Com viagens técnicas, produtores brasileiros conhecem o cenário do agronegócio em outros países

Publicado em 20/09/2013 14:15 e atualizado em 23/09/2013 09:54

A safra 2013/14 dos Estados Unidos era esperada com bastante ansiedade depois de uma significativa quebra registrada na temporada anterior em função de uma das piores secas registradas no país em muitos anos. O milho perdeu cerca de 100 milhões de toneladas e a soja quase 10 milhões. 

Neste ano, o cenário se repete, porém, em uma intensidade muito menor. A nova temporada norte-americana já foi marcada por um significativo atraso no plantio em função de condições adversas de clima e agora as lavouras voltam a sofrer com a falta de chuvas e uma seca que se expande pelo Meio-Oeste dos EUA. Assim, sua produtividade vem sendo comprometida e já se espera uma safra menor para este ano. 

As informações que chegam aos produtores brasileiros sobre as condições das lavouras são as mais diferentes. No entanto, para ver de perto como o principal concorrente do Brasil na produção, principalmente de soja, está enfrentando estes, e demais problemas, e a realidade dos campos norte-americanos, o Notícias Agrícolas viajou com mais de 30 produtores brasileiros para conferir de perto a situação da produção no país.

A viagem técnica foi organizada pela TNT Viagens de Negócios e o tour foi pelos estados de Iowa e Illinois, os dois principais estados produtores de grãos do país, localizados no Corn Belt. Em algumas propriedades visitadas, os agricultores brasileiros puderam ver que as plantações estão realmente sofrendo com a seca e algumas já estavam em um estágio em que as chuvas que chegaram nos últimos dias seriam insuficientes para reverter os danos. 

A experiência trouxe ainda uma proximidade maior dos produtores brasileiros com os americanos, uma vez que puderam trocar informações e detalhes não só sobre o andamento de suas lavouras como também das tecnologias e métodos empregados. 

Entre os representantes dos grupos, estavam federações de agricultura, cooperativas e alguns empresários do agronegócio. Para estes, o benefício maior foi poder trazer para os companheiros que ficaram no Brasil as informações e conhecimentos adquiridos, uma vez que puderam ampliar seu networking com profissionais do ramo e do mercado, tiveram o contato com realidades de novas culturas e puderam visualizar as tendências para as próximas temporadas. 

Para o presidente do Sindicato Rural de Palmeira, no Paraná, Vagner Barausse, a viagem foi bastante proveitosa na captação de conhecimento e comparação entre as formas de cultivo no Brasil e nos Estados Unidos. "A forma de cultivo nos dois países é diferente, mas pudemos ver bastante coisa interessante, gostamos muito da viagem. A principal diferença que pudemos perceber foi que lá quase todos os agricultores já estão bem avançados com a utilização de tecnologia. Aqui no Brasil, na minha região dos Campos Gerais, o que podemos ver é que somente os produtores de médio a grande porte é que têm acesso a isso. O que nós precisaríamos era balizar essa situação por aqui", diz. Barausse afirma, no entanto, que os subsísdios oferecidos aos agricultores norte-americanos e o acesso ao crédito são bem mais favoráveis e isso deveria servir de inspiração para as autoridades brasileiras. "O valor dos implementos, dos maquinários, nem é tão diferente, mas o crédito é bem mais fácil de se obter", completa. 

O tour feito pelo Notícias Agrícolas com a TNT incluiu não só a visita à propriedades rurais, mas também a centro de pesquisas, fábricas de tratores e à Bolsa de Chicago (CBOT), onde acontecem os negócios com o mercado futuro de grãos. Em Chicago, no estado de Illinois, é onde se formam as referências para os preços no mercado interno brasileiro. 

Para João Eduardo Carachinski, produtor rural em Irati/PR, o principal resultado dessa viagem técnica foi a mudança sobre o conceito de comercialização do seu produto ao observar o andamento dos negócios nos Estados Unidos. "Estou repensando esse mecanismo de venda antecipada. O ideal, eu acredito, seja vender antes somente o necessário para pagar seus custos. Depois, é colher, ver os resultados, armazenar e ir vendendo aos poucos, pois os especuladores estão no mercado", disse. Nesta safra, Carachinski irá aumentar o cultivo da soja em sua propriedade de 600 para 700 hectares. 

"Eu considero as viagens técnicas como ferramentas de aprendizado, relacionamento e crescimento profissional, além é claro de uma importante experiência cultural", diz Roberta Borghesi, gerente comercial da TNT Viagens de Negócios. "As viagens proporcionam ainda uma avaliação de práticas de gestão, através de comparações in loco, de produtor para produtor, o que acontece durante as visitas em fazendas. Além do acesso a centros de pesquisas onde os participantes podem ver as últimas novidades estudadas e desenvolvidas”, completa.  

Os roteiros técnicos vêm ganhando cada vez mais atenção e espaço entre federações, cooperativas e empresas do agronegócio por promoverem esse intercâmbio entre o Brasil e demais países que são referência na produção agrícola. Como explicou Roberta, da TNT Viagens de Negócios, para os coopérados, por exemplo, há a possibilidade de acesso à novas informações, enquanto técnicos podem aproveitar a viagem como uma forma de capacitação. Além disso, os profissionais têm a oportunidade, durante o tour, de aumentar sua rede de relacionamentos e estreitar relações de parceria entre os participantes, os quais são de diferentes partes do Brasil. 

"Cada vez mais as empresas, cooperativas, associações e federações veem descobrindo os benefícios das viagens técnicas. Esses roteiros hoje são poderosas ferramentas e com benefícios pontuais para cada perfil de cliente. Vejo que as empresas do setor que hoje atendemos têm um retorno incrível em termos de fidelização e relacionamento com seus clientes. Além disso, proporcionam ainda interação, descobertas e principalmente acesso a locais que as pessoas não teriam em viagens individuais", explica Roberta.  

Este ano, a TNT levou mais de 300 pessoas para tours técnicos nos Estados Unidos, dividas em 10 grupos. No grupo acompanhado pelo Notícias Agrícolas havia representantes dos estados do Mato Grosso, Maranhão, Goiás, Paraná e São Paulo. A visita incluiu ainda um dia dedicado à Farm Progress Show, uma das mais importantes feiras de máquinas agrícolas do mundo. Os representantes da empresa acompanharam os participantes do tour em todo o processo que antecedeu a viagem, auxiliando nos preparativos. Durante o tour, um guia técnico, que é engenheiro agrícola, acompanhou o grupo em todos os momentos fazendo não só a tradução, mas auxiliando também com todas as explicações técnicas dos locais visitados. 

"A viagem para os Estados Unidos, com passagem pela Farm Progress Show, em Decatur/Illinois, foi muito valorosa. Nós pudemos observar as lavouras de perto e ter uma melhor noção do mercado americano de grãos. Além disso, aprendemos a fazer melhor proveito do nosso sub produto. E eu destaco ainda as amizades semeadas e a troca de experiência de todos que participaram da viagem", disse o diretor administrativo da Selegrãos Ltda, Octávio Rapchan. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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