Dólar avança antes de dados de inflação dos EUA e com tarifas de Trump em foco
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia ante o real nesta sexta-feira, a caminho de fechar a semana com ganhos, à medida que os investidores aguardam novos dados de inflação dos Estados Unidos e ponderam sobre os efeitos dos planos tarifários do presidente norte-americano, Donald Trump.
Às 9h27, o dólar à vista subia 0,48%, a R$5,8570 na venda. Na semana, a moeda acumula ganho de 2,21%.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,24%, a R$5,847 na venda.
As atenções dos mercados globais se voltam nesta sessão para a divulgação dos números do índice PCE -- o indicador preferido de inflação do Federal Reserve -- para janeiro, que devem moldar a trajetória da taxa de juros nos EUA.
Economistas consultados pela Reuters projetam que o índice subirá 0,3% na base mensal, mesma alta de dezembro, enquanto para a taxa anual a previsão é de ganho de 2,5% em janeiro, abaixo do avanço de 2,6% registrado no mês anterior.
Em relação ao núcleo do PCE, os analistas projetam alta de 0,3% para janeiro, de ganho de 0,2% em dezembro. Em 12 meses, a expectativa é de avanço de 2,6%, ante uma alta de 2,8% no mês anterior.
Um resultado acima do esperado em qualquer dos componentes acima pode fortalecer a percepção de que o Fed está distante de alcançar sua meta de 2%, o que apontaria para a perspectiva de juros altos por mais tempo, enfraquecendo as apostas em mais afrouxamento monetário neste ano.
No momento, operadores precificam pelo menos dois cortes de juros pelo Fed até o fim do ano.
Dados de inflação ao consumidor mais fortes do que o esperado neste mês já haviam alertado os mercados sobre as pressões inflacionárias, mas alguns membros do Fed, incluindo o chair Jerome Powell, minimizaram os números, reiterando a visão de que o índice PCE é um medidor mais confiável da inflação.
Também há uma preocupação com as expectativas dos consumidores para o nível dos preços, uma vez que pesquisas têm apontado que parte da população norte-americana teme que as tarifas prometidas por Trump possam significar produtos mais caros.
Por outro lado, fevereiro também tem sido um mês de dados fracos para outros indicadores sobre a economia norte-americana, com queda na confiança do consumidor e desaceleração da atividade empresarial.
Os investidores ainda seguem de olho em notícias sobre os planos tarifários de Trump, que disse na véspera que as tarifas de 25% sobre Canadá e México e uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses entrarão em vigor em 4 de março, afastando expectativas de um adiamento para as medidas.
Economistas apontam que as políticas tarifárias de Trump têm potencial inflacionário, o que seria um outro argumento para o banco central dos EUA manter a taxa de juros em patamar elevado.
Na cena geopolítica, o destaque será o encontro desta sexta entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em que podem assinar um acordo para permitir a participação norte-americana no setor mineral ucraniano.
Ao mesmo tempo que discute com autoridades russas uma resolução para o conflito de três anos na Ucrânia, o governo Trump ainda busca uma compensação financeira pelos bilhões de dólares fornecidos a Kiev em armamentos e ajuda humanitária durante a guerra.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,04%, a 107,320.
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