Governo oferece alívio simbólico às MPEs enquanto EUA impõem tarifa de 50%
A poucos dias da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governo federal anunciou a criação do programa Acredita Exportação, que prevê a restituição de 3% sobre o valor das exportações realizadas por micro e pequenas empresas. A iniciativa, no entanto, tem alcance limitado e efeitos práticos questionáveis, segundo avaliação do advogado tributarista Luís Garcia, sócio do Tax Group e do MLD Advogados Associados.
“É uma medida que pode trazer algum alívio pontual para negócios com margens extremamente reduzidas, mas está longe de representar um incentivo real. O programa não ataca os fatores que realmente encarecem a produção brasileira, como a carga tributária geral, a logística ineficiente, os encargos trabalhistas e a taxa de juros elevadíssima”, afirma o tributarista.
Garcia observa que, além de ter baixo impacto econômico, a medida pode gerar entraves operacionais e risco jurídico para as micro e pequenas empresas (MPEs). A devolução dos tributos depende de regulamentação infralegal e de uma contabilidade fiscal robusta, o que muitas empresas de menor porte não têm acesso.
“Se a operacionalização for feita via decretos, portarias ou instruções normativas, pode haver instabilidade e questionamentos jurídicos. Além disso, há risco de autuação se a empresa cometer equívocos na apuração dos créditos. Ou seja, sem automação e orientação técnica, a adesão pode ser mínima”, alerta.
Na avaliação do especialista, o incentivo não tem qualquer eficácia frente à nova tarifa externa de 50% imposta pelos EUA, que incide diretamente sobre o preço final do produto ao entrar no mercado americano.
“Recuperar R$ 3 em tributos para enfrentar uma barreira tarifária de R$ 50 não resolve absolutamente nada. A devolução atua sobre o custo interno, enquanto a tarifa dos EUA age sobre o valor final. Estamos falando de universos diferentes.”
Para lidar com o cenário externo, o tributarista sugere estratégias estruturais, como planejamento tributário internacional, revisão de classificação fiscal dos produtos, uso de regimes aduaneiros especiais e diversificação de mercados. Mas reconhece que nenhuma dessas alternativas tem efeito imediato.
Por fim, Garcia é enfático ao criticar a política fiscal do governo federal, que, segundo ele, compromete a competitividade das exportações brasileiras de forma estrutural:
“A política fiscal tem sido a maior inimiga do setor produtivo. A impossibilidade de reduzir a carga tributária e os juros elevados já tornavam os produtos nacionais pouco competitivos mesmo antes das sanções comerciais dos EUA. A devolução de 3% é, no máximo, um gesto político.”
0 comentário
COOPERATIVISMO EM NOTÍCIA - edição 13/12/2025
Minerva Foods avança em duas frentes estratégicas e alcança categoria de liderança do Carbon Disclosure Project (CDP)
Pesquisador do Instituto Biológico participa da descoberta de novo gênero de nematoide no Brasil
Secretaria de Agricultura de SP atua junto do produtor para garantir proteção e segurança jurídica no manejo do fogo
Manejo do Fogo: Mudanças na legislação podem expor produtores a serem responsabilizados por "omissão" em casos de incêndios
Primeira Turma do STF forma maioria por perda imediata do mandato de Zambelli