Com 20 milhões de toneladas de soja e 12 milhões de milho para negociar, Argentina zera retenciones até 31 de outubro

Publicado em 22/09/2025 09:27 e atualizado em 22/09/2025 10:59
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Produto argentino já fica mais barato para os importadores do que a brasileira, em cerca de US$ 0,60 por bushel, e vai atrair forte os compradores. China deverá olhar com atenção para esta soja. Argentina tem estoques de cerca de 20 milhões de t de produto disponível.
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Argentina zera retenciones para soja e derivados até 31 de outubro e pressiona ainda mais a soja na Bolsa de Chicago

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Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago caem forte no pregão desta segunda-feira (22) depois do anúncio do governo da Argentina de que zerou as retenciones para soja, derivados e demais grãos até 31 de outubro. A informação foi trazida em primeira mão ao Notícias Agrícolas pelo analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, durante sua entrevista ao Bom Dia Agronegócio. 

Vanin explica que, diferente das demais vezes em que as retenciones foram reduzidas e a medida valia por mais tempo, com este período que é agora de pouco mais de um mês, a comercialização pelos argentinos pode ser ainda mais intensa e a pressão sobre o mercado, portanto, mais acentuada. 

"O produtor tem um mês para aproveitar essa "molezinha" e ele vai vir. A não ser que ele acredite que o dólar vá se desvalorizar tanto que esse ganho será maior do que ele possa ter com as tarifas zeradas", explica Vanin. Se a medida se der como aconteceu em outras ocasiões, ela vale apenas para o "mercado spot", porque o exportador tem que apurar isto em 15  dias, o que limitaria as vendas apenas para produto disponível e não travas da safra 2025/26. 

O analista explica também que a soja argentina está cerca de US$ 0,60 por bushel mais barata do que a brasileira, contra uma "diferença normal" de US$ 0,25, em função da qualidade, teores de proteína e óleo. 

"Vejamos como será o comportamento das ofertas da Argentina. Sendo mais competitivos, o Brasil tem que ficar mais barato também para competir nesta reta final. Mas, não tem como ficar mais barato se o produtor não vender mais barato, que é o que tem acontecido. A margem do exportador hoje - comprar soja aqui no Brasil do produtor e vender para a China - está negativa. Eu imagino que fique mais negativa ainda. Aí a Argentina vai vender mais e o Brasil, menos", diz. 

Vanin acredita que a medida poderia, inclusive, ser estendida para mais tempo, já que funde política, economia, e um olhar mais detalhado para as províncias do agro, depois da derrota de Javier Milei nas eleições provinciais do início de setembro. 

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A Argentina tem ainda cerca de 20 milhões de toneladas de soja e 12 milhões de toneladas de milho para serem comercializadas. Sobre a soja, Vanin explica que este é bom volume - considerando a realidade e condição de produção argentina -, deve promover negócios fortes entre os produtores locais, porém, chama a atenção para a possibilidade de falta de soja para os esmagadores locais. Afinal, a Argentina já vendeu cerca de 130 navios de soja para a China no acumulado do ano, contra 4 do mesmo período do ano passado, com a nação asiática concentrando suas compras na América do Sul ao passo em que não compra dos EUA por conta da guerra comercial. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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