Zona do milho segunda safra perde potencial com chuvas de apenas 3 milímetros e altas temperaturas
As chuvas na zona do milho segunda safra alcançaram, no máximo, 3 milímetros na maior parte da região formada pelos estados do Centro-Oeste e Paraná, no acumulado dos últimos 10 dias. O volume está mais de 80% abaixo da média para o período e pode limitar o potencial produtivo, conforme avaliação da EarthDaily Agro, empresa que monitora áreas agrícolas a partir de análises de imagens de satélite. O plantio precoce realizado na temporada atual irá diminuir - porém não anular - os impactos da seca e do calor do mês de maio.
Por outro lado, o Rio Grande do Sul registrou volume acima dos 300 milímetros no acumulado dos últimos dias - mais de 300% acima da média. Para as principais culturas do estado - soja, milho de primeira safra e arroz - as fortes chuvas causarão impacto significativo nas lavouras que seriam colhidas. A previsão indica chuvas acima da média para os próximos 3 a 4 dias e, conforme estimativas da EarthDaily Agro, ainda aguardavam a colheita cerca de 4,9 milhões de toneladas de soja e 0,8 milhão de toneladas de milho e todo esse volume está sob risco.
Para o próximo período de 10 dias, a precipitação se manterá muito abaixo da média para a zona da segunda safra, aponta o modelo europeu ECMWF). Já o modelo americano GFS indica chuvas acima da média para o Paraná e parte de São Paulo, o que é positivo para a recuperação da umidade do solo. Ambos os modelos preveem chuvas acima da média para o Rio Grande do Sul, com queda de até 6°C entre hoje e a próxima semana, ficando cerca de 8°C abaixo da média. O GFS aponta mínimas abaixo dos 5°C para o sul do estado.
Durante o mês de abril, as temperaturas permaneceram próximas ou acima da média na maior parte do país e o calor ganhou força no últimos 10 dias, em especial no Centro-Sul, que registrou de 3°C a 7°C acima da média, com potencial para perda de produtividade das lavouras de milho segunda safra, explica Felippe Reis, analista de safra da EarthDaily Agro. O forte calor deve continuar, com temperaturas 5°C a 7°C acima da média nos próximos 10 dias, principalmente no Mato Grosso do Sul e Paraná, colaborando para uma queda ainda mais acentuada da umidade do solo.
No Mato Grosso do Sul, seca e calor tem sido a dinâmica dos últimos 15 dias. Os valores do índice de vegetação estão hoje em patamar similar a 2020, quando a produtividade ficou 4% abaixo da tendência e 2018 (com produtividade 15% abaixo da tendência). Assim, se caso o NDVI apresente uma evolução ainda mais desfavorável do que em 2018, podemos ter uma quebra acima de 15% para o estado.
Assim como no Mato Grosso do Sul, as condições climáticas no Paraná foram desfavoráveis na última quinzena. A queda acentuada da umidade do solo no estado parece ter impactado a dinâmica do índice de vegetação, que também diminuiu nos últimos dias. No entanto, o NDVI está em patamar similar ao de 2023, quando a produtividade foi muito boa. Para Felippe Reis, no entanto, essa análise deve ser feita com cuidado, já que o plantio das lavouras ocorreu em datas diferentes.
Já no Mato Grosso, com aproximadamente 47% da produção nacional, o índice de vegetação apresenta valores satisfatórios, apenas um pouco abaixo da safra de 2020, mantendo o otimismo quanto ao potencial produtivo das lavouras. Em 2020 a produtividade ficou 4% acima da tendência e, se considerado o mesmo cenário para a safra atual, a produtividade do estado será de 117,4 sacas por hectare.
Em Goiás, a umidade do solo apresentou queda acentuada e valores baixos, principalmente nos últimos 15 dias. O NDVI no período também mostrou queda e uma similaridade ao ano muito ruim de 2021, o que é motivo para atenção.
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