Governo zera tarifas de importação de milho e soja até 1º tri de 2021, confirma a Reuters

Publicado em 17/10/2020 08:41 e atualizado em 17/10/2020 15:52

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo brasileiro zerou até o primeiro trimestre do ano que vem as tarifas de importação de milho e do complexo soja, conforme nota publicada no site do Ministério da Economia neste sábado.

Segundo o texto da pasta, a decisão --antecipada mais cedo neste sábado pela Reuters-- foi tomada na sexta-feira. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento propôs a zeragem da taxa para a soja, enquanto a Economia pediu alíquota zero para o milho.

"Ambas as medidas têm como motivação conter a alta de preços no setor de alimentos", disse a nota no site do Ministério da Economia.

A redução para o complexo soja será válida até 15 de janeiro de 2021. O corte de 8% para zero na taxa de importação do milho permanecerá em vigor até 31 de março de 2021.

Na quinta-feira, a Reuters já havia adiantado a possibilidade de o governo não tarifar a importação de milho e soja originários de países de fora do Mercosul.

O movimento, alvo de análises em meio a preços recordes no mercado interno para ambos os produtos, foi decidido na sexta-feira em reunião do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério da Economia.

"Havia diversas posições na mesa e levou-se em consideração o período de safra e oferta", disse uma fonte à Reuters antes da confirmação pelo governo da decisão. "Não houve questionamento quanto ao mérito da isenção de tarifa. A oferta tinha que ser ampliada para reduzir preços e custos", acrescentou.

O pedido de isenção das importações foi protocolado no mês passado e reiterado na última semana pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os setores de avicultura e suinocultura do Brasil.

A indústria utiliza o cereal e o farelo de soja como os principais insumos para alimentação animal e tem as margens afetadas pelo aumento de custos com esses grãos.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) havia dito no final de agosto que estava em avaliação a possibilidade de isentar temporariamente a Tarifa Externa Comum (TEC) de importação de arroz, milho e soja de países não membros do Mercosul para equilibrar o mercado doméstico e evitar novos aumentos de preços.

No início de setembro, o comitê executivo da Camex aprovou a zeragem da alíquota de importação de arroz até o final do ano, em meio à disparada dos valores do produto no Brasil, após aumento na demanda interna durante a pandemia e exportações aquecidas. Na ocasião, no entanto, não houve nenhuma decisão sobre milho e soja.

O mês de março é período em que a safra brasileira de verão já estará colhida e cresce a disponibilidade de oferta doméstica.

O presidente Jair Bolsonaro disse no último sábado que iria se reunir com produtores de soja para discutir o preço da oleaginosa, dias após a cotação do produto ter renovado máxima histórica no Brasil em função do atual ajuste na oferta.

Ao longo do ano, um dólar favorável para exportação, aliado à firme demanda externa, elevou os volumes de embarques da soja do Brasil, que podem chegar a 82 milhões de toneladas, ampliando a necessidade de importação para atender a indústria local.

O preço da soja no porto de Paranaguá, um dos referenciais do país, está a 157,66 reais por saca, perto de máxima histórica de 159,88 reais de 8 de outubro, segundo o centro de estudos Cepea. Já as cotações do milho estão em máximas nominais de 69,53 reais por saca, também de acordo com a instituição.

Soja e milho podem ter importação sem tarifa, diz o Broadcast do Estadão

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Com os preços da soja e do milho em alta no mercado brasileiro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) deverá zerar a tarifa de importação dos dois produtos. (A notícia está sendo divulgada com exclusividade pelo Estadão, a partir de seu serviço de informações, o Broadcast Agro. A reunião, com a tomada da decisão, foi encerrada após as 20 horas de ontem, e ainda não há a confirmação oficial por parte da Camex -- NR/NA)..
 
Em agosto, o Estadão/Broadcast  já tinha antecipado que a medida estava em discussão.

A ideia é ter mais oferta dos grãos internamente para aumentar a competição e puxar os preços para baixo. Com o real desvalorizado favorecendo os preços no mercado externo, os produtores de soja e milho destinaram a produção para a exportação, o que aumentou o preço dos produtos vendidos no Brasil.

O pedido para zerar a tarifa partiu de produtores de proteína animal, que usam os insumos em ração. Representantes dos Ministérios da Economia, Relações Exteriores, Agricultura, além da Presidência da República, se reuniram virtualmente ontem para discutir a situação.

De acordo com fontes que acompanharam a reunião de da tarde e noite de ontem, apesar de haver consenso na câmara sobre a necessidade de zerar a tarifa, ainda se debate por quanto tempo poderá valer a isenção: até janeiro, março ou junho. A votação sobre o tema era esperada até as 20h. O Ministério da Economia ficou de divulgar uma nota sobre a decisão após esse horário.

