Defensivos/Sindiveg: Com câmbio, mercado recuará 11,8% em 2020, apesar do aumento de 6,5% na área tratada

Publicado em 06/11/2020 09:34

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Por Clarice Couto

A escalada do dólar ante o real ao longo deste ano terá impacto negativo sobre o mercado de defensivos agrícolas. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) projeta queda de 11,8% da receita em dólar em 2020, para US$ 11,994 bilhões. No ano passado, a indústria movimentou US$ 13,603 bilhões. Já em moeda brasileira, o faturamento deve crescer 7,8% em 2020. Com o real depreciado ante o dólar, a receita das empresas em real acaba se convertendo em montante menor em dólar do que se a divisa norte-americana estivesse menos valorizada. Além disso, a maior parte dos custos da indústria é na moeda estrangeira, em virtude da importação de matérias-primas.

"Até outubro, a perda cambial foi de 22% para o setor. Ainda não foi possível repassar integralmente o aumento dos custos (a compradores)", disse o presidente do Sindiveg, Julio Borges Garcia. Em 2019, o valor do mercado de defensivos no Brasil foi maior do que em 2018, tanto em dólar (1,7%) como em real (15,2%).

A pedido da reportagem, o Sindiveg também informou que a área tratada com defensivos agrícolas em 2020 deve aumentar 6,5% na comparação com 2019, atingindo 1,664 bilhão de hectares. O cálculo considera a área que recebeu agroquímicos multiplicada pelo número de produtos usados e pelo quantidade de aplicações de cada produto na mesma lavoura. Em 2019, a área tratada alcançou 1,562 bilhão de hectares. O avanço em 2020 é semelhante ao verificado em 2019, de 6,8%.

Garcia explica que o crescimento, neste ano, se dá por dois fatores principais: ampliação da área plantada no País e maior pressão de insetos sugadores (como percevejos, cigarrinha-da-cana e cigarrinha-do-milho), doenças (ferrugem asiática e mancha-alvo na soja e ramulária no algodão) e plantas daninhas resistentes (com destaque especial para caruru e buva). "A alta incidência demanda reforço nos cuidados com manejo e controle destas pragas", disse o executivo.

Garcia reforçou que o Sindiveg e as empresas associadas vêm reforçando ações para difundir boas práticas na aplicação de agroquímicos no campo, a fim de garantir que as recomendações de bula e de órgãos reguladores sejam seguidas.

Defensivos/Sindiveg: Área tratada cresce 7% no ano até setembro, mas receita em dólar recua 7,8% 

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Por Clarice Couto

São Paulo, 06/11/2020 - A área tratada com defensivos agrícolas no País entre janeiro e setembro deste ano aumentou 7,1% em comparação a igual período do ano passado, alcançando 904,1 milhões de hectares. Há um ano, eram 844,5 milhões de hectares. As culturas da soja e do milho, assim como em 2019, tiveram maior peso no resultado, representando 34% e 24%, respectivamente, da área que recebeu agroquímicos. Já a receita com a venda dos produtos caiu 7,8% no acumulado do ano até setembro, chegando a R$ 7,128 bilhões, segundo dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

A valorização do dólar ante o real interferiu no resultado financeiro, de acordo com a entidade, já que a maior parte dos custos da indústria está atrelada às importações de matérias-primas, que acabaram se tornando mais caras em real. "A desvalorização acentuada e acelerada do real (ante o dólar) não permitiu o repasse integral do aumento destes custos ainda neste ano", disse em nota o presidente do Sindiveg, Julio Borges Garcia.

Os dados encomendados pelo Sindiveg à consultoria Spark Inteligência Estratégia mostram que a receita das empresas do setor recuou de forma ainda mais expressiva no terceiro trimestre de 2020, 18%, chegando a R$ 1,390 bilhão. Soja (29%), cana-de-açúcar(18%), frutas e hortaliças (12%), pastagem (9%) e milho (7%) foram as culturas com maior participação no desempenho financeiro.

Os herbicidas foram os que maior peso tiveram nas vendas do setor no terceiro trimestre, representando 51% dos negócios em dólar, em virtude da necessidade de combater plantas daninhas no período de preparação do plantio, explicou o Sindiveg. Em segundo lugar ficaram os inseticidas (com 18% da receita), fungicidas (15%) e tratamento de sementes (10%). Quando observado todo o período de janeiro a setembro, a participação de cada categoria de produto muda um pouco em relação ao terceiro trimestre. Considerando a área tratada com defensivos, os inseticidas foram aplicados em 27% do total, seguidos por herbicidas (24%), fungicidas (17%), tratamento de sementes (8%) e outros produtos (23%).

Ainda no terceiro trimestre, a área tratada aumentou 5%, para 212,2 milhões de hectares, 10 milhões a mais do que no intervalo correspondente de 2019. As lavouras de soja representaram a maior parte da área que recebeu algum tipo de agroquímico, 39%, seguidas de pastagens (19%), trigo (9% e milho (8%).

De janeiro a setembro, Mato Grosso foi o Estado com maior relevância para as vendas em dólar, 27% do total. São Paulo aparece em segundo lugar, com 14% do todo, seguido da região do Matopiba (que abrange parte do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com 11%, do Paraná (10%), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (10%), Goiás (8%), Minas Gerais (8%) e Mato Grosso do Sul (7%). Ainda no acumulado do ano, depois da soja e do milho, as culturas com maior participação em área tratada foram algodão (15%), cana-de-açúcar (6%), pastagem (5%), feijão (4%) e frutas e hortaliças (3%).

Safra 2020/21 O Sindiveg chamou a atenção para o esperado aumento de área plantada com soja, milho e algodão e as principais pragas e doenças que devem atacas tais lavouras. No caso da soja, o estudo encomendado pela entidade prevê crescimento de 3,4% da área cultivada, assim como maior uso de tecnologias para combater ferrugem asiática, percevejos, nematódeos, ácaros e outros problemas fitossanitários.

Para a segunda safra de milho, a previsão é de aumento de 4% da área semeada em comparação à safra passada, com maior demanda por produtos que combatam sugadores e manchas foliares e para tratamento de sementes.

Já em relação à próxima safra de algodão, a estimativa é de recuo de 3% na área cultivada, porém com maior necessidade de produtos para proteção e controle contra bicudo e ramulária. "O aumento da produção agrícola em um país tropical, como o Brasil, cobra o seu preço. Nosso clima e temperatura são ideais para a disseminação de doenças, pragas e ervas daninhas cada vez mais resistentes e desafiadoras, e os defensivos agrícolas desempenham um papel essencial no controle desses inimigos e aumento da produção de alimentos", assinalou Garcia.

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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