Mercado vai reagir a eleição no Brasil, mas gestores estão mais construtivos com câmbio e bolsa, diz BofA
SÃO PAULO (Reuters) - Gestores da América Latina estão mais "construtivos" sobre as perspectivas para a taxa de câmbio, bolsa de valores e atividade econômica no Brasil, mas sem deixar de lado preocupações eleitorais, mostrou pesquisa do Bank of America nesta terça-feira.
Os autores do estudo do BofA dizem que têm ouvido de investidores que as eleições no Brasil podem ser um "não evento", uma vez que os candidatos já são conhecidos e devem convergir para o centro à medida que o pleito se aproximar.
"Mas investidores da Pesquisa com Gestores de Fundos dizem o contrário. Quase 80% dos participantes esperam que o mercado reaja às pesquisas eleitorais e mais de 60% estão preocupados com as eleições", disse o BofA no relatório.
A eleição, porém, não é o maior risco de cauda para o mercado, e os gestores consultados colocaram as incertezas globais nesse posto --com o cenário de juros nos EUA em primeiro lugar, seguido de receios sobre a China, commodities e desaceleração dos EUA.
Esse elenco de riscos não impediu, contudo, que os profissionais consultados se mostrassem mais construtivos com os ativos do Brasil.
Quase 50% dos participantes da pesquisa esperam que o Ibovespa supere os 120 mil pontos ao fim do ano, ante 33% da sondagem de maio. Uma fatia de 81% disse que o PIB brasileiro crescerá mais de 1% neste ano, bem acima dos 35% do mês passado.
O Ibovespa oscilava próximo dos 102 mil pontos nesta terça-feira.
A maioria dos respondentes (cerca de 55%) vê o dólar entre 4,81 reais e 5,10 reais ao término de 2022 --apenas leve alta ante a porcentagem de maio. Mas a parcela dos que apostam no dólar em intervalo mais baixo --entre 4,50 reais e 4,80 reais-- saltou para em torno de 35%, de pouco mais de 10% na pesquisa anterior.
O dólar à vista operava na casa de 5,11 reais nesta sessão.
O real se isolou ainda mais no topo das preferências entre os gestores consultados, e 77% creem que a moeda brasileira vai superar seu rival norte-americano até o fim do ano, contra pouco mais de 60% na consulta de maio.
O peso mexicano vem em segundo lugar, mas com menos de 40% das citações, que podem incluir mais de uma moeda.
Do lado da política monetária, mais gestores passaram a calcular Selic ainda mais alta ao fim do ano.
A parcela dos que veem o juro básico entre 13,5% e 13,75% subiu para perto de 50%, de cerca de 35% em maio, tornando-se, assim, a aposta da maioria, uma vez que o segundo "call" considerado --de taxa entre 13% e 13,25%-- caiu de mais de 30% para pouco mais de 20%.
A Selic está em 12,75% ao ano, e na quarta-feira o Banco Central deve anunciar nova alta da taxa, com previsão de consenso de 0,50 ponto percentual.
(Por José de Castro)
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