Café em espera: Diante cenário sem previsibilidade, produtor vem postergando comercialização da nova safra
![]()
A comercialização no mercado físico brasileiro do café está em estado de espera, com os produtores adotando uma postura cautelosa diante de tantas incertezas políticas e comerciais. Mesmo com a entrada da nova safra no mercado, a falta de previsibilidade, as fortes e repentinas oscilações nas bolsas de Nova Iorque e Londres, estão mantendo os cafeicultores reistentes e dificultando o fechamento de novos negócios.
Um levantamento da consultoria Safras & Mercado apontou que no começo do mês de julho, os produtores de café do Brasil tinham vendido apenas 31% da safra 2025/26, percentual abaixo da média de cinco anos para o mesmo período.
Para o analista de café da Datagro, Daniel Pinhata, após os elevados preços registrados na safra 2024/25, os cafeicultores estão mais capitalizados, o que reduz a pressão por vendas imediatas da produção atual. “Esse comportamento é reforçado pelo atual contexto de queda nas cotações internacionais, pela expectativa de um possível repique nos preços por parte de alguns agentes de mercado e pelo aumento das incertezas políticas”, explicou o analista.
Preocupação com a produtividade e as incertezas climáticas reforçam a postura mais retraída dos produtores, “o clima exerce papel fundamental na formação dos preços futuros, especialmente entre os meses de setembro e outubro, período da florada, determinante para o potencial produtivo da safra 2026/27. Até o momento, os modelos climáticos indicam condições próximas à normalidade histórica. No entanto, qualquer piora nas previsões pode desencadear um movimento de recuperação nos preços, considerando os estoques globais ainda em níveis historicamente baixos, e a relativa inelasticidade da demanda, uma deterioração nas expectativas de oferta tende a incentivar os produtores a postergar ainda mais a comercialização”, completou Pinhata.
Outro ponto que vem travando a movimentação, são os preços atuais oferecidos no mercado. Mesmo com interesse do comprador para todos os padrões de café, há poucos produtores dispostos a fechar negócios nas bases de preços oferecidos. De acordo com o analista de mercado da Archer Consulting, Marcelo Moreira, no início do ano o preço do café no mercado interno chegou a atingir algo em torno dos R$ 2.500 a 3 mil a saca do café arábica, e cerca de R$ 2 mil a do robusta, por isso, no momento, o produtor não estão aceitando vender “barato” e segue então esperando por novas altas. “Existe movimentação, mas estão vendendo da mão para a boca. Vendendo o necessário para cobrir caixa. Houve muita quebra na safra do arábica em algumas regiões do Brasil, algo em torno de 15 a 30%, agora estão aguardando preços melhores para não saírem no prejuízo”, comentou.
Já a atual preocupação está na tarifa de 50% imposta pelos EUA para produtos importados do Brasil que, até o momento, não isentou o café (como era esperado pelo setor). A preocupação dos impactos dessa taxação para a comercialização do café brasileiro traz mais instabilidade as futuras negociações. Nos Estados Unidos, os importadores também têm adotado uma postura cautelosa, e mantido várias negociações em pausa até uma resolução entre os dois países.
“Dessa forma, esperamos uma retomada mais significativa nas comercializações após projeções mais assertivas em relação à florada brasileira e à redução das incertezas nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos”, destacou então o analista da Datagro.
0 comentário
Após ganhos, mercado cafeeiro trabalhava com ajustes técnicos e realizando lucros na manhã desta 6ª feira (05)
Falta de chuva no BR faz futuros do café arábica fecharem sessão desta 5ª feira (04) com ganhos de 2%
Preço médio das exportações de café não torrado dispara 46% em novembro/25 frente ao mesmo período do ano passado
Região da Alta Mogiana registra boa florada do café, mas qualidade da próxima safra preocupa os produtores
Baixos estoques pressionam os futuros do café, que trabalhavam com ganhos no início da tarde desta 5ª feira (04)
Conab: Com maior safra de conilon, produção de café é estimada em 56,5 milhões de sacas em 2025