O TEMPO (BH): Dedini, uma das maiores do mundo no setor de cana, pede recuperação judicial

Publicado em 30/08/2015 19:54

Com passivo da ordem de R$ 300 milhões, o grupo brasileiro Dedini – tradicional fabricante de equipamentos para usinas de cana-de-açúcar e um dos maiores do segmento no mundo – entrou com pedido de recuperação judicial no Fórum de Piracicaba, em São Paulo, na última segunda-feira. Entre os credores estão trabalhadores, fornecedores, bancos e o Fisco.

Para o coordenador do curso de ciências econômicas do Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, o pedido de recuperação judicial de uma empresa tradicional e de grande porte mostra que o setor sucroenergético não está bem, mesmo com a melhora nas vendas de etanol, que em julho teve consumo recorde no país. Conforme a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), naquele mês o álcool chegou à marca de 1,55 bilhão de litros, maior volume já registrado em toda a série histórica, que começou em 2000.

“As dificuldades não são de hoje. São fruto da falta de incentivos, de uma política de Estado para o setor nos últimos anos. Há duas décadas o segmento passa por dificuldades”, observa.

O setor realmente vem passando por dificuldades. Conforme informações da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), 80 usinas fecharam as portas na região Centro-Sul do país desde 2008. Em 2015, outras dez sem condições financeiras ainda podem fechar.

Em Minas Gerais, nos últimos quatro anos, oito usinas foram desativadas, conforme informação da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).

Atualmente são 67 unidades produtoras em recuperação judicial, considerando as usinas em operação e também as que estão inativas no Brasil.

O advogado Júlio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, que está à frente do processo, diz que a opção pela recuperação judicial foi feita para evitar que um pedido de falência feito por um fornecedor prospere. No processo de recuperação, o advogado pediu urgência na análise pela Justiça para tentar evitar que a companhia quebre.

Com a recuperação judicial, a empresa terá um prazo de 180 dias para negociar com credores, sem que qualquer cobrança possa ser feita.

Além das dificuldades financeiras, há alguns meses a relação com os funcionários se deteriorou. Greves e paralisações têm sido comuns por causa de atrasos nos pagamentos dos salários e depósitos do FGTS, e ainda pelas demissões que a empresa vem realizando. A Dedini explica que “vem fazendo uma triste, mas necessária redução de seu quadro de colaboradores. Outras reduções de custo já vêm sendo planejadas e adotadas”, disse a empresa no processo judicial.

 

Tradicional

Brasileira. Fundada em 1920, a Dedini nasceu do setor sucroalcooleiro, com estrutura familiar e capital 100% nacional. Atua na reposição de peças e equipamentos para mais de 250 usinas.

Crise vem piorando desde 2008

São Paulo. O balanço da Dedini de 2014 mostra que a situação da companhia e de suas controladas é complicada, já que o passivo de curto prazo somava, ao fim do ano passado, R$ 1,25 bilhão, enquanto o que a empresa tinha a receber era inferior a R$ 200 milhões. O prejuízo foi de R$ 241 milhões, acumulando, ao longo dos últimos anos, cerca de R$ 780 milhões.

A situação financeira da empresa vem se deteriorando desde o fim de 2008, com a crise financeira mundial, que coincidiu com a crise do setor sucroalcooleiro no país. A Dedini estava em seu auge naquele ano e chegou a faturar R$ 2,1 bilhões.

De lá para cá, a queda nas vendas foi sistemática. Entre 2008 e 2010, a inadimplência de clientes chegou a R$ 270 milhões e foram cancelados contratos de R$ 562 milhões. O resultado é que, em 2014, o faturamento caiu 80% e chegou a R$ 380 milhões. E no primeiro semestre de 2015, segundo informa o processo, o volume de vendas caiu ainda mais. A empresa declara no documento ter registrado “uma queda forte”.

Com a crise no setor de etanol, a companhia enfrenta alta ociosidade nas fábricas do interior de São Paulo (Piracicaba e Sertãozinho), além das unidades no Nordeste (Maceió e Recife), que têm capacidade de produzir equipamentos para montar 12 usinas por ano.

A companhia hoje enfrenta ainda a inadimplência de clientes, que é de R$ 89 milhões. O custo tributário também pesa e a empresa informa que precisa de um parcelamento. Há alguns anos a Dedini sofre com a falta do seu principal financiador, o BVA – liquidado pelo Banco Central.

 

Referência
Já forneceu mais de...

120 usinas completas
2.600 moendas
1.600 caldeiras
900 evaporadores
870 destilarias
550 cozedores a vácuo
355 tomadores de amostras
355 desidratadoras
115 plantas de cooperação
15 difusores
10 usinas de biodiesel

As destilarias projetadas e montadas pela Dedini são responsáveis por 80% da produção nacional de álcool e 25% da mundial Tem nove fábricas distribuídas em...

Piracicaba (SP)
Sertãozinho (SP)
Maceió (AL)
Recife (PE)

Fonte: site da empresa

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O TEMPO (BH)

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1 comentário

  • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

    Ou seja, a empresa DEDINE deveria ter tomado decisões de enxugamento e reestruturação há muito mais tempo... antes deste estagio (recuperação judicial)... por isto lembro a todos os produtores rurais, principalmente às empresas do setor que se vangloriam de estarem contratando: a crise e as dificuldades serão generalizadas e que aquele ditado (salve-se quem puder) continua valendo... mas, pelo visto, o setor rural continua na contramão das evidencias, continua contratando... deveria sim estar enxugando seus custos, seus quadros, e se ajustando... depois, como no caso da DEDINE, corre o risco de quebrar... e não adianta ficar chorando e lamentando...

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