Na Reuters: Bolsonaro diz que é o único que pode derrotar Lula, frear China e parar tarifas de Trump
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Por Luciana Magalhaes
BRASÍLIA (Reuters) - Com jeans escuros puxados sobre uma tornozeleira eletrônica acoplada poucas horas antes, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou claro nesta sexta-feira que a humilhação das restrições impostas pela Justiça não diminuiria seu papel na política global.
Em uma entrevista com postura desafiadora à Reuters na sede de seu partido, alvo de uma operação de busca e apreensão ao amanhecer na mais recente ação do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro se apresentou como o homem para renegociar tarifas dos EUA, conter a influência chinesa e combater a esquerda no Brasil.
"Eles querem de vez me tirar do jogo político do ano que vem", disse ele, referindo-se a uma eleição na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cotado para buscar um quarto mandato. "O Lula, sem mim, ganha a eleição de qualquer um.”
Mesmo depois que o Supremo o proibiu na sexta-feira de ter contato com autoridades estrangeiras, o ex-presidente insistiu que gostaria de se encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada e exigiu o fim do processo de Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado.
Enquanto alguns aliados se preocupam que a tática de Trump esteja saindo pela culatra, associando Bolsonaro às consequências econômicas e impulsionando o apoio a Lula, o ex-presidente não quis se estender sobre as exigências de seu aliado na Casa Branca.
“Eu jamais vou dar conselho ao Trump. Quem sou eu? Eu respeito", disse Bolsonaro, sentado a uma mesa com dois volumes ao alcance: uma cópia da Constituição Brasileira e uma revista com Trump na capa. "É um país que é exemplo para nós e não nós, exemplo para eles.”
Em ordens judiciais nesta sexta-feira, baseadas em alegações de que Bolsonaro havia cortejado a intervenção de Trump, o ministro do STF Alexandre de Moraes impôs ao ex-presidente toque de recolher e tornozeleira eletrônica e o proibiu de usar redes sociais, de se aproximar de embaixadas estrangeiras ou de lidar com autoridades estrangeiras.
Bolsonaro chamou Moraes de "ditador" e descreveu as últimas ordens judiciais como atos de "covardia".
"Suprema humilhação,” disse ele, quando perguntado como se sentia ao usar a tornozeleira eletrônica. "Tenho 70 anos, fui presidente da República por quatro anos."
Bolsonaro negou qualquer plano de deixar o país, mas disse que se encontraria com Trump se pudesse ter seu passaporte de volta, apreendido pela polícia no ano passado. Ele também disse que queria conversar com o principal diplomata dos EUA no Brasil para discutir a ameaça tarifária de Trump.
Trump elogiou Bolsonaro, mas disse a jornalistas esta semana que ele "não é como um amigo". Quando questionado sobre detalhes de seu relacionamento, o ex-capitão do Exército brasileiro começou a descrever o avanço dos interesses chineses na América Latina.
"A China vem tomando conta do Brasil. Muitos veem que, no Brasil, sou a pessoa que pode frear a China", disse, acrescentando que isso seria possível desde que tivesse um país nuclear em seu apoio. "Que país é esse? O do Norte?"
Ele falou que o bloco Brics de países em desenvolvimento, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China, havia se tornado "uma confraria de tudo que é ditadura e criminosos de guerra do mundo“.
Ao sediar a cúpula do Brics no Rio de Janeiro este mês, Lula comparou Trump a um "imperador" indesejado, provocando a ira do presidente dos EUA, que ameaçou aumentar as tarifas sobre o grupo por suas "políticas antiamericanas".
(Reportagem de Luciana Magalhães; Reportagem adicional de Gabriel Araujo e Isabel Teles em São Paulo)
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