França lança plano estratégico de desenvolvimento de proteínas vegetais e Brasil pode ser atingido

Publicado em 02/12/2020 19:06


O Ministro da Agricultura e Alimentação, Julien Denormandie, reuniu na última terça-feira (01) os participantes da vasta consulta sobre proteínas vegetais feita no país.

Nesse encontro, o Ministro e representantes do setor de óleos e proteínas vegetais e da pecuária apresentaram uma carta de compromissos prevendo um aumento de 40% nos próximos três anos graças ao financiamento do plano France Relance.

Devido à sua história e à globalização do comércio, a França atualmente não é suficientemente autônoma na produção de proteínas vegetais, seja para consumo animal ou humano. Na verdade, a França produz apenas metade dos materiais ricos em proteínas necessários para a alimentação animal (soja, semente de colza ou farinha de girassol, etc.).

Segundo reportagem publicada no site do  Ministério da Agricultura da França, trata-se, antes de mais nada, de uma questão de soberania, agravada por nossa dependência dos mercados mundiais e das importações, em particular de proteínas vegetais sul-americanas, como a soja. É também um desafio ambiental. De fato, além de enfraquecer nossa soberania, as importações de soja de terceiros países podem ser responsáveis ​​pelo desmatamento, degradação florestal e destruição de ecossistemas naturais em alguns países produtores.

O desenvolvimento das leguminosas na França permitirá limitar o uso de importações e, assim, ter efeitos benéficos para o meio ambiente. Ao mesmo tempo, o cultivo de leguminosas promove a biodiversidade do interior da França. Como as leguminosas têm a capacidade de fixar o nitrogênio do ar e transformá-lo em nitrogênio que pode ser usado diretamente pelas plantas, elas reduzem a necessidade de fertilizantes nitrogenados.

Por fim, o desenvolvimento de proteínas vegetais proporcionará uma saída adicional para os agricultores, permitindo-lhes responder a novos segmentos de mercado, reduzir suas importações de insumos e reduzir sua exposição às flutuações dos preços mundiais da soja.

Como os desafios são imensos, a estratégia para as proteínas vegetais francesas teve que ser construída após uma discussão de mais de 10 anos. Para lançar o ímpeto, um plano baseado em cerca de 3 prioridades ao longo de dois anos já foi iniciado e financiado através do plano France Relance para:


1. Reduzir a nossa dependência da importação de materiais ricos em proteínas, em particular a soja importada de terceiros países;

2. Melhorar a autonomia alimentar das explorações pecuárias, ao nível das explorações, territórios e sectores;

3. Desenvolver uma gama de produtos locais em termos de leguminosas (lentilhas, grão de bico, feijão, favas, etc.)

A estratégia da proteína em alguns números

Serão aportados recursos financeiros sem precedentes para iniciar a implementação deste plano de dois anos, que será iniciado pelo plano France Relance no valor de 100 milhões de euros, aos quais se somam os investimentos da PIA4 e da Bpifrance.

Atualmente, quase 1 milhão de hectares são semeados com espécies ricas em proteínas vegetais (soja, ervilha, leguminosas, alfafa, leguminosas forrageiras, etc.).

As áreas semeadas com essas espécies aumentarão em 40%, ou + 400.000 ha. Em menos de 10 anos (2030), as áreas serão duplicadas para chegar a 8% da área útil agrícola, ou 2 milhões de hectares.

Impactos para o Brasil

De acordo com o Governo Brasileiro, no acumulado de 2020 até outubro, os franceses importaram 1,5 milhão de toneladas de soja brasileira. No passado todo, foram 1,96 milhão de toneladas. Mais da metade do farelo de soja importado pela França sai do Brasil.

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Fonte:
Ministério da Agricultura França

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3 comentários

  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    Tudo certo, desde que deixem os produtores brasileiros trabalharem em paz. Bom avisar também que agora o Brasil tem dono, portanto, que a França vá cuidar de outras colônias. E eu agora que fiquei sabendo que o Atacadão é de um grupo francês, que todo final de ano manda seus lucros lá prá França..., deixarei de comprar nesse estabelecimento.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. GILBERTO, gostaria de traçar um paralelo à sua mensagem. ... Imagine, nos tempos dos governos LULA & DILMA ... Países que não enxergavam com bons olhos a "dupla" deixassem de comprar as commodities agrícolas brasileiras ... Seria uma ação consciente ??? ... Veja que, embora sejamos governados por párias, quem vivencia e produz as riquezas de um país é seu povo, e estes sempre serão o esteio de sua nação...

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      O progresso social se dá em pílulas homeopáticas diárias ... Infelizmente sempre vão existir "parasitas", que irão frear esse processo ... ESSA É A REALIDADE !!!

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Bom ... temos Pao de Açucar/ Carrefour /Atacadao franceses que nunca farao nossos interesses----A JBS precisa entrar direto na Europa com as lojas Swift---Os europeus em materia de distribuiçao de carnes estao na idade da pedra.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Sr. Paulo, concordo com teu "paralelo", é bom sempre pensar que governantes passam e o Estado fica. No entanto é bem verdade que a população tem o governo que merece, tanto o Brasil tiveram a "dupla" de assaltantes e a França o Macron, porque alguém colocou eles lá. Talvez se as empresas e a população levasse um esfrega de vez enquanto, quem sabe elegeriam alguém melhor. Ou seja se os mercados da França não vão vender produtos brasileiros, porque temos que comprar de empresas francesas? Na hora que cair o lucro dessas empresas, quem sabe descubram que eleger Macron foi um mal negócio.

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  • Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR

    Dez anos de discussão para lançar um plano que dificilmente funcionará, a não ser que aumentem consideravelmente os subsídios aos agricultores franceses para mudarem suas atividades..., e mesmo assim levarão outros 10 anos para talvez, se auto-sustentarem.... Quanto a prejudicar o Brasil com 1,5 m/t, será só perdermos um cliente pequenininho de um produto que atualmente está faltando até pra nós.

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    • GERALDO JOSE DO AMARAL GENTILE Ibaiti, Parana, Brasil - PR

      Já expulsamos a França da América latina, do Oriente Médio e da Ásia como fornecedora de alimentos processados. Só lhe resta, agora, a União Européia. Mesmo com imensos subsídios estatais (incluindo generosos financiamentos pelo Credit Agricole com taxas de juros negativas) a verdade é que a agricultura/pecuária européia são absolutamente ineficentes e seriam destruídas em uma concorrência leal com o agronegócio brasileiro. Como os agricultores franceses tem enorme força política, o Governo Francês luta para derrubar o acordo de livre comércio Mercosul/UE, liderando a cruzada contra o Brasil denegrindo a imagem do País e operando a fábrica de "destruição de reputações" das quais são mestres.

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  • Virgilio Andrade Moreira Guaira - PR

    Já tentaram fazer até proteina de petróleo.

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