Argentina tem 44% da área de soja e 83% de milho economicamente inviáveis, diz estudo
Segundo um estudo desenvolvido pela AACREA (Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola) e divulgado pelo portal InfoCampo, os resultados econômicos esperados para a produção de soja e milho da safra 2015/16 da Argentina seriam negativos para a maioria das regiões produtivas do país, mesmo que sejam obtidos os níveis recordes de produtividade de cada uma dessas áreas neste atual cenário de preços.
Os cálculos realizados consideram o plantio em campos arrendados e, por conta do elevado valor dessas terras, mostram que 85% das zonas analisadas indicam que a produção de ambas as culturas seriam economicamente inviáveis, uma vez que a produtividade média ficaria abaixo dos custos de produção.
No caso do milho, o rendimento médio está 75% menor do que o necessário para cobrir os custos de produção. Na soja, esse índice é de 40%.
Para dar uma dimensão maior do que acontece em todas as regiões produtoras, também foram realizados cálculos sobre os produtores que cultivam em terras próprias, considerando também o chamado "raio de viabilidade", o qual é definido como a distância média entre a origem de produção até os centros de comercialização. Para que haja renda, ainda de acordo com o estudo, o rendimento médio deve se superar em 5% para cobrir os custos de produção.
Na safra 2015/16, o cultivo de milho projeta um raio de viabilidade de 30 km, enquanto o da soja sobe para 117 km. Assim, se conclui que a oleaginosa cultivada a uma distância maior do que essa já se tornaria economicamente inviável diante da produtividade média, os custos e preços atualmente projetados. E essa fronteira de viabilidade determinada por este raio vem sendo reduzida nas últimas três safras analisadas pela AACREA. Em particular, na temporada 2013/14, os raios eram de 300 km para o milho e de 275 km para a soja.
E na medida em que o raio de viabilidade é reduzido, aumentam as áreas de plantio em risco de prejuízo para os agricultores argentinos. Dessa forma, o estudo mostra que, para a safra 2015/16, a área de inviabilidade econômica para o milho já estaria em 83% do total esperado e, para a soja, em 44%.
Segundo explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, a situação dos produtores argentinos é bastante complicada e o atual cenário deverá resultar em uma significativa redução de área tanto para a oleaginosa quanto para o cereal no país. “A redução na área de milho deve sofrer uma redução bastante forte e, de acordo com consultorias argentinas, pode acontecer isso na soja também. A área total de grãos da Argentina deve cair 4% neste ano”, diz.
A área de milho na safra 2015/16 da Argentina deve ser 23% menor em comparação com a temporada anterior, segundo uma projeção divulgada pela Bolsa de Comércio de Rosário estima que os argentinos vão cultivar o grão em 3,3 milhões de hectares, contra 4,3 milhões no ano passado serão cultivados. O cultivo de trigo 2015/2016 já foi finalizado no país, e não há ajustes significativos em relação a área estimada no relatório anterior, informou a Bolsa de Rosário. A área alcançou 3,36 milhões de hectares, queda de 28% em relação ao ciclo anterior (4,66 milhões de t).
Além disso, o consultor explica também que , ao contrário do que acontece no Brasil, a forte valorização do dólar ainda não é suficiente para trazer preços melhores aos produtores locais. “O peso teria ainda que se desvalorizar de 15% a 25% para compensar”, afirma.
Paralelamente, o produtor argentino sofre ainda com as chamadas “retenciones”, ou os tributos sobre os itens agrícolas e pecuários produzidos no país.
Um estudo feito pela FADA (Fundação Agropecuária Para o Desenvolvimento da Argentina) mostrou que a participação do estado na renda agrícola é, atualmente, de 94,1%, o que significa dizer que a somatória dos tributos (das províncias e nacionais, incluindo os direitos de exportação) e os custos de intervenção (o efeito ROEs no milho e no trigo) representam 94,10 pesos de 100 pesos gerados em um hectare médio na Argentina.
O índice aumentou em relação ao apresentando na pesquisa de junho, quando era de 93,5%. Há um ano, o total era de 81,7% e há dois, 75,4%. Esse incremento, ainda de acordo com os apontamentos da pesquisa, se dá frente a uma combinação de fatores, incluindo as baixas nos preços das commodities agrícolas, que superaram o aumento nos custos de produção.
No último ano, o preço da soja em dólares caiu 18,6%, enquanto para o milho a baixa foi de apenas 0,6% e, no trigo, de 20,4%. Assim, a soja no preço em pesos passou por uma desvalorização de 10% enquanto os custos de produção passaram por um aumento de 17,5%.
E esse declínio nos preços da oleaginosa argentina vem se arrastando desde 2012, quando se acentuou a severa desvalorização da taxa cambial no país, iniciada em 2004. O quadro vem prejudicando todo o setor de exportações do país. O peso já se desvalorizou 3,3% desde junho e 11% em relação a setembro de 2014, como mostrou a FADA.