Arroz

No mês passado, a câmara já havia zerado a tarifa de importação do arroz. O governo estabeleceu uma cota de 400 mil toneladas até o fim do ano que podem entrar no País sem a taxa, montante vale para o arroz com casca e o beneficiado. Na época, a decisão visava a conter a disparada do preço do arroz - o pacote de cinco quilos, que era vendido por cerca de R$ 15, chegou a custar R$ 40 em alguns sites.

A isenção fez disparar as compras de arroz no exterior. De acordo com dados do Ministério da Economia, houve aumento de 1 295% na importação de arroz com casca, quando foram compradas 51,3 mil toneladas, e de 55,9% nas compras de arroz sem casca, com importação de 73,9 mil toneladas. Atualmente, o pacote de cinco quilos é encontrado por cerca de R$ 20 a R$ 25 nos supermercados.

A soja e o milho não chegam a faltar no mercado brasileiro, mas o preço alto preocupa o governo e os produtores de carne. No caso da soja, depois de embarques recordes para o exterior, o País passa por entressafra e a nova produção só chega ao consumidor no final de fevereiro. Já o milho, apesar de o País estar colhendo a segunda safra, boa parte da colheita já foi vendida e uma nova safra só chega em janeiro.

Segundo dados do Ministério da Economia, o Brasil exportou US$ 27,162 bilhões de soja de janeiro a setembro, 27,8% a mais do que no mesmo período do ano passado. Mais de 70% das vendas foram para a China. No mesmo período, as importações somaram US$ 160 milhões, alta de 314,7%, quase a totalidade vindo do Paraguai.

Já as vendas de milho recuaram em relação a 2019, quando o Brasil teve safra recorde, caindo 32,1%, para US$ 3,308 bilhões. Os principais destinos no período foram Japão, Vietnã e Taiwan. As importações somaram US$ 109 milhões, recuo de 7,3%, e vêm principalmente do Paraguai e Argentina.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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4 comentários

  • LUIZ DELFANTE ITABERAI - GO

    O Governo não entendeu ainda que o problema no milho e soja é 10 vezes pior que o do arroz. Se o pais produz 105 mi de tons de milho (consome quase 70 e exporta quase 35), é obvio que em momentos de dólar alto, a conta nao vai fechar... Pra essa equação ser mais equilibrada, a trading tinha que ter tarifa em uma parte da exportação..., por exemplo, se originou 10 mi de tons, exporta 8 mi sem impostos, os outros 2 mi tem que vender no mercado interno, se nao vender, paga tributo sobre as 10 mi e o mesmo serviria para a soja... É muito desequilibrado isso aí... uma industria de Goias, por exemplo se quiser comprar grãos no MT paga ICM, sendo assim, a forma como está prejudica muito a indústria e favorece muito a trading e pode causar desequilibrios lá na frente.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      A desvalorização excessiva do real foi uma grande lambança feita pelo BC. Os desequilibrios de que voce fala já estão acontecendo conforme relatado na entrevista feita pelo Aleksander Horta.

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      Quando o milho não tava cobrindo custo de producao, não tinha nenhum comprador de milho dando ideia pra ajuda o produtor, agora aguenta... lembrando que nessa época ano passado a soja estava quase toda plantada..., esse ano está começando..

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    • LUIZ DELFANTE ITABERAI - GO

      Certamente nao. A ultima grande queda do mercado foi 2017 e mal começou a colher o governo fez leilao de pepro... E vamos recordar mais um pouco, a ultima grande alta do mercado foi na seca de 2016 e nao houve nenhuma ação do governo tbm, enfim so houve na queda de 2017 e isso é um fato, basta consultar.

      A realidade nao é essa sobre consumidores reclamarem, pois ha consumidores muito bem posicionados que fazem excelente trabalho de gestão de risco, estoques, hedge e originação futura e nao sentem tantos esses efeitos.

      Uma coisa é fato, precisa ser equilibrado pra nao trazer sintomas ruins a longo prazo.

      Se é equilibrado um consumidor que produz carnes ração etc e gera empregos tributos (icm, iss entre outros) e uma trading comprar o msm grão "de graça", realmente o país nao precisa de política alguma, muito menos de garantia de abastecimento pra população .

      A questão nao é a industria chorar ou se ferrar, mas sim q vai pesar mto no bolso da população. Olha qto subiu oleo de soja nesse período... veja os prêmios de exportação de farelo para o ano que vem. Enfim, o papo nao é indústria aguentar e sim o brasileiro pagar conta altissima por lambança de juros e política cambial.

