Comissão mista aprova MP da taxação de investimentos; texto segue para plenário da Câmara
![]()
Por Ricardo Brito e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) -A comissão mista da Medida Provisória 1303, que trata da taxação de aplicações financeiras, aprovou a proposta no início da noite desta terça-feira após um acordo costurado diretamente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acabou por desidratar o potencial de arrecadação da MP.
A medida provisória, que passou pelo apertado placar de 13 votos a favor e 12 contra, segue agora para apreciação do plenário da Câmara dos Deputados e, se aprovada, ainda terá de passar pelo plenário do Senado.
O governo corre contra o tempo para viabilizar a votação porque a MP perde a validade na quarta-feira. A medida foi apresentada pelo Executivo após o Congresso derrubar parcialmente sua proposta de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A estimativa inicial do governo quando encaminhou a MP ao Congresso era de um aumento de R$20,9 bilhões da arrecadação no ano que vem.
CONCESSÕES
Após se reunir com senadores para discutir um acordo, o ministro da Fazenda afirmou que foram feitas "concessões mútuas" para se chegar a um texto de consenso, que prevê a arrecadação de "mais de R$17 bilhões" em 2026.
"Houve concessões mútuas, da Câmara, do Senado e do governo para chegar a um texto que pudesse ser votado hoje na comissão e no plenário a tempo de que o Senado possa aprovar", ressaltou o ministro em entrevista a jornalistas.
O relator da matéria, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), fez ajustes ao texto, retirando a previsão de taxação de títulos hoje isentos, como LCI, LCA, CRI e CRA, além de excluir da proposta a elevação da tributação de empresas de apostas online, as bets.
Contudo, no caso das bets, o texto incluiu um programa para que empresas que exploraram a atividade em anos anteriores declarem as receitas retroativas mediante o pagamento de 15% de imposto de renda e multa de 100% sobre esse valor apurado.
O parecer aprovado pela comissão representa um recuo em relação ao plano inicial do governo, que havia proposto no texto original da MP o fim da isenção para títulos de investimento, que passariam a pagar 5% de Imposto de Renda. No caso das bets, a ideia do governo era elevar a alíquota de taxação de 12% para 18%.
Com o novo texto, os títulos isentos, que já competem com títulos públicos, agora se tornarão ainda mais atrativos do ponto de vista tributário.
Isso porque a MP trouxe uma cláusula que unifica a alíquota do imposto de renda sobre investimentos financeiros, incluindo ações e ativos de renda fixa, em 17,5% a partir do próximo ano.
Atualmente, os ganhos com ações são tributados em 15%, enquanto os instrumentos de renda fixa são tributados entre 22,5% e 15%, com alíquotas decrescentes ao longo do tempo, uma estrutura originalmente criada para incentivar a manutenção de títulos de dívida pública a longo prazo, com fundos de investimento desempenhando um papel fundamental como compradores.
A taxação de 5% sobre títulos atualmente isentos que havia sido proposta pelo governo teria reduzido a diferença tributária de longo prazo entre ativos isentos e não isentos de 15% para 12,5%. Mas a manutenção da isenção vai aumentar o apelo desses investimentos, já que o custo de manter investimentos tradicionais por prazos mais longos aumentará.
O ministro da Fazenda defendeu repetidamente o fim da isenção tributária para esses instrumentos, argumentando que seu status privilegiado tem dificultado a gestão da dívida.
Uma fonte da equipe econômica do governo reconheceu reservadamente que manter o benefício não era o ideal, mas observou que há um limite natural para o crescimento desses instrumentos isentos de impostos, que já se expandiram significativamente.
Com Haddad entrando diretamente nas negociações, o governo fez concessões de última hora e corre contra o tempo para aprovar a MP nas duas Casas do Congresso até a quarta-feira, quando a medida caduca.
O relator da MP disse que atendeu uma série de pleitos, como a demanda da bancada ruralista para manter a isenção da cobrança de IR sobre LCA e LCI, mas ainda assim os representantes do setor não teriam dado o apoio esperado na votação da comissão.
"Vamos trabalhar na Câmara para ter uma maioria mais expressiva", disse Zarattini.
O deputado avalia que é possível votar o texto no plenário ainda na noite desta terça, mas não há uma definição clara do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
(Edição de Pedro Fonseca e Maria Carolina Marcello)
1 comentário
Argentina busca retorno ao mercado global e anuncia leilão de título em dólares
Ibovespa renova máxima nos primeiros negócios e se aproxima de 165 mil pontos
Dólar se reaproxima da estabilidade no Brasil com mercado à espera de dados dos EUA
China se compromete a aumentar importações e assinar mais acordos comerciais nos próximos cinco anos
Preços mundiais dos alimentos caem pelo terceiro mês em novembro, diz FAO
Minério de ferro encerra semana em baixa devido à melhora na oferta e demanda fraca da China
Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC
Estou cansado de ler sobre criação de imposto novo, aumento de alíquota de imposto já existente... NÃO VEJO UMA DISCUSSÃO SOBRE REDUÇÃO DE DESPESAS, PARA REDUZIR IMPOSTOS! NADA!!!...,E NÃO ESTÁ SENDO CONSTESTADO POR NOSSOS REPRESENTANTES NO SENADO E NA CÂMARA! Esperamos não sermos vistos como um $ e, sim como um CIDADÃO, PELOS PERSONAGENS QUE DECIDEM EM BRASÍLIA. QUE NÃO SE ESQUEÇAM QUE SOMOS TAMBÉM OS ELEITORES!