Binatural prevê alta de 20% ao ano na produção de biodiesel de olho em mistura maior
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Por Ana Mano e Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Binatural pretende aumentar sua produção de biodiesel em 20% ao ano até atingir 650 milhões de litros em 2026, disse o CEO Andre Lavor em uma entrevista na quarta-feira, acrescentando que a empresa precisará expandir sua capacidade para atender à demanda futura do Brasil com a crescente mistura do biocombustível no diesel.
Lavor disse que o setor precisará de investimentos, possivelmente também de empresas estrangeiras, para atender à demanda por fontes de energia mais limpas.
Ele disse que, considerando a expectativa de crescimento robusto, o setor atrai atenção "e investimentos de todas as frentes".
Pelo cronograma do governo, o Brasil deve aumentar a mistura obrigatória de 12% para 13% em 2024, mas o Conselho Nacional de de Política Energética (CNPE) discutirá um percentual ainda maior, antecipando para o ano que vem os 15% previstos para 2026, conforme defendem os produtores.
Lavor disse estar "otimista", observando que os 15% já deveriam ter sido implementados em 2023, conforme um cronograma anterior.
"Um acréscimo de 1% na mistura de biodiesel corresponde a cerca de 1 bilhão de litros a mais de consumo", disse ele.
Uma combinação de maiores volumes de vendas e melhores preços no próximo ano deve aumentar as receitas da Binatural em cerca de 30%, para 3 bilhões de reais, disse Lavor.
O Brasil produz cerca de 70% de seu biodiesel a partir de óleo de soja, uma vez que a oleaginosa é abundante no país.
O modelo de negócios da Binatural, entretanto, determina que o produto da empresa seja produzido principalmente a partir de fontes alternativas, incluindo gordura animal e óleo de cozinha usado.
O setor de biodiesel do Brasil opera com uma capacidade ociosa média de 50%, uma vez que se preparou para o aumento da mistura do biodiesel em anos anteriores, antes de o governo passado limitar o seu avanço.
Na gestão de Jair Bolsonaro, o governo limitou o aumento do percentual da mistura, citando preocupações com a oferta de matéria-prima e preços, quando as cotações da soja dispararam em meio a uma quebra de safra no Brasil e à guerra na Ucrânia, que começou no início de 2022.
A Binatural, por outro lado, planeja superar o desempenho do setor e projeta utilizar cerca de 73% de sua capacidade no próximo ano, produzindo 440 milhões de litros.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê uma produção de aproximadamente 7 bilhões de litros de biodiesel em 2023.
Mas se os formuladores de políticas aumentarem a mistura obrigatória para 25% até 2036, serão necessários mais investimentos, pois isso exigiria que o Brasil esmagasse mais 50 milhões de toneladas de soja, disse Lavor.
O setor de biodiesel do Brasil também poderia estimular fusões ou aquisições.
A Cargill, sediada nos EUA, por exemplo, comprou recentemente a Granol, uma grande esmagadora de soja e empresa de biodiesel. A Bunge e a chinesa Cofco também produzem biodiesel no Brasil.
A própria Binatural foi cortejada por pretendentes para possíveis "parcerias", disse Lavor, sem entrar em detalhes. Ele descartou quaisquer "planos de curto prazo" neste sentido.
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