Mercado de reposição apresenta alta mais consistente em setembro e bezerro alcança maior valorização desde 2022
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O mercado de reposição manteve-se aquecido ao longo de setembro, com valorização na maioria das categorias acompanhadas, em movimento contrário ao boi gordo, que seguiu pressionado ao longo deste mês. Essa discrepância reforça o cenário de margens ajustadas no ciclo pecuário, já que o custo da reposição avança enquanto o boi terminado perde tração.
Segundo o levantamento da Scot Consultoria, o mercado de reposição no estado de São Paulo apresentou maior dinamismo nas vendas, tanto nos leilões quanto nas negociações particulares, em comparação com a semana anterior. “Como reflexo, das oito categorias de bovinos anelorados monitorados pela consultoria, sete registraram preços mais elevados ante a segunda semana do mês”, informou em seu boletim semanal.
De acordo com o Consultor da Aliá Investimentos, João Bosco Bittencourt Júnior, os preços para a reposição estão vivendo o melhor cenário desde 2022, em que a relação de troca de está próxima de 2.16 e 2.28 ao longo dos últimos meses e vem trazendo um ágio para quem revende essa cria/recria em torno de 38%.
“O ponto é, o bezerro está mais valorizado que o garrote e o boi magro. Para quem está comprando o bezerro vai ver um ágio maior, mas agora quando comparamos o boi magro com garrote vai ver que isso não está acontecendo, justamente por estarem mais próximos da arroba do boi e essa diluição fica um pouco mais complicada”, ressaltou Bittencourt.
Em Goiás, o bezerro nelore padrão está sendo negociado entre R$ 13,00 e R$ 13,50 por quilo, retornando ao maior patamar do ano, conforme destacou o pecuarista de corte e fundador da comunidade Balcão do Boi, Lorenzo Junqueira.
"No caso do boi magro, a oferta segue em retração, o que sustenta a valorização da categoria. As negociações no estado estão ocorrendo entre R$ 340 e R$ 350 por arroba, com ágio de até 19% em relação ao boi gordo", informou Junqueira.
A Scot Consultoria ainda destacou que a demanda por animais destinados ao cocho, como garrotes e bois magros, segue superando a oferta, que permanece restrita, sustentando os preços. Muitos compradores ainda tentaram negociar nas mesmas referências da semana passada, mas encontraram dificuldade para fechar negócios. Nesse cenário, as cotações do garrote e do boi magro tiveram incrementos de 1,3% e 1,1%, respectivamente.
Para a cotação do bezerro de ano, houve alta de 1,4%. Para as fêmeas aneloradas, a demanda permanece firme, especialmente por novilhas, voltadas à utilização na estação de monta e por vacas boiadeiras destinadas à engorda. Para essa última categoria, o movimento vem ganhando força diante da menor oferta de machos para engorda. Desse modo, o preço da novilha e o da vaca boiadeira teve acréscimo de 0,6%, cada.
Diferentemente do bezerro de desmama, cuja cotação teve queda, a da bezerra de desmama registrou alta de 1,4%. A cotação da bezerra de ano subiu 0,3%. O movimento está atrelado à maior demanda de propriedades de cria voltadas à expansão dos plantéis, mirando atender o mercado nos ciclos de 2026/2027.
“Para as categorias mais jovens, em especial o bezerro de desmama, os vendedores mantêm pedidos firmes, apostando que, nos próximos meses, a oferta tenderá a ser cada vez menor”, destacou a Scot Consultoria.
A sinalização atual é de que o ciclo pecuário já entrou em fase de alta para a reposição, impulsionado principalmente pela menor oferta de animais. O que ainda limita a liquidez do mercado é a escassez de capital e a dificuldade de acesso ao crédito por parte de grande parcela dos pecuaristas.
Na visão do Consultor da Aliá Investimentos, os patamares de preços da reposição não estão cedendo abaixo dos R$ 2.500,00 por cabeça. “Assim como vemos que os preços dos animais mais jovens encontram um patamar, a arroba do boi gordo também não deve ficar abaixo dos R$ 300,00/@. E acredito que quem vai puxar o valor da arroba é o bezerro atrelado a boa demanda de final de ano”, informou ao Notícias Agrícolas.
Na visão de mercado do consultor, os preços da reposição podem ficar no mesmo patamar observado no início do ano, assim como os preços da arroba do boi. “Eu acredito que os preços da reposição devem encerrar próximos do patamar dos R$ 3.100,00 por cabeça, mas eu acredito que a reposição deve ficar ainda mais valorizada no próximo ano”, destacou.
Já a Scot Consultoria aponta que podem ocorrer oscilações negativas nos próximos dias, especialmente para as categorias mais jovens, na tentativa de viabilizar negócios e retirar os animais das pastagens. Já para as categorias mais eradas, a expectativa é de que a demanda continue firme, e novas valorizações nas cotações não estão descartadas.
Apesar do cenário mais restritivo, ainda existem oportunidades pontuais de compra, especialmente em categorias de fêmeas. No entanto, a tendência é de valorização crescente nos próximos meses, o que reforça a necessidade de decisões estratégicas no curto prazo.
Neste contexto, não há espaço para desvalorização das categorias de reposição. A única alternativa para melhorar a relação de troca será por meio da valorização da arroba do boi gordo.
Diante desse cenário, Bittencourt reforça que é muito importante o recriador e o invernista ficarem muito atentos nessa valorização de preços e da troca de arroba de boi/bezerro para não perder boas margens de lucro.
“Me perguntam muito se é o momento de comprar, e eu digo que sim! Ainda tem negócios no valor de R$ 2.300,00 por cabeça, principalmente em Goiás e ainda vamos sentir saudades de valores de bezerros, pois o que se desenha são menos abates de fêmeas, preços da arroba subindo e a oferta cada vez mais restrita dos bezerros”, concluiu.
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