COP30 é retomada normalmente após tumulto entre seguranças e manifestantes indígenas

Publicado em 12/11/2025 12:43 e atualizado em 12/11/2025 14:17

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Por William James e Leonardo Benassatto e Simon Jessop

BELÉM (Reuters) - Um dia depois de manifestantes indígenas invadirem a cúpula do clima COP30 em Belém, os delegados dos países voltaram normalmente nesta quarta-feira a negociar as ações, políticas e financiamentos para enfrentar as mudanças climáticas.

A abertura do dia foi brevemente atrasada para reparos devido aos danos causados na entrada do local pelo confronto da noite anterior, no qual dois seguranças sofreram ferimentos leves, segundo a ONU, mas apenas mudanças mínimas foram implementadas nas revistas das pessoas antes do acesso.

Do lado de fora, duas embarcações da Marinha escoltaram uma flotilha de protesto com líderes indígenas e ativistas ambientais ao redor da Baía de Guajará, em Belém. Os participantes seguravam cartazes com os dizeres "Salve a Amazônia" e reivindicando demarcação de terras. Centenas de pessoas -- incluindo líderes indígenas, moradores da cidade amazônica e delegados da COP -- lotaram a orla para assistir.

As negociações da COP estão ocorrendo a portas fechadas, mas a presidência brasileira agendou uma sessão pública de balanço para o final da quarta-feira, na qual os delegados poderão expressar suas preocupações sobre questões como impostos sobre o carbono e financiamento para os países mais afetados pelo aquecimento.

AL GORE

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore fez sua apresentação anual sobre o clima para a cúpula, que os Estados Unidos ignoraram este ano, apesar de serem o maior poluidor histórico do mundo desde a Revolução Industrial.

Após listar uma série de eventos climáticos extremos recentes em todo o mundo, de enchentes a incêndios, Gore disse: "Por quanto tempo vamos ficar parados e continuar aumentando o termostato para que esses tipos de eventos fiquem ainda piores?"

O breve confronto na noite de terça-feira enfatizou a tensão na reunião deste ano, na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou os povos nativos como vozes fundamentais para decidir o futuro do mundo e como as florestas serão gerenciadas.

Grupos indígenas de toda a América Latina enviaram representantes, exigindo o fim da exploração madeireira, do garimpo, da agricultura e da extração de combustíveis fósseis na floresta, que desempenha um papel vital na absorção das emissões de carbono.

Alguns delegados não se surpreenderam com o tumulto.

"É lamentável que eles tenham ido longe demais. Mas, na minha opinião, o protesto é o que faz as coisas andarem", disse Jack Hurd, diretor da Agenda do Sistema Terrestre do Fórum Econômico Mundial e da Tropical Forest Alliance.

PONTO CRÍTICO

Entre os 195 governos participantes, muitos expressaram preocupação com a fragmentação do consenso global em torno da ação climática -- e apontaram para os Estados Unidos.

Os líderes indígenas disseram que estão horrorizados com a indústria e o desenvolvimento em andamento na Amazônia.

Um grupo que representa as comunidades indígenas do Brasil disse que não era responsável pela organização do protesto de terça-feira, mas apoiou a "autonomia de todos os povos para se expressarem livre e democraticamente, sem qualquer forma de paternalismo -- do tipo que o Estado nos impôs por tantos anos".

"Estamos aqui para continuar exigindo compromissos reais e para reafirmar que a resposta somos nós", disse a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil em um comunicado.

Até o momento, os governos do mundo não conseguiram fazer o suficiente para limitar o aumento do aquecimento global além de 1,5 grau Celsius acima da média pré-industrial -- o limite no qual os cientistas dizem que poderíamos desencadear extremos catastróficos.

No mês passado, os cientistas alertaram que a floresta amazônica poderia começar a morrer e se transformar em um ecossistema diferente, como uma savana, se o desmatamento continuasse rápido enquanto a temperatura média global ultrapassasse 1,5°C. A previsão é de que isso ocorra por volta de 2030, antes do que se estimava anteriormente.

Os ativistas ambientais elogiaram a decisão de realizar a COP30 perto da floresta tropical.

"Na verdade, estamos trazendo os negociadores e líderes climáticos para o coração da floresta, para que experimentem em primeira mão o que é viver aqui, lembrando que a Amazônia está no ponto de inflexão e que a população daqui está sofrendo", disse à Reuters a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali.

(Reportagem de William James, Leonardo Benassatto e Simon Jessop)

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Fonte:
Reuters

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