Nova safra de grãos do Brasil tende a crescer menos apesar da demanda por milho, veem analistas
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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Mesmo que as condições climáticas sejam favoráveis na nova safra 2025/26 do Brasil, o crescimento na produção de grãos como soja e milho deverá ser mais moderado após um salto na colheita de 2024/25, apontaram analistas à Reuters.
Puxada por ambos os produtos, a safra de grãos 2024/25 fechou em máxima histórica de 350,2 milhões de toneladas, com aumento anual de quase 50 milhões de toneladas, ou 16,3%, segundo dados da estatal Conab publicados na véspera. Isso está em linha com o crescimento de anos recentes, como o de 46,4 milhões de toneladas entre 2021/22 e 2022/23, ou o de 51,75 milhões na comparação entre 2016/17 e o ciclo anterior.
O volume de crescimento anual do Brasil na última safra aproxima-se da produção total de soja da Argentina, uma das maiores exportadoras de grãos do mundo. Mas o salto brasileiro não deve se repetir em 2025/26.
A área plantada com soja deve ter um crescimento menor devido a fatores como custos e juros altos. Além disto, a base de comparação com o ano anterior é forte. Já o milho é visto como um possível destaque na produção total de grãos, mas a maior parte do cereal do país é colhida só em meados do ano.
"O nosso número para o ano que vem também já está se delineando... na casa de 358 a 360 milhões de toneladas. Então, esse seria um crescimento bem mais moderado percentualmente do que foi esse crescimento agora", disse o consultor Carlos Cogo, experiente especialista do setor no Brasil.
O aumento da safra 2024/25 foi impulsionado por um crescimento de 24,16 milhões de toneladas para o milho e de 20,2 milhões de soja, os dois principais produtos agrícolas do Brasil, que respondem por quase 90% da colheita total de grãos e oleaginosas do país.
"Embora tenha tido uma boa safra de feijão, uma boa safra de arroz... o grosso do aumento realmente foi o milho segunda safra," Cogo comentou, acrescentando esperar que a produção do cereal também cresça na nova safra em função da forte demanda das indústrias de carnes, etanol e também na exportação.
"A demanda interna de milho vem superando a própria oferta... Isso vem consumindo estoque", ressaltou, notando que a margem do produtor com o milho já está maior que a da soja. "O fluxo de caixa do produtor hoje é muito mais milho positivo do que soja. O milho vem embalando essa história toda."
A consultoria e corretora StoneX vê um crescimento de 2% na área plantada com soja em 2025/26, com a produção marcando um novo recorde de 178,2 milhões de toneladas. A empresa vê maiores produtividades médias sendo impulsionadas por uma esperada recuperação do Rio Grande do Sul após uma quebra de safra.
"Para o milho, ainda não estamos divulgando safrinha 25/26. Mas a tendência é que pode haver algum crescimento de área, principalmente se o ciclo da soja não registrar maiores atrasos", afirmou a especialista de Inteligência de Mercado, Ana Luiza Lodi.
Muito ainda depende do clima, ponderou Lodi, ressaltando que a área plantada poderia ser maior "se o cenário de preços, de condições de crédito, etc, estivesse mais favorável para o produtor."
Em termos climáticos, ambos os analistas lembraram que as condições são para a formação de um La Niña de curta duração e fraca intensidade, o que minimizaria eventuais problemas para o Sul do país.
O analista Rafael Silveira, de Safras & Mercado, destacou que, no caso da soja, embora seja um ano em que o produtor vai reduzir o uso de tecnologias por questões relacionadas a custos, a expectativa é de nova safra recorde, estimada pela consultoria em 180,9 milhões de toneladas, com um aumento 5,3% sobre a temporada anterior.
"Se o Rio Grande do Sul colher bem, você tem também altas produtividades esperadas; não vão ser tão grandes por região quanto foram em 2025, talvez por conta dessa redução em tecnologia, mas ainda assim... deve ter sim uma produtividade boa, uma produção recorde novamente."
(Por Roberto Samora)
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