Dia Internacional da Mulher Rural: Celebrando conquistas, superando desafios e transformando o agronegócio

Publicado em 15/10/2025 09:27 e atualizado em 16/10/2025 11:19
Atualmente, mais de 30 milhões de hectares no Brasil são administrados por mulheres
Edinelia Strasmann Ferreira produtora rural em Colatina -ES
Edinelia Strasmann Ferreira produtora rural em Colatina -ES

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Nascida e criada desde cedo para trabalhar na terra, Edinelia Strasmann Ferreira, casada, mãe de 3 filhos, administra o Sítio Semear, localizado em São João Pequeno município de Colatina -ES, cuidando do cultivo de café, aipim, milho verde, cacau, tomate em estufa (em época de inverno), morango semi-hidropônico, acerola, maracujá. "O trabalho no campo sempre me direcionou. Faz meu coração bater mais forte", afirma. Porém, por muito tempo, os filhos pequenos, que demandavam tempo e atenção, limitaram sua participação integral nos trabalhos rurais e em entidades do setor agrícola.

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Hoje, dia 15 de outubro, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Rural. Instituída pela ONU em 1995, a data tem a proposta de elevar a consciência mundial sobre o papel da mulher do campo. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reforça que as mulheres rurais são pilares do desenvolvimento sustentável, especialmente na América Latina, garantindo a produção de alimentos, liderando famílias,empreendimentos e comunidades inteiras. 

Elas são cerca de 6 milhões. Administram mais de 30 milhões de hectares, o que corresponde algo em torno de 8,4% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no Brasil, de acordo com estudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em conjunto com a Embrapa e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O protagonismo da mulher no agronegócio brasileiro tem crescido nos últimos anos, decorrente da ampliação do acesso à terra, formalização de atividades e do empoderamento no meio rural.

Dados do IBGE mostram ainda que as mulheres são responsáveis por 42,4% da renda familiar rural, chegando a 51% no Nordeste, onde sua atuação é ainda mais expressiva. E demais dados só enaltecem o fortalecimento e a representatividade feminina no campo:

Mulheres dirigentes de estabelecimentos rurais: 946.075
Mulheres em codireção: 817.019
Total de mulheres dirigentes: 1.763.094
Mulheres trabalhadoras rurais ocupadas: 4,37 milhões de mulheres
Total de mulheres no campo: 6,14 milhões de mulhere
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FONTE: Censo Agropecuário 

Mas, esse caminho não foi, e ainda não é, nada fácil. São vários os desafios enfrentados por aquelas que desejam ocupar seu lugar no agro. Segundo Thaysa Felix, presidente das Associações Mulheres no Agro (AMA) e Sítio Escondido, o principal desafio cotidiano resulta em enfrentar a desigualdade de gênero, o acesso limitado a créditos e políticas públicas e a necessidade de equilibrar múltiplas funções em suas vidas. "Por causa do abandono de muitos homens, chefes de família, que largaram seus lares e foram trabalhar na cidade e, consequentemente, nunca mais apareceram, foi se necessitando do trabalho feminino no campo nascendo assim a mulher forte, batalhadora e guerreira, que assumiu a chefia da família, arregaçou as mangas e partiu para produzir seu sustento e de toda sua família. ", conta Thaysa.

 Mesmo com tantos obstáculos, elas não deixam de lutar pelo seu espaço e sua independência. E essa luta não tem sido em vão. Entre 2023 e 2025, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) já investiu quase R$ 68 milhões em iniciativas que beneficiam diretamente as mulheres, com 16 mil quintais produtivas implementadas ou em fase de implementação em todas as regiões do país. Além disso, mais de R$ 25 milhões foram destinados à linha de crédito exclusiva para produtoras, beneficiando aproximadamente 800 mulheres. “Somos exemplos de liderança, que acreditam na melhoria contínua, que cremos que um futuro melhor nos aguarda e, para isso, estamos sempre na linha de frente, lutando e participado de todas as batalhas, com muita fé em Deus”, enaltece Thaysa, presidente da AMA. 

A produtora de café na comunidade de Mato Grosso, em Rio de Contas, na Chapada Diamantina, Olívia Ramos, conta que sua relação com o campo começou muito antes de se entender como agricultora. De acordo com ela, outro grande desafio das mulheres é o de ocupar espaços de decisão, seja nas associações, cooperativas ou lideranças rurais. "Vejo um movimento lindo acontecendo. As mulheres estão ocupando seus espaços com coragem e sensibilidade, criando redes, marcas, coletivos e novos modos de viver do que a terra oferece. A gente aprendeu a transformar o cuidado, que sempre foi visto como algo pequeno, em força produtiva e social. O campo hoje tem o rosto e a voz de muitas mulheres que sonham, produzem e inspiram", projeta. 


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E foi da vontade de dar nome, rosto e identidade a algo que sempre existiu nela e na comunidade em que vive, que Olívia lançou sua própria marca de café, o "Flor do Mato". "Hoje, a roça é parte do que sou. É onde encontro sentido, sustento e beleza. O campo está mudando porque as mulheres estão mostrando que é possível produzir com cuidado, respeito à natureza e sustentabilidade valores que têm tudo a ver com o futuro da agricultura", explica. 

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Por:
Raphaela Ribeiro
Fonte:
Notícias Agrícolas

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