Por outro lado, As baixas nos preços da terra poderiam atenuar o mau momento dos produtores argentinos, mas ainda não permitem que se alcance uma renda muito positiva, principalmente naqueles que trabalham com áreas arrendadas. Ainda segundo a fundação, os arrendamentos apresentaram uma queda de 20 a 30% no último ano, se considerado na medida de quintais.
Com informações do site argentino InfoCampo.
1 comentário
Conversa de Cerca #146 - Conflitos indígenas comprometem 20 anos de desenvolvimento do agronegócio no Paraná e alimentam insegurança
Faesp reitera apoio aos agropecuaristas paranaenses
Instituto Biológico comemora 97 anos de excelência em pesquisas e inovações em prol do agro de SP
Grãos: Safra 24/25 promete novo recorde e acirra debate sobre desafios e oportunidades para o agro no Brasil
Delegação da Aprosoja MT participa da CIIE, a maior feira de importação da China
Federarroz participa de audiência no STF sobre tributação dos agroquímicos
Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS
Muito boa matéria. No intervalo entre 2006 e 2015 os preços da soja em Chicago oscilaram entre USD 5,70 a USD 16,90 por Bushel. Durante esse período o Governo Argentino já vinha cobrando 35% sobre a Receita Bruta dos Produtores de Soja, tendo em 2008 estabelecido uma banda móvel entre 20% e 42% de acordo com o patamar de preços que o grão atingisse.
A produção saiu de 40 milhões de toneladas para algo em torno de 56 milhões de tons apurados nessa Safra. De lá para cá, a desvalorização do Peso em relação ao Dólar foi intensa. Há que se mencionar que é cobrado IVA (imposto semelhante ao ICMS) sobre as compras de insumos e serviços, além de Imposto sobre "Ganancias" (IR) e outros tributos menores. O valor venal das terras sofreu um reajuste muito forte há uns 2-3 anos, aproximando para efeito de cobrança do ITR deles com os preços anunciados de venda. Quem duvida que o Governo Brasileiro não sabe desse modelo e que não irá recorrer a medidas semelhantes, vive em Marte! O alinhamento ideológico é absoluto. Os "Movimentos Sociais" de lá vociferam as mesmas baboseiras dos daqui. Lá tem Via Campesina, Indígenas, Sem Teto, Sem Comida, Mães da Praça de Maio (movimento de velhas corruptas), Direitos Humanos para Bandidos, um Grau de Corrupção até maior do que o nosso e total desestruturação da Sociedade que produz. Cabe lembrar que a Argentina foi um País muito melhor do que o Brasil em várias coisas durante muito tempo e se tornou isso. Morei lá entre 1995 e 1999, na época vigorava a paridade cambial entre o Peso e o Dólar (1:1), gerada através do Plano de "Convertibilidad" de Domingo Cavallo. Os juros eram bem menores dos que os praticados aqui e havia um sentimento de pujança impulsionado por um ambiente de "Segurança Jurídica". Vários fatores contribuíram para a deterioração econômica na Argentina, um deles foi a quebra do acordo que havia entre os Ministros de Economia do Mercosul que determinava ajustes conjuntos de forma a não desequilibrar as contas dos integrantes do bloco. Alguns dias após haver declarado que não iria desvalorizar o Real, o então Governo de Fernando Henrique Cardoso promoveu uma depreciação forte da noite para o dia. De lá para cá, a fragilidade do contexto internacional e a desorganização das contas internas, permitiram o surgimento do Populismo Ultra-Corrupto do Casal Kirchner e o resultado está aí. As semelhanças de contexto com o Brasil atual não são meras coincidências e possuem agravantes no nosso caso.Sr. Eduardo Lima Porto, todos os seus comentários tem conteúdo e alto índice de utilidade.Neste não é diferente,e falar das lambanças do FHC,sem ser linchado pelos hipócritas de plantão, neste espaço quase democrático é comum este linchamento. Parabéns,comentários isentos e esclarecedores é tudo que precisamos neste site!
Muito obrigado pela consideração Senhor Arlindo.
Sr. Arlindo, tem só um ponto a considerar: O Sr. Eduardo não defende este governo e fala mal do governo FHC. Não se esqueça que em outra mensagem o Sr. Eduardo cita que morou na Argentina durante um bom tempo, ou seja, ele cita o seu entendimento que vivenciou como habitante no país vizinho. Quanto ao seu comportamento é tipico da classe "lumpemproletáriado" do regime autoritário vigente na Alemanha nos anos 30 e 40 do século passado. Chamar o "inimigo" do adjetivo que lhe cabe. MUDA ESSE DISCO "CUMPANHERO" !!!
