Do algodão ao cacau: Cerrado baiano consolida novo ciclo de inovação agrícola com potencial de transformar o Brasil
Há pouco mais de 20 anos, o algodão ainda era uma aposta incerta no Oeste da Bahia. A cultura exigiu investimentos em pesquisa, desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima e ao solo do Cerrado e persistência dos produtores rurais. Duas décadas depois, a Bahia ocupa o segundo lugar no ranking nacional de produção da fibra, e o Brasil reverteu seu papel de importador para se tornar o maior exportador mundial.
Hoje, o mesmo Cerrado baiano que se tornou referência na cotonicultura nacional vive um novo marco: o avanço acelerado da cultura do cacau. Introduzida na região há apenas sete anos, a cacauicultura já demonstra índices de produtividade muito superior à média mundial, e vem se destacando como a próxima grande força produtiva do agro brasileiro.
Para o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Moisés Schmidt, o paralelo é inevitável. “O que estamos vendo com o cacau hoje lembra muito o início da cotonicultura no Oeste. Uma cultura desafiadora, que exigiu adaptação e conhecimento técnico, mas que encontrou no Cerrado baiano as condições ideais para se desenvolver. Assim como o algodão, o cacau tem potencial para colocar a Bahia e o Brasil em uma nova posição de destaque mundial”, afirma.
Produtividade e diferenciação: um cacau para o futuro
Enquanto o cacau tradicional é cultivado em áreas de sombra, o modelo adotado no Cerrado é o regenerativo, plantado em pastagens degradadas sendo a pleno sol, com uso intensivo de tecnologia, irrigação e manejo de precisão. Os resultados são expressivos: produtores já colhem entre 150 e 250 arrobas por hectare, produtividade que ultrapassa dez vezes mais do que a média nacional.
Além disso, a baixa perecibilidade da amêndoa — que pode ser armazenada por até seis meses sem perda de qualidade — e o potencial de cultivo em pequenas áreas com alta tecnologia tornam o cacau uma cultura acessível tanto a pequenos quanto a grandes produtores.
As condições climáticas da região, com estações bem definidas e abundância de recursos hídricos, somadas a boa fertilidade, criam o ambiente perfeito para o crescimento da cultura, favorecendo também a adoção de sistemas sustentáveis, como agroflorestas e integrações.
Diversificação produtiva e expansão territorial
Com os bons resultados, a cacauicultura já se expande para municípios como Riachão das Neves, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Formosa do Rio Preto e o vale do rio Corrente e São Francisco, consolidando um novo polo de produção de cacau no Brasil. Essa diversificação representa um novo eixo econômico, e também uma estratégia de resiliência produtiva para os agricultores da região.
“Estamos construindo uma nova fronteira para o cacau, com qualidade, tecnologia e sustentabilidade. Esse movimento beneficia toda a cadeia produtiva, abre portas para novos mercados e fortalece a imagem da Bahia como potência agrícola”, destaca Moisés Schmidt.
Evento nacional reforça protagonismo da região
Para celebrar esse novo momento e aprofundar o debate técnico sobre o cultivo, a Aiba realiza, entre os dias 10 e 12 de julho, a quarta edição da Cacauicultura 4.0, considerado o maior evento do setor no Brasil.
A programação inclui abertura oficial em Barreiras, ciclo de palestras técnicas no dia 11, no Parque Natural Engenheiro Geraldo Rocha, e o Dia de Campo na Fazenda Santa Helena, em Riachão das Neves, com visitas a lavouras irrigadas, demonstrações tecnológicas e troca de experiências entre produtores e especialistas que acontecerá dia 12.
O evento conta com o apoio das prefeituras de Barreiras e Riachão das Neves, Governo do Estado da Bahia, Governo Federal, e de importantes parceiros do setor, como Rain Bird, BioBrasil, Netafim, Casa da Lavoura, Centro de Inovação do Cacau (CIC), TRF, Ceplac e Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
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