Importação de soja pela China atinge mínima em 17 anos por tarifas e atraso na colheita do Brasil
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Por Ella Cao e Lewis Jackson
PEQUIM (Reuters) - As importações de soja da China despencaram em março para o nível mais baixo para o mês desde 2008, à medida que processadores cautelosos com tarifas evitaram os grãos dos Estados Unidos e atrasos na colheita do Brasil reduziram os embarques.
As importações totais do mês atingiram 3,5 milhões de toneladas, 36,8% abaixo do mesmo período do ano passado, segundo dados da Administração Geral de Alfândega.
De janeiro a março, as chegadas da oleaginosa ao maior comprador de soja do mundo totalizaram 17,11 milhões de toneladas, uma queda de 7,9% em relação aos 18,58 milhões de toneladas do ano anterior, mostraram os dados.
O número ficou abaixo das previsões de analistas e traders para o primeiro trimestre, de 17,3 milhões a 18,0 milhões de toneladas.
"O mercado estava preocupado com uma guerra comercial depois que Trump assumiu o cargo. Além disso, com as expectativas de uma safra abundante no Brasil, a maioria dos pedidos foi de soja brasileira", disse a analista Rosa Wang, da agroconsultoria JCI, sediada em Xangai.
Wang disse que o atraso na colheita e um engarrafamento no Brasil -- o maior fornecedor da China -- aumentaram a pressão sobre as importações em março.
O comércio de soja não escapou da guerra comercial sino-americana. A China aumentou as tarifas sobre todas as importações dos EUA para 125% em resposta à ação tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump.
Isso se somou às taxas de 10% a 15% impostas no início de março sobre cerca de US$21 bilhões em produtos agrícolas e alimentícios dos EUA, elevando as tarifas sobre a soja dos EUA para 135%.
A escalada acelerou uma mudança em direção aos suprimentos brasileiros. As esmagadoras de soja chinesas garantiram pelo menos 40 cargas de soja brasileira somente na primeira metade da semana passada, principalmente para entrega entre maio e julho, informou a Bloomberg.
Analistas esperam que as importações de soja atinjam recorde de 31,3 milhões de toneladas em abril-junho, impulsionadas pela chegada de grãos recém-colhidos da safra abundante do Brasil.
Até sexta-feira, os agricultores brasileiros haviam colhido 89,09% da safra de soja 2024/2025, contra 85,13% no mesmo período da temporada passada, informou a empresa de consultoria Patria Agronegocios.
A China compra soja para esmagar e transformar em farelo para ração animal e óleo para cozinhar.
(Reportagem de Ella Cao e Lewis Jackson)
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