Sr. Paulo, não entendi os seus comentários e me parece que o Senhor tenha mal interpretado o que escrevi. Em primeiro lugar, sou absolutamente ANTI-PETISTA e totalmente ANTI-COMUNISTA. Sou Economista por formação e me enquadro filosificamente no que preconiza o Grupo Liberal denominado como Escola de Viena. Não fiz um ataque ao Governo de FHC em meu comentário, foi uma constatação muito tranquila. Vivi na Argentina, gosto muito do País e me revolta brutalmente ver no que transformou-se. Na época, eu dirigia um Projeto que envolvia centenas de milhões de dólares e por isso as questões econômicas que afetassem o Câmbio eram muito sensíveis. Posso afirmar muito tranquilamente que a desvalorização cambial promovida pelo Brasil da forma como foi conduzida na época foi uma deslealdade com a Argentina e de lá para cá, somado a outros fatores internos e de conjuntura internacional, o País nunca mais foi o mesmo e abriu espaço para o Populismo Bolivariano dos Kirchner. Acho que o Senhor não me conhece e foi extremamente infeliz e desrespeitoso ao me catalagar como parte do "lumpemproletariado", prefiro pensar que o Senhor não saiba sequer o significado disso. Sou uma Pessoa intelectualmente aberta, veiculo minhas idéias gratuitamente como Articulista nesse site, por me identificar com as pessoas que produzem o conteúdo disponibilizado aqui e com o público que segue esse trabalho. Aceito muito bem as críticas sobre o conteúdo de qualquer questão ou idéia que venha a manifestar por aqui, afinal esse é um espaço aberto e supostamente de alto nível, mas não tolero ofensas.
Sr. Eduardo , desculpe-me se não fui claro o suficiente, mas quando cito: "Quanto ao seu comportamento é tipico da classe "lumpemproletáriado" do regime autoritário vigente na Alemanha nos anos 30 e 40 do século passado. Chamar o "inimigo" do adjetivo que lhe cabe. MUDA ESSE DISCO "CUMPANHERO" !!!. Cito a pessoa do Sr. Arlindo. Mais uma vez desculpe-me o mau entendido. Veja que na mensagem do Sr Arlindo ele cita: "...sem ser linchado pelos hipócritas de plantão". Respondi à altura !!!
Sr. Paulo, aceito as desculpas e reconheço que posso ter me equivocado também. Sem querer reascender polêmicas, considero que Fernando Henrique Cardoso fez coisas muito boas para o Brasil, mas também cometeu vários erros, alguns literalmente condenáveis. O que vale é o Balanço das coisas e no geral, me parece que o resultado dele foi bastante positivo. Filosoficamente, o posicionamento do PSDB não me agrada em muitas coisas e vejo semelhanças com determinados comportamentos PTistas. Vamos em frente.
Fico feliz que o Sr. tenha exposto seus sentimentos e, que eu possa ter tido a oportunidade de esclarecer o conteúdo do meu texto. OBRIGADO POR TER ACEITO MINHAS DESCULPAS !!!
Fico pensando o que seria do produtor de grãos o Brasil se tivéssemos o dólar cotado a R$ 2,50, da época da última eleição. Estaríamos vendendo a soja a R$45,00/sc e milho a R$16,00/sc, amargando um prejuízo pior do que a dos Argentinos. Nós, por enquanto, não sofremos as retenciones e talvez o peso dos impostos aqui e lá não seja muito diferente, mas temos como desvantagem uma logística inadequada e caríssima para o escoamento da produção, principalmente do milho, o que acaba reduzindo drasticamente a nossa margem. Os "ganhos" do produtor com a alta do dólar tendem a ser equilibrados ou eliminados pelos aumentos no custo de produção para as próximas safras e uma eventual cobrança de impostos sobre a exportação nos colocaria numa situação complicada, pior que a dos hermanos.
Sr. Carlos essa colocação do Sr., só reforça a tese de que a classe produtora tem que se preocupar mais em participar da política, pois os erros da administração pública "sempre" é a população que sofre as consequências. Essa democracia representativa que é o atual sistema de governo, tem provado que deve ser mudado, pois "criamos" uma aristocracia política. Veja o número de descendentes de políticos que se perpetuam no poder. Acho que para que alcancemos uma democracia de fato, seria primordial tornar o "VOTO FACULTATIVO", pois o cidadão teria a "LIBERDADE" de optar se vota ou não e, não ser obrigado.
Sr. Paulo Roberto Rensi, agradeço por ter vestido a carapuça,sei que o Sr.Eduardo Lima Porto, não defende este governo e também não falou mal do FHC,só falou uma das verdades do dito cujo!
Sr. Arlindo não se precipite. Carapuça? Patrão, veja neste site se uso o ataque em meus argumentos? Sinceramente desconheço este objeto, mas acho que ele é de grande serventia aos integrantes do exército petista.