A fábula da raposa e da cegonha
No último fim de semana o PSDB e o DEM se reuniram para jantar no apartamento da deputada Thelma de Oliveira (PSDB), viúva de Dante de Oliveira. O motivo: a construção conjunta de uma candidatura de governador para 2010. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
Na ponta da chapa os dois líderes dos dois partidos: o prefeito reeleito de Cuiabá, Wilson Santos, pelo PSDB, e o senador Jaime Campos, do DEM. Ambos pleiteam a cabeça de chapa como governador na eleição do ano que vem.
Não pude deixar de me lembrar da “Fábula da Raposa e da Cegonha”, escrita na Grécia antiga por Esopo um escravo filósofo da época, que aprendi lá atrás quando estudava latim.
Segundo a fábula, a raposa e a cegonha eram amigas, mas nem tanto! Um dia a raposa quis melhorar as relações entre ambas e convidou a cegonha para jantar em sua casa. Serviu sopa num prato raso. Com seu bico longo, a cegonha não conseguiu comer. Mas convidou a raposa para jantar em sua casa na noite seguinte. Serviu-lhe a sopa num jarro de pescoço longo. A raposa também não conseguiu comer. Segundo Esopo, a moral da fábula é: “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
O DEM disse que na ocasião da escolha do candidato a governador, será feita uma pesquisa de opinião pública e o mais votado será o escolhido. Na prática o que os dois partidos e os seus líderes estão dizendo é que sozinhos não se alavancam para uma candidatura majoritária. Precisam unir-se. Mas são exatamente a raposa e a cegonha.
A pesquisa é a sopa da fábula. O DEM, seguramente servirá a sopa em um prato raso ao “aliado” tucano. Obviamente, ele não conseguirá comer. Se a sopa for servida primeiro pelo tucano, ela virá no jarro de pescoço longo.
Os dois partidos, como siglas, estão sem a mínima condição de bancar uma candidatura a governador. Minguaram com o tempo. A união não está fora do contexto. É o caminho sensato. O que parece engraçado é mesmo a atitude da fábula que caracterizará os dois partidos.
O prefeito Wilson Santos loteou a sua segunda administração entre partidos nanicos, vorazes e ambiciosos, sedentos pelo poder com pouca ou nenhuma contribuição numa eleição do tamanho dessa de 2010. O DEM, fora o senador Jaime Campos, tem o senador Gilberto Goelner, recém-empossado no Senado. Mas a liderança definitiva é de Jaime Campos que, historicamente, não abre espaços para ninguém. Na eleição de prefeito em Várzea Grande no ano passado, foi usado o expediente da pesquisa para definir entre o ex-conselheiro Júlio Campos e o deputado estadual Wallace Guimarães. A pesquisa foi deixada de lado quando mostrou o deputado à frente. Usou-se, então, o critério de escolha do candidato pela votação do diretório municipal, onde Jaime e Júlio tinham amplo domínio. Wallace perdeu, recuou, afastou-se da eleição e o prefeito Murilo Domingos foi reeleito. Então, o critério da pesquisa parece o velho jogo de cartas marcadas.
Com um agravante: na caminhada, os dois líderes tratarão de construir em torno de si a imagem do coronelismo para impressionar a opinião pública. E, no final, provavelmente, se servirá a sopa da raposa e da cegonha.
Fonte: Onofre Ribeiro
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