Fundos têm posições compradas recordes na soja, derivados e grãos e fortalecem alta dos preços

Os fundos de investimento vem carregando uma posição recorde comprada em commodities agrícolas e intensificam ainda mais o momento de preços altos que vem sendo registrado nos últimos meses. Entre soja, milho, trigo, farelo e óleo são quase 800 mil contratos, superando o recorde de 2012 de 780 mil. Entre 28 de dezembro e 4 de janeiro, foram adicionados 103,777 mil contratos, com os fundos sendo motivados, essencialmente, pela força dos fundamentos que estimulam o avanço das cotações. A relação apertada entre a oferta e a demanda globais é clara, já cria ambiente para uma inflação entre os alimentos no mundo todo e favorece ainda mais este comportamentos dos fundos.
"Este é, agora, o principal componente especulativo do mercado de commodities agrícolas", diz Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais. "Há uma percepção do lado fundamental, que é concreta. Mas também existe uma redução de juros ao redor do mundo e uma busca por ativos. As bolsas se recompuseram de uma forma geral no mercado acionário e também no mercado de commodities", completa.
Dessa forma, o que se espera é um monitoramento ainda mais intenso destes fundos, já que com uma posição tão forte esta, suas movimentações poderiam provocar reações bastante intensa dos preços, tanto para dar continuidade às altas, como para provocar alguma pressão, mesmo que pontual.
"Os fundos podem causar grandes oscilações. Eles poderiam parar de comprar, começar a vender, derrubar o mercado e derrubar rápido. Mas o contrário também pode acontecer. Há um volume de capital que ainda pode ser investido antes dessa mudança de posição", explica Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach Ag Marketing.
Os atuais movimentos têm sido comparados ao que se observou no mercado de grãos em 2012, quando a Bolsa de Chicago registrou patamares recordes e quando a situação dos fundos era semelhante. A soja chegou, em tempo, a alcançar os US$ 17,98 por bushel. A diferença é de que o recorde das posições compradas há oito anos - 780 mil contratos - foi superada dada, justamente, a força dos fundamentos.
"Por trás dessas posições recordes compradas há muitas questões fundamentais, entre elas as questões produtivas, escoamento, estoques menores, e os fundos apostando no fim de um ciclo de baixa das commodities. Vimos nos últimos quatro, cinco anos, as commodities caindo e o mercado está agora apostando no fim disso", analisa Luiz Fernando Gutierrez, analista de mercado da Safras & Mercado.
Gutierrez também acredita que essa condição, portanto, abre mais espaço para correções técnicas do mercado, com movimentos de realizações de lucros, ao lado de correções fundamentais. "Mas não acredito que isso possa mudar o viés positivo, o que pode são os fundamentos. E os fundamentos são muito fortes, sejam por questões de oferta ou por questões de demanda. Vamos acompanhar esse novo ano, podemos estar entrando em um novo ciclo de alta para as commodities em geral", explica.
Em outubro de 2020, o Notícias Agrícolas já noticiava este início de um ciclo de altas para os preços dos alimentos, destacando o consumo maior e a oferta restrita. Relembre:
Leia Mais:
+ Novo ciclo de preços altos para os alimentos está apenas no começo, explicam consultores
Ainda como relata Aaron Edwards, entre os fundamentos boa parte da força vem da demanda, que não se limita somente aos compradores que buscam o alimento em si. "Há a demanda real pelos alimentos, há os fundos comprando com a tendência de alta e em meio a um cenário de inflação e há até mesmo o produtor americano comprando para aproveitar as altas (já tendo vendido no físico) e para intensificar os ganhos, e nesse caso é a gestão de risco também sendo considerada".
Ao mesmo tempo, lembra também que não há agora grande pressão de venda neste mercado, o que também é combustível para a escalada dos futuros. "Argentina está sem vender, Brasil também e Estados Unidos já venderam bem. Temos, portanto, demanda forte, estoques apertados e pouca pressão de vendas. Só que as altas estão mais fortes por conta desse comportamento dos fundos", diz o consultor.
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Elton Szweryda Santos Paulinia - SP
Os produtores de soja aprenderam a duras penas, a segurar as vendas, certíssimo, isso é mercado, faz parte do jogo. Sem contar que 65% da soja futura/brasil, foi vendida a preço vil, a preço de banana, quando a banana era barata...ficou a liçao. Acredito que muitas empresas demandantes de soja levaram em conta as opinioes de muitos consultores que conhecemos nas decisoes de sairem do mercado em novembro/20, convencidos de que fariam bom negocio, negocio da china, comprariam agora baratinho, etc. Só que não... vão pagar mais caro que antes...
Elton Szweryda Santos Paulinia - SP
Escassez principalmente de soja, justifica preços muito mais altos que os atuais, e o produtor segurando as vendas, logo passaremos de um guara, porque eu venderia por R$ 190/sc, se em pouco tempo venderia por 250 é só segurar o que sobra de soja, pois a maioria da producao ja foi queimada a preço vil, muito baixo, conheço produtores que venderam a 75,00. No cenario atual esses produtores estao sofrendo com remorços, sera dura a aprendizagem, e talvez fazendo uso de medicamentos, é como o prof. Liones sempre diz, nao vamos oferecer a soja antecipadamente, porque perdemos força no mercado, vamos esperar o comprador procurar... entao teremos força. Que a licao seja aprendida por todos, pois a parte mais sensivel é o bolso de cada um de nós