da Nestlé, Mark Schneider, disse ter "confiança de que o crescimento interno real, a soma do volume e do mix, se tornará positivo no segundo semestre do ano e novamente se tornará o principal impulsionador do crescimento daqui para frente".
"Os preços serão mais direcionados, por marca e por país", disse Schneider.
A P&G, que fabrica o detergente Tide e os aparelhos de barbear Gillette, informou na quarta-feira que os volumes de vendas estavam fracos, mas disse que isso estava se estabilizando e que começaria a se recuperar até o final do ano.
Os investidores e analistas levantaram a preocupação de que as empresas estão exagerando nos aumentos de preços e recomendaram que elas se concentrem mais em marketing e inovação, em meio a uma crise de custo de vida que está fazendo com que as marcas próprias dos varejistas roubem participação de mercado.
As vendas orgânicas da Nestlé, que excluem o impacto da variação cambial e das aquisições, aumentaram 7,8% nos nove meses encerrados em setembro, informou a companhia. Os analistas esperavam, em média, um crescimento de 8,1% nas vendas orgânicas.
Nos últimos trimestres, os executivos sinalizaram que os custos estão aumentando em um ritmo mais lento, mas também alertaram que os compradores continuarão a pagar mais por produtos como sabonete, papel higiênico e café, porque as empresas alegam que ainda não recuperaram anos de perdas causados por despesas mais altas.
A Nestlé confirmou sua perspectiva para o ano inteiro de crescimento orgânico das vendas entre 7% e 8% e margem de lucro operacional entre 17% e 17,5%.
(Com reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr. em São Paulo)
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