      O produtor corre riscos, a industria gera mto emprego e tributos, resumindo, todos tem que ganhar, mas principalmente o consumidor.

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    • GERALDO JOSE DO AMARAL GENTILE Ibaiti, Parana, Brasil - PR

      Essa idéia é a mesma tolice praticada na Argentina com as "retenciones" -- com a ingênua visão de que se a Argentina produz muitos alimentos existiria um "direito natural" da população em ter alimentos baratos. Resultado: Estagnação na produção de alimentos, apropriação de 65% da renda do produtor pelo Estado, aumento de custos e aumento dos preços dos alimentos... estas medidas artificiais são pura tolice, pois o Estado não consegue controlar preços. Abraços.

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  • Washington Campos Morada Nova de Minas - MG

    Os preços de soja e milho estão "altos"? Resultado da economia liberal!

    Agricultura e Pecuária tem que ser subsídiadas para o governo comprar quando o produto estiver dando prejuízo ao produtor e ofertar quando o produto estiver alto para o consumidor... Produtor tem que ter garantia de lucro e consumidor tem que ter garantia de preços justos... esta função é do estado... simples assim!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. WASHINGTON, governo que garante preços justos são aqueles da Venezuela, Cuba, Argentina ... prefiro perder dinheiro algumas vezes do que perder a liberdade ...

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    • Washington Campos Morada Nova de Minas - MG

      Nossa liberdade está diretamente ligada à queda definitiva dos comunistas neste país. Muitas vezes é recomendável ir devagarinho consertando os erros anteriores pois, temos eleições de 2 em 2 anos ... Liberdade com solidez será conseguida com intervenção do estado com ações pontuais.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Não sei qual geração o Sr. pertence mas, sou um sexagenário e, lá pelos idos de 1970 o "play boi da hora" era aquele que vestia calça jeans boca de sino e camiseta com a cara do CHE GUEVARA... Hoje vejo a juventude que está ligada nas curtidas dos faces da vida... Realidade mesmo, deixa pros velhos ... ... Sei que existe um choque de ideias entre gerações e, que sempre as coisas se assentam ... Ainda bem que não vou estar aqui quando a poeira abaixar ...

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    • jarbas pedrosa moura São Francisco do Glória - MG

      Acho que isso aí que atrapalha nosso país.... essa divisão direita e esquerda é um atraso... isso que nosso amigo pede não é controle de preço, está na constituição e visa preservar o lucro do produtor e o direito do consumidor... A diferença é que quando a constituição foi feita em 1989 tínhamos pessoas que lutavam pelo país e hoje lutam por ideologias

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  • Mario Afonso Klein Passo Fundo - RS

    Efeito prático ZERO. Milho e Soja importados de fora do Mercosul chegam aqui no interior com preços superiores aos atuais. Esta medida poderá estabelecer um teto para alta dos preços de Soja e Milho, mas o certo é que este teto será superior aos preços atuais.

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    • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

      A medida é para que não faltem milho e soja.. Já pensaram que só vai ter soja em fevereiro?

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  • José Jorge Ribeiro Neto Tatuí - SP

    Está notícias é uma tentativa de derrubar os preços da soja e do milho... o único país que tem para vender seria EUA, como ficaria o preço para trazer para cá?.. com certeza vai chegar mais caro ainda do que está aqui... isso só parece manobra da mídia para tentar derrubar os preços.

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    • Ivan Oliveira Miguelopolis - SP

      O código florestal brasileiro estabelece a possibilidade do governo restringir as importações de paises que não tenham uma legislação semelhante a do Brasil, que se for aplicado restringiria praticamente todos os países do mundo! O produtor brasileiro sempre é obrigado a competir em desigualdade com os outros produtores do resto do mundo! quando ele começa a ganhar um pouco, todos caem de pau!

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    • Geovani Salvetti Ubiratã - PR

      Mais uma manobra para tentar derrubar os preços já os insumos, defensivos, subiram, o governo vai intervir para derrubar também?

      E quero ver importar com dólar alto, fica inviável...

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    • Elton Szweryda Santos Paulinia - SP

      Medida POPULISTA, INÓCUA, E JOGA UMA BALDE DE AGUA FRIA EM QUEM ACREDITA NO LIVRE MERCADO, mas deixa claro que Jair Bolsanaro tem lado e não é o dos produtores, passamos tantas dificuldades e ninguem nunca nos deu algum alivio, ME LEMBRAREI DESSE FATO NAS PROXIMAS ELEICOES PRESIDENCIAIS, SE JB FOR CANDIDATO!!! MAS ACHO QUE NAO SERÁ